Incongruência
Paulo Ximenes*
Tenho a clara convicção de que não cabem mais carros nas ruas do Brasil.
Até mesmo na minha graciosa Fortaleza desposada com o sol (outrora o paraíso do
sossego) parece não remanescer uma só ruela tranquila onde os veículos
enfileirados não param de passar...
Pouco importam o alargamento de avenidas e a construção de túneis e
viadutos, que rapidamente há de campear o trânsito lento, perverso, estressado.
A mobilidade urbana, tão almejada, tão prometida, confunde-se com a própria
concepção da palavra caos, e o ato de estacionar é um exercício de
paciência.
Na Beira-Mar – Deus nos acuda! – é custosa a disponibilidade de qualquer
espaço onde caiba enviesado um carro pequeno, qualquer que seja o dia da
semana. Nem sei quantas vezes desisti de saborear a famosa peixada cearense na
orla da praia, por conta desse empecilho.
O tempo urde e os especialistas da urbanidade e os executores da coisa
pública mantêm-se privados da vista.
Não sei porque raios de motivos a falta de chão e o sufoco na via pública com o ar irrespirável e o barulho incessante dos motores, ainda não trouxeram à luz do senso, a ascosa incongruência: quer-se a todo custo incentivar o aumento da produção automobilística, como se a gordura da economia fosse tudo na vida e a questão não solvida das ruas fosse coisa do futuro distante. E, enquanto isso, a auto sustentabilidade do que quer que seja, em seu viés mais utópico, é conversa pra boi dormir.
Não sei porque raios de motivos a falta de chão e o sufoco na via pública com o ar irrespirável e o barulho incessante dos motores, ainda não trouxeram à luz do senso, a ascosa incongruência: quer-se a todo custo incentivar o aumento da produção automobilística, como se a gordura da economia fosse tudo na vida e a questão não solvida das ruas fosse coisa do futuro distante. E, enquanto isso, a auto sustentabilidade do que quer que seja, em seu viés mais utópico, é conversa pra boi dormir.
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