JESUS
CRISTO E
A IGREJA
ATUAL*
Vianney Mesquita**
Tu
es petrus et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.
Há poucos dias, à
procura de conferir um indicativo em fonte jornalística a fim de ilustrar um
escrito para publicação, dei com o registo surpreendente dos dois anos de
mudança, para a Grandeza Edênea, do sacerdote católico, Diocese de Sobral
(natural de Tapuio, Distrito de Cariré), Padre
Martins de Medeiros
( Y30.04.1945 - V04.02.2014), com quem há tempos, mantive contato, sem conhecimento
pessoa a pessoa, conforme passo a narrar.
No já distante 1998 -
há 18 anos, pois – coadjuvava, em Fortaleza, o trabalho das Edições UVA, da Universidade Estadual Vale do Acaraú, ao tempo do reitor e
hoje deputado estadual, Professor José Teodoro Soares, na tarefa de preparação
de originais, constante de revistas de língua portuguesa, acomodação de
conteúdos, apropriações bibliográficas no que concerne às normas da A.B.N.T. e
tantos outros procedimentos peculiares aos misteres de uma casa publicadora
acadêmica.
A princípio, não
atinei para o fato de que a obra representasse vigor autoral de maior
profundidade. Dantemão, pensei que o Autor cuidava de ajuntar os tópicos de
suas preleções no Instituto Teológico e Pastoral e em aulas ministradas na UVA,
apenas para efeito didático-pedagógico, sem pretensões mais afoutas. Por certo,
essa ousadia era inocente, sem o propósito estudado de que o trabalho corresse
mundo. A julgar, todavia, pelo agradabilíssimo espanto de que fui tomado,
acreditei, então, que o fado da obra seria o sucesso – conforme veio mais tarde
a se confirmar – máxime pela tenção investigativa que o Padre Martins de
Medeiros ali imprime, particularmente, na parte de Eclesiologia.
De tal modo, sob o
prisma do romaneio bíblico e da verdade também de outras vertentes, confirmo
agora, novamente, depois de quase duas dezenas de anos, o fato de que os
estudos de Cristologia partem da comparação do Jesus Cristo histórico com o
Cristo da fé, enroupando, com habílimo poder sinóptico, todo o roteiro da
Salvação, tendo por centro a estampa binatural da Segunda Personagem da Trindade
– divina e humana. De tal maneira, o autor prosseguiu, de foz em fora, até a
atualidade, com reflexões de remate acerca da perenidade do Cristianismo.
No módulo sequente,
absolutamente altivo em relação à literatura jungida ao argumento relatado –
pois conhecia procedência e língua em que foram vazados os documentos – grego,
aramaico, latim e hebraico – o Padre Martins de Medeiros não se prevaleceu
daquele teologismo exacerbado, do apego enfermiço aos princípios dogmáticos,
para conceder visão pública às ideações de estudioso respeitável.
Têm destaque na obra
de Padre Medeiros, pelo que de responsavelmente atiladas, suas menções
analíticas à epistolografia são-paulina, ao recorrer, não apenas, às Cartas, mas também a uma multiplicidade
de fragmentos da Escritura Santa e da literatura coadjuvante, a fim de explicitar
os textos do Apóstolo Sírio e seus vínculos com a fé
professada pelos cristãos de contorno católico e de outros perfis
confessionais.
Marcações de relevo,
também, de Jesus Cristo e a Igreja radicam
no papel exercido pelas assembleias episcopais – concílios, consistórios,
sínodos etc – nomeadamente os Concílios de Trento, Niceia, Constantinopla e
Vaticano II, por exemplo, quando restaram tomadas importantes decisões
relativas a mudanças estruturais internas, à adoção de modelos litúrgicos –
como a missa vernacular, por exemplo – além de deliberações que modificaram
profundamente o modus operandi temporal-adjetivo
e imprimiram revisões de relevo nos conceitos cristoeclesiológicos,
espirituais-substantivos, então exercitados pela Igreja.
Temas como
o Corpo Místico, a Igreja Povo de Deus e Corpo de Cristo, Estrutura e Jerarquia
Eclesiásticas, os Carismas, Primado Pontifical e Colegiabilidade Bispal, a
exemplo dos demais assuntos abordados no livro do Padre Martins de Medeiros,
são dissecados com vigor, conhecimento e coragem. O Autor, também, sine grano
salis, com o máximo de responsabilidade, também se
referiu à Igreja do futuro, àquela hoje desenvolvida. Ao parafrasear o hoje
Pontífice resignatário, Bento XVI – então Cardeal e teólogo Joseph Ratzinger,
ele expressou:
[...] como essa Igreja consta de homens fracos e pecadores, que podem falhar
em sua responsabilidade para com
a missão recebida de Cristo, o seu futuro também depende dos homens [...].
Conquanto haja falhas, entretanto, o empenho, a decisão – agora sob o
pastoreio do Papa Francisco – é de não fracassar, a fim de que, compostos e
resolvidos os erros, a Instituição possa cada vez mais se achegar à ideia maior
de Chiesa Aggiornata.
Lembrança marcante, por conseguinte, deste sacerdote-escritor-teólogo, Jesus Cristo e a Igreja é livro que, por
seu alcance teológico, continua a ser apreciado e estudado por todos os
estratos da nossa Santa Madre Igreja no Ceará, nomeadamente nos seminários,
conventos e assemelhados, bem como, principalmente, nas academias católicas.
*Jesus Cristo e a Igreja tem
guarnições escritas por mim, cujo texto foi publicado no meu livro Fermento na Massa do Texto. Sobral:
Edições UVA, 2001, pp.127-8. 190 p.
Mitos da e dominação.
ResponderExcluirTudo de bom!
Oi, boa tarde, sou parente de padre Martins de Medeiros (meu pai era primo dele) e gostaria muito de obter seus livros, podem me indicar aonde posso ter acesso? Na internet não encontro em lugar algum.
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