domingo, 17 de novembro de 2013

ARTIGO

PRESOS POLÍTICOS
Por Reginaldo Vasconcelos*



Ao se apresentar à prisão na Polícia Federal na data de ontem, José Genoíno levantou o punho fechado, em épica atitude de resistência ideológica, e disse se considerar “preso político”. Alguns mais açodados se apressaram a desmenti-lo.

Claro que ele quis dar ao termo a conotação tradicional de injustiçado, tentando se confundir com os militantes que são reprimidos pelas ditaduras por meros “delitos de opinião”.

Mas, para mim, em certo sentido Genuíno tem razão: ele, como os demais petistas envolvidos no escândalo do chamado “mensalão”, uma vez condenados, se tornaram presos políticos, stricto sensu.

Toda a ala de políticos do partido do governo, corruptores de banqueiros e de parlamentares do Congresso Nacional, delinquiu politicamente, pois tudo o que pretendiam era obter dinheiro com aqueles para comprar o apoio destes a tudo que fosse do interesse do Palácio do Planalto.

Se é assim, assiste razão a José Genuíno ao se declarar preso político, condição que, neste caso, não o torna um inocente pensador que contrapusesse ideias revolucionárias ao poder constituído. Não. Ele e os demais petistas se encontravam no governo quando foram pilhados desviando dinheiro público para o seu projeto de poder. Ação política, mas absolutamente criminosa.


Os componentes dos núcleos publicitário e bancário da quadrilha, estes estavam agindo por interesses econômicos, em prol de seu próprio enriquecimento, sob o pálio protetor da Presidência da República, por meio do então super ministro Zé Dirceu. Sequer eles se sentiam desonestos, porque tudo era ungido de legitimidade pela expressão “questão de Estado”, utilizada para convencer um “laranja” a confirmar a mentira oficial, no caso dos dólares na cueca.       

Segundo Genuíno, que assinou contratos fraudulentos para forjar empréstimos bancários e mascarar triangulações financeiras, ele teria sido injustamente condenando pelas elites nacionais.

Ora, faz dez anos que   
as elites nacionais se integraram às hostes do governo a que ele pertencia – e não há maior representante da elite política que o Senador José Sarney, nem maior representante da elite econômica que o empresário Eike Batista, ambos absolutamente alinhados com a política situacionista. Então, a que elites Genuíno se refere?

Ao contrário, os algozes dos “mensaleiros” foram um membro da quadrilha, o então Deputado Roberto Jefferson, frustrado na partilha do butim, depois dois procuradores federais cearenses, nenhum deles comprometido com forças políticas locais ou nacionais, e por fim o Ministro Joaquim Barbosa, um negro de origem modesta, “sem parentes importantes e vindo do interior”, nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo petista Presidente Lula.


Sim, José Genuíno é um preso político. Bravo militante da situação que tropeçou nas manivelas da maquina pública. Foi esmagado pelas engrenagens criminosas do governo petista, que ele mesmo ajudou a eleger. É uma irônica fatalidade.

*Reginaldo Vasconcelos
              Jornalista e Advogado
         Cadeira nº 20 da ACLJ    

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