Outra
história de WILSON IBIAPINA
Por Emerson Sousa*
Por três
vezes, em curto espaço de tempo, encontrei no supermercado do Lago Norte o
Wilson Ibiapina, sempre comprando lâmpadas.
Uma hora foi a queda de um disjuntor que queimou toda a iluminação da varanda. Outra hora um raio, a queda de energia e uma dúzia de lâmpadas queimadas etc.
Na terceira vez ele não me viu. Fiquei cismado. Observei o carrinho dele e tinha mais uma vez lâmpadas dentro. O que seria agora?
Uma hora foi a queda de um disjuntor que queimou toda a iluminação da varanda. Outra hora um raio, a queda de energia e uma dúzia de lâmpadas queimadas etc.
Na terceira vez ele não me viu. Fiquei cismado. Observei o carrinho dele e tinha mais uma vez lâmpadas dentro. O que seria agora?
Enquanto ele
encostou o carrinho e foi buscar algum produto que tinha esquecido de pegar,
aproveitei e me aproximei da moça do caixa onde ele passaria suas compras e,
com olhar sério e falando baixo, disse:
“Cuidado com
esse moço que você vai atender daqui a pouco. O dono desse carrinho aqui do
lado. Ele é maluco. É conhecido como o “Maníaco das Lâmpadas”. Age aqui no Lago
Norte. Atenda-o com muito cuidado porque ele tem crises e é perigoso”.
Ela me olhou
espantada e eu prossegui:
─ Nesse período de lua
cheia então nem é bom pensar. Sabe, ele tem compulsão por lâmpadas. Cuidado na
hora de passar as lâmpadas dele, pegue com carinho e diga que você também adora
lâmpadas. Isso vai dar a ele confiança em você.
E ela:
─ Sério? Ele já teve
aqui mais cedo e levou três lâmpadas.
─ Eu não tô falando!
Ele é doido por lâmpadas. Até nos filhos ele colocou nomes como Edison, Osram,
Philips e Silvania, esta a única menina da casa.”
E continuei:
─ Dizem que essa paixão
por lâmpadas se deve a ele ter vivido muitos anos sob a luz de lamparina, lá no
interior do Ceará onde nasceu. Quando viu uma lâmpada incandescente pela
primeira vez ficou maravilhado. Depois, quando surgiram as fluorescentes
econômicas, foi aí que pirou. Passou a noite e a madrugada inteiras olhando
para elas embevecido.
E alertei a moça: “Ele é perigoso. Agrade-o dizendo que também adora lâmpadas, não esqueça. Eu sou psiquiatra e já tratei dele no Juliano Moreira, no Rio, onde ele ficou internado por dois anos.
Disse isso e
saí de fininho, enquanto Ibiapina chegava. Ele não me viu. De longe observei a
moça atendendo-o com o maior carinho. Pegou as lâmpadas uma por uma com o muito
cuidado. Tinha medo de quebrar uma e ser estrangulada ali mesmo no caixa.
E enquanto
passava as compras dele repetia: “sabe, eu também adoro lâmpadas. São uma
paixão minha”.
E Ibiapina ficou com aquela cara de quem não estava entendendo porra nenhuma: Por que a moça insistia dizendo que adorava lâmpadas?
E Ibiapina ficou com aquela cara de quem não estava entendendo porra nenhuma: Por que a moça insistia dizendo que adorava lâmpadas?
Depois,
quando soube da sacanagem, até hoje quando me encontra cita a história das
lâmpadas e conta que por longo tempo foi visto como o "doido das
lâmpadas" pelas caixas do mercado.
*Emerson Sousa
Jornalista baiano
radicado em Brasilia
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