E OS PECADOS LHES
FORAM PERDOADOS
JO GU BAS
HÁ ALGUNS DIAS, um dos
raros leitores do Toca-Funda telefonou-me para fazer críticas, em
especial à narrativa dos pecadilhos cometidos nos inesquecíveis tempos de
juventude.
Iniciou com o “causo” do “Meia Noite”, aquela época, um dos poucos travestis,
assim denominado por ser de cor tão negra que o fazia invisível. Sempre tinha
um maço de cigarros para o “Biriba”, um dos nossos colegas que iria formar-se
em Medicina.
O encontro acontecia pela madrugada quando vínhamos da gafieira do
“Sargento”, localizada na confluência das ruas Senador Pompeu e São Paulo, no
centro de Fortaleza. Ai do coitado do “Meia Noite”, se não tivesse os
cigarros...
CRÍTICAS outras foram
feitas porque escrevera que outro amigo, o “Milca”, filho adotivo de um
português dono de padaria. Já com a data do casamento marcada, flagrou a noiva
dançando com um mascarado numa noitada de carnaval no Teatro José de Alencar.
Acalmado com a nossa interferência, preparou e realizou vingança de mestre.
Alguns dias depois levou-a a um quarto de pensão (leia-se motel) e, enquanto
dormia, saiu de mansinho deixando alguns cruzados como pagamento. Outro
companheiro, o “Veca”, que se formaria em Veterinária, uma pior sorte: ao levar
a “moça” para transar, teve de desistir pois ele era um “moço”. E tome peia no
infeliz!
NO QUE SE refere a este
escrevinhador lembro-me, como se hoje fosse, do ocorrido num almoço. A
doméstica Raimunda, aproveitando que toda a família estava reunida para o
almoço, surgiu de repente da cozinha e gritou, apontando para o “Padreco”:
“Quem foi que me alisou esta noite na rede?” A austera mãe dona Maria Eugênia
levantou-se e gritou: “Fora daqui sua negra sem vergonha”! E ela foi-se embora,
correndo. Dias após a cabocla, frequentadora assídua da gafieira, declarou ter
feito essa besteira porque o “padreco” a recusara, por várias vezes, e ela
queria se vingar.
REGISTRE-SE, por fim, que o
narrado no Toca-Funda teve pleno apoio dos personagens, que nos
deram a satisfação de comparecerem ao lançamento das duas edições. E reafirmo
que o principal objetivo nosso era o de mostrar os pecadilhos para que
servissem de exemplo e não fossem imitados. Afinal, Deus lhes perdoou as
traquinagens da juventude com a confissão feita ao Frei Ambrósio, numa
quarta-feira de cinzas, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
QUE NESSA quarta-feira da Semana
Santa aumentemos nossas orações a Deus, para nos livrar do COVID-19.
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