sábado, 6 de fevereiro de 2016

GOTAS DE HISTÓRIA 20 - (JDVM)



FACULDADE DE FARMÁCIA E ODONTOLOGIA DO CEARÁ
1916 – 2016

          Ac. José Dilson Vasconcelos de Menezes*

O grito da História nasce conosco e é um dos nossos dons mais importantes. Em certo sentido, todos os homens são historiadores. (Thomas Carlyle).

A Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará, segundo estabelecimento de Ensino Superior instituído no Estado, completa 100 anos de funcionamento no dia 12 de março próximo (2016).

Numa ligeira retrospectiva, comentaremos as transformações e mudanças de localização ocorridas nos Cursos de Farmácia e Odontologia, ao longo desse centenário de profícuo funcionamento.

No ano da sua instalação, obteve o reconhecimento de utilidade pública, para efeitos jurídicos, pela Comissão de Instrução Pública, tendo sido o Governo Estadual, pela Lei número 1391, de 02.10.1916, autorizado a assim reconhecê-la. No ano seguinte, foi conferida a validade aos diplomas emitidos (Lei 1.418 de outubro de 1917). A novel Entidade, em 1917, formou a primeira turma, integrada por cinco cirurgiões-dentistas e nove farmacêuticos. Em 1930, a Faculdade passou por grave crise, tendo sido suspensa a fiscalização estadual, em face de não ter sido obtida a equiparação federal.

Ocorreu, porém, de dez anos depois, haver sido concedido o reconhecimento dos cursos, conforme Decreto nº 5.205, de 31.01.1940. Após a Faculdade ter funcionado por 31 anos como estabelecimento de ensino particular, em 1947, passou a ser estadual, em virtude de encampação pelo Governo do Estado do Ceará. O governador Faustino de Albuquerque e Sousa, no dia 2 de dezembro de 1947, sancionou o Decreto nº 833, materializando tal providência.

No ano de 1950, a Faculdade foi federalizada, na conformidade da Lei nº 1254, de 04 de dezembro. Com a inclusão da Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará na então Universidade do Ceará, instituída em 1954, a instâncias do Professor Antônio Martins Filho, a denominação inicial, que permanecera por 38 anos, foi modificada, passando-se a denominar Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade do Ceará.

Durante 41 anos, os dois cursos ocuparam a mesma sede  nos nove primeiros, em imóveis alugados e, desde 1925, por 32 anos, passaram a funcionar no imóvel adquirido por compra, localizado na Rua Barão do Rio Branco nº 1321, onde funcionou, depois, final dos anos 1960 e boa parte dos ’70, a Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, da Universidade Federal do Ceará.


Em 1957, houve a separação dos locais de funcionamento dos Cursos de Farmácia e Odontologia, com a transferência da Odontologia para o prédio localizado ao lado do Theatro José de Alencar, que até então sediara a Faculdade de Medicina da Universidade do Ceará.

A organização institucional, todavia, conservou a mesma denominação – Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade do Ceará, com o funcionamento da Diretoria e da Secretaria na sede do Curso de Farmácia, localizado na Rua Barão do Rio Branco nº 1321.

Tendo os dois Cursos permanecido por 49 anos sob única direção, em face da separação em duas faculdades, consoante disposto pela Lei nº 4.662, de 2 de junho de 1965, passaram a se denominar: Faculdade de Farmácia da Universidade do Ceará e Faculdade de Odontologia da Universidade do Ceará.

Seis meses depois, em decorrência da denominação da Universidade do Ceará ter sido modificada para Universidade Federal do Ceará, as duas faculdades assumiram novas denominações: Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Ceará e Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará.

O Curso de Odontologia, em 1986, foi transferido para o Campus de Porangabussu, onde já funcionavam os Cursos de Medicina, Farmácia e Enfermagem.

Com a implantação da Reforma Universitária na Universidade Federal do Ceará, ex-vi da Lei 5540/68 e na conformidade do Decreto nº 71.882, de 02 de março de 1973, foram extintas as faculdades, tendo as disciplinas sido reunidas em departamentos acadêmicos, os quais, por sua vez, passaram a integrar os Centros (Ciências, Ciências da Saúde, Estudos Sociais Aplicados, Humanidades, e Ciências Agrárias).

Os departamentos, integrados pelas disciplinas básicas e profissionalizantes dos Cursos de Medicina, Farmácia, Odontologia e Enfermagem, passaram a compor o Centro de Ciências da Saúde.

Em 1997, o reitor da Universidade Federal do Ceará, sensibilizado pelo pleito de vários docentes do Curso de Medicina que, considerando ser comemorado, no ano seguinte, o cinquentenário da instituição da Faculdade de Medicina, solicitavam o retorno à antiga estrutura, encaminhou ao egrégio Conselho Universitário uma reforma do Centro de Ciências da Saúde. Esta foi aprovada no dia 03 de dezembro de 1997, pelo Colegiado, que dissolveu o Centro de Ciências da Saúde e, por intermédio dos Provimentos de números 04 e 05 / CONSUNI, alterou seu Estatuto e o Anexo, instituindo a Faculdade de Medicina.

Não dispondo de quatro cargos de Diretor, reuniu os demais cursos, em experiência única no Brasil do século XXI, instituindo a denominada Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem.

Essa manobra constituiu-se num verdadeiro retrocesso a 1884, quando o Imperador D. Pedro II autorizou a execução do novo Estatuto para as faculdades de Medicina do Império, proposto pelo medico sobralense Dr. Vicente Cândido Figueira de Saboia (13.04.1836-18.03.1909) – Diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Do citado Estatuto, aprovado há 132 anos, no seu artigo 1º, constava a criação dos cursos anexos de Pharmácia, de Gynecologia e Obstetrícia e de Odontologia.

*José Dilson Vasconcelos de Menezes
Da Academia Cearense de Odontologia

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