SER
CONSERVADOR
UM PONTO
DE VISTA
Luciara
Aragão*
O pensamento político conservador sempre
desperta receios. Em países com democracia de frágeis raízes e mercados
oscilantes pensa-se na falsa relação que possa existir entre ele, o
autoritarismo e a ausência das liberdades individuais.
Sem dúvida, trata-se de um equívoco. Ser
conservador é preservar a liberdade cidadã e a garantia e vigor constitucional,
tendo como base as tradições democráticas ausentes de autoritarismo ou de
supressão das liberdades do indivíduo. Trata-se da construção pelos homens, destinado
ao próprio homem, de um legado pleno de tradição e humanismo.
Temos entre nós algumas décadas de tentativas de
exilar o pensamento conservador confundindo-o, às vezes, propositadamente, com
anacronismos e reacionarismos. Parecemos esquecer que a gênese do
conservadorismo se opõe a injustiças e teima em preservar as instituições que
abrigam as boas regras de convivência que passam pela negociação e que estejam
ausentes da violência.
Neste momento, necessitamos de um pensamento
conservador genuinamente brasileiro. Ressuscitá-lo não é uma tarefa impossível.
Basta visitar, no tempo da memória, a História do Brasil no Século XIX, pleno
de vigor intelectual e da robustez política. Esta revisitação histórica de um
passado de brilho deve conduzir a um caminho das mesmas responsabilidades, em
seus significados e símbolos.
Isto nos leva a sensação de pertencer a uma
tradição e nos promove a herdeiros de um legado. Tivemos um Partido Conservador
Brasileiro no período imperial, seguindo-se ao Partido Restaurador. Ele nos guardou,
como movimento, as tradições brasileiras como a herança luso-ibérica em suas
raízes, com receptividade a herança greco-romana e cristã.
Concorde sociólogas como Ângela Alonso, o
Brasil é um país muito conservador que não muda fácil e nem rápido. Sem dúvida,
temos um país com uma opinião conservadora majoritária, mas esquecida do hábito
de que a democracia pede uma opinião popular. A elite recente mandante no
Brasil, sempre teve o cuidado de escolher candidatos distantes da visão
conservadora, boicotando o debate público.
Parece-me que os opositores do conservadorismo
nunca tiveram representação popular. Uma elite se fazia representante dos menos
favorecidos, escolhendo todos os candidatos de esquerda com slogans e
propagandas a partir de uma educação artificial e direcionada, onde nas
Universidades, o ponto de vista discordante
foi muito raramente contemplado em monografias e teses e ostracismo do
orientadores ousados.
Neste momento de indizível interesse pelas
ideias conservadoras o conservadorismo precisa ser estudado em suas ideias
técnicas e práticas como nos diz Roger Scruton no prefácio do seu livro Como
ser um conservador da editora Record, 2017: “o conservadorismo advém de um
sentimento que toda pessoa mediana compartilha com facilidade: a consciência de
que as coisas admiráveis são facilmente destruídas, mas não são facilmente
criadas”. Esta é uma das lições de
século findo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário