quarta-feira, 29 de abril de 2020

CRÔNICA - Diz-se do Tempo (ES)



Diz-se do Tempo
Edmar Santos*


MUSICA TEMÁTICA: TEMPO PERDIDO – Inclusa no álbum “Dois” que é o segundo álbum de estúdio da banda de rock brasileira Legião Urbana, lançado em julho de 1986.




O tempo, depois da sabedoria, foi o outro ente que, no início de tudo, andou com Deus. Participou da criação, e, por ser eficiente, se eternizou.


O homem, ao perceber a existência do tempo, se admirou vendo-o passar: ora dia, ora noite. E assim começou nossa história em querer dominá-lo, contando-o. Sono e vigília.

Todos os dias quando acordo/Não tenho mais o tempo que passou/Mas tenho muito tempo/Temos todo o tempo do mundo

Entretanto, o mundo lá de fora se defronta com o mundo de dentro do crânio. A cronologia não explica o descompasso. Lembrar-se do que se quer esquecer, esquecer o que quer ser lembrado. Viver pensado quando dia, sonhando quando noite. Que vida! Vigília e sono.

Todos os dias antes de dormir/Lembro e esqueço como foi o dia/Sempre em frente/Não temos tempo a perder

Perder o que se ganhou para viver é não viver. O tempo é de ninguém e está para todos, para o mundo; seja o de dentro, seja o de fora. Interno selvagem, externo humano, vice-versa. Somos.

O ócio divertido é tão produtivo quanto. Produz dopamina, adrenalina... e o sorrir é produto do tempo interno visualizado pela admiração do que é de fora. Diversão suada. Seriamente brincante.

Nosso suor sagrado/É bem mais belo que esse sangue amargo/E tão sério

A seriedade de viver contrasta com o viver pra ser feliz. Não se vive felicidade, apenas se experimenta. No tempo infantil esperamos que nos peguem nos braços; jovens queremos que nos soltem, quase ninguém merece nos abraçar; quando velhos esperamos que alguém nos sustente de pé. Em que tempo estamos?

Então me abraça forte/Me diz mais uma vez que já estamos/
Distantes de tudo/Temos nosso próprio tempo

Em cada fase da vida é nossa própria; o aprendizado por vezes é pela dor. E quando se percebe que finalmente sabemos de algo, toda a certeza some por não haver resposta para tudo; sempre há algo oculto abaixo do sol, menos a vaidade. Tudo perdido?

O que foi escondido/É o que se escondeu/E o que foi prometido/
Ninguém prometeu/Nem foi tempo perdido

Somenos importa a fase vivida, cada uma deixou ou deixará seu legado. É dentro do crânio que a vida flui, e no corpo que se experimenta. Em que tempo estamos?

/Somos tão jovens/ Tão jovens/
Tão jovens.

A juventude intracraniana é superior ao tempo, é espiritual. O tempo não é para ser contado, mas para ser usufruído.








COMENTÁRIO

Excelente texto.       
Daniele Queiroz
................................................................................................

Que texto mais maravilhoso!
òtimas reflexões.
parabéns.:)
Cal Cavalcante
.............................................................................................

Renato Russo acabou de ter sua música dissecada pelas brilhantes palavras atemporais de Edmar.
Belém
............................................................................................

É um prazer lê o texto desse, parabéns
Gildásio
..............................................................................................

Olha, o grande poeta Renato Russo de quem eu sou muito fã, deve estar até agora aplaudido do andar de cima, esse, cá embaixo, que é nosso poeta Edmar Santos que com grande maestria tramou a poesia de Renato com a tessitura de suas palavras. Aplausos!!!!
Franco Neto


6 comentários:

  1. Excelente texto.��������

    ResponderExcluir
  2. Que texto mais maravilhoso!
    òtimas reflexões.
    parabéns.
    :)

    ResponderExcluir
  3. Parabéns, sempre nos dando o prazer de apreciar ótimos textos.

    ResponderExcluir
  4. Renato Russo acabou de ter sua música dissecada pelas brilhantes palavras atemporais de Edmar.

    ResponderExcluir
  5. É um prazer lê o texto desse, parabéns 👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  6. Olha, o grande poeta Renato Russo de quem eu sou muito fã, deve estar até agora aplaudido do andar de cima, esse, cá embaixo, que é nosso poeta Edmar Santos que com grande maestria tramou a poesia de Renato com a tessitura de suas palavras. Aplausos!!!!

    ResponderExcluir