PRESOS POLÍTICOS
Por Reginaldo Vasconcelos*
Ao se apresentar à prisão na Polícia Federal na data de
ontem, José Genoíno levantou o punho fechado, em épica atitude de resistência
ideológica, e disse se considerar “preso político”. Alguns mais açodados se apressaram
a desmenti-lo.
Claro que ele quis dar ao termo a conotação tradicional de
injustiçado, tentando se confundir com os militantes que são reprimidos pelas
ditaduras por meros “delitos de opinião”.
Mas, para mim, em certo sentido Genuíno tem razão: ele,
como os demais petistas envolvidos no escândalo do chamado “mensalão”, uma vez
condenados, se tornaram presos políticos, stricto
sensu.
Toda a ala de políticos do partido do governo, corruptores
de banqueiros e de parlamentares do Congresso Nacional, delinquiu
politicamente, pois tudo o que pretendiam era obter dinheiro com aqueles para
comprar o apoio destes a tudo que fosse do interesse do Palácio do Planalto.
Se é assim, assiste razão a José Genuíno ao se declarar
preso político, condição que, neste caso, não o torna um inocente pensador que
contrapusesse ideias revolucionárias ao poder constituído. Não. Ele e os demais
petistas se encontravam no governo quando foram pilhados desviando dinheiro
público para o seu projeto de poder. Ação política, mas absolutamente
criminosa.
Os componentes dos núcleos publicitário e bancário da
quadrilha, estes estavam agindo por interesses econômicos, em prol de seu
próprio enriquecimento, sob o pálio protetor da Presidência da República, por
meio do então super ministro Zé Dirceu. Sequer eles se sentiam desonestos,
porque tudo era ungido de legitimidade pela expressão “questão de Estado”,
utilizada para convencer um “laranja” a confirmar a mentira oficial, no caso
dos dólares na cueca.
Segundo Genuíno, que assinou contratos fraudulentos para
forjar empréstimos bancários e mascarar triangulações financeiras, ele teria
sido injustamente condenando pelas elites nacionais.
as elites nacionais se integraram às hostes
do governo a que ele pertencia – e não há maior representante da elite política
que o Senador José Sarney, nem maior representante da elite econômica que o
empresário Eike Batista, ambos absolutamente alinhados com a política situacionista.
Então, a que elites Genuíno se refere?
Ao contrário, os algozes dos “mensaleiros” foram um membro
da quadrilha, o então Deputado Roberto Jefferson, frustrado na partilha do
butim, depois dois procuradores federais cearenses, nenhum deles comprometido
com forças políticas locais ou nacionais, e por fim o Ministro Joaquim Barbosa,
um negro de origem modesta, “sem parentes importantes e vindo do interior”,
nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo petista Presidente Lula.
Sim, José Genuíno é um preso político. Bravo militante da
situação que tropeçou nas manivelas da maquina pública. Foi esmagado pelas
engrenagens criminosas do governo petista, que ele mesmo ajudou a eleger. É uma
irônica fatalidade.
*Reginaldo Vasconcelos
Jornalista e Advogado
Cadeira nº 20 da ACLJ
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