A AVÓ DA
EUROPA
Vianney
Mesquita*
Queres reinar com segurança? Não te
rodeies de satélites armados. Não tenhas outra guarda senão o amor dos teus
súditos. (Periandro – tirano coríntio. 627 – 587 a. C. Um dos Sete
Sábios da Grécia, porém assassino: matou a própria mulher – Melissa). (Aqui, reverência à Sabedoria e abominação
à violência, que anula a primeira).
Para regozijo do leitor de boas obras, eis que se ampliou
de modo qualitativo o mealheiro literário cearense, com a entrega, ao público,
de mais um livro da verve criadora e indústria intelectiva da Professora Maria
José Rondon Régis Botelho, ao trazer outro broto de sua produção constante,
intitulado Rainha Vitória – a Avó da
Europa, com o selo da Expressão Gráfica, daqui de Fortaleza, casa
publicadora de grande prestígio no Ceará, em razão do alcance de suas
engrandecidas edições.
Escritora de proposições variadas, Maria José Botelho, após
se reformar por período de serviço das salas de aula, laboratórios e programas
de extensão acadêmica da Universidade Estadual do Ceará, pinçou para examinar
os mais distintos temas propícios ao desenvolvimento da arte literária,
assuntos ad libitum em relação ao seu arbítrio produtivo, com amparo nos quais
já trouxe ao universo ledor alguns juízos –
sob motivos diversificados, realço – em
volumes físicos de papel, decisão, aliás, denotativa de sua preferência em relação
aos registos via sistema mundial de computadores, consoante é da rotina atual.
De tal sorte, está isenta do atendimento imediato aos rigores
da Metodologia para demanda explicativa do feito da Ciência, próprios, por
exemplo, do cerrado título de sua pesquisa de mestrado, intitulada Aspectos Correlativos dos Fenômenos Astronômicos e Geoambientais no Semiárido
Equatorial Brasileiro (Ceará), e de outros ensaios que tais, compostos para
satisfazer instâncias acadêmicas.
Sua derradeira oferenda editorial foi Luzes e Sombras na Corte de Henrique VII, na qual forneceu
informações históricas e exibiu conceitos abalizados a respeito da efígie singular
e excêntrica deste ancestral da Rainha Elisabeth II – soberana do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Norte, prestes a
perfazer 90 anos (21.04.1926) – o
qual reinou de 1509 até sua morte, em 28 de janeiro de 1547 (55 anos).
A Escritora (mulher do engenheiro-geógrafo Caio Lóssio
Botelho), entendeu que, com estrema apenas na vida e peripécias do Segundo Rei
da Casa dos Tudores, na reinspeção por ela procedida, ficariam lacunas nos seus
comentários acerca da História das cortes britânicas, então sob sua leitura,
principalmente em relação às figuras mais preeminentes do Trono Inglês em todos
os tempos.
Por tal pretexto, com efeito, achou de alongar a pesquisa a fim de comentar, com riqueza de detalhes e,
evidentemente, sustentada nos apontamentos da Ciência de Arnold Toinbee e em
obediência às normas librárias, a vida e atuação da Soberana, de vida regrada,
exemplo de mulher e com a mais longa atuação no Cetro Grão-Britano – a Rainha Vitória
(24.05.1819 – 22.01.1901), a qual segurou o bastão régio de 01.05.1876 até
22.01.1901, quando expirou por derradeiro.
Tem destaque na história da também Imperatriz da Índia a figura ímpar de seu marido, o exemplar
Príncipe-Consorte, alemão Albert Sax-Coburg-Gota (com quem Vitória teve nove
filhos), o qual dividiu com a Rainha as atribuições múltiplas da Monarquia
Britânica até seu temporão passamento, em 14.12.1861, com apenas 46 anos, e
cujo óbito Vitória estendeu até o próprio falecimento, jamais havendo
ultrapassado, em relação à morte do esposo, um estádio depressivo, consoante classificação de luto consolidada em estudos
da médica e ensaísta helvética Elisabeth Kubler-Ross (1926-2004), pois a vida
toda se comportou como se ele vivo e atuante fosse.
Talvez seja de necessidade, no tocante à relativa liberação
de atendimento ao rigorismo do método, há pouco indicada por mim, aduzir o fato
de que, notadamente em trabalhos não obrigados pelas circunstâncias de docente
e investigador (com tempo, dimensão, obrigatoriedade de mencionar fontes
indicadas pelos orientadores, dever de publicar etc), a produção corre mais
alforriada desses requisitos e outras exigências, podendo o escritor proceder ao
seu labor à hora e da maneira como lhe aprouver, porém tendo constantemente em
conta a necessidade de aportar às determinações da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, exatamente ao jeito como se comporta a Autora de Rainha Vitória – a Avó da Europa, que
não descura dessa conduta ao largo de sua já bem espessa criação.
De acordo com o que Maria José Rondon Régis Botelho já teve
a oportunidade de referir, seus trabalhos pós-academia não encerram o intento
de acrescer conhecimento, pois todos já vazados na letra basta da História, no
que concerne aos fatos, porém lhe cumpre descodificá-los e comentá-los à sua
maneira. Tais circunstâncias trazem a vantagem de, além de oferecer a visão
particular à óptica do leitor, ajuntar acontecimentos esparsos na senda
histórica, permitindo-lhe que se aproxime dos eventos, sem ter de empreender
fatigantes leituras para poder acessar informações, sumariadas nos últimos
trabalhos da Escritora, suficientes para encorajar a curiosice leitora e até
estimular o consultante à continuidade de suas demandas por mais saber ou mesmo
aperfeiçoar o que já detém.
Rainha
Vitória – a Avó da Europa, em prosa simples e depurada,
reproduz a vida e o fastígio de uma pessoa havida como paradigmática no âmbito
mundial, em relação ao poder e à própria existência humana, motivo por que essa
Monarca, trisavó de Elisabeth II e bisavó de seu pai, Jorge VI, é admirada e
homenageada em várias partes do Globo, com a denominação de topônimos - cidades,
vilas acidentes geográficos, logradouros etc, inclusive no Brasil.
Ela transporta a apropriada antonomásia de Avó da Europa, pelo fato de que filhos
seus (foram nove, somente com Albert Sax) constituíram famílias por todo esse
Continente, pois se casaram com reais componentes, príncipes e princesas do
Velho Mundo, incluindo a Rússia, uma vez que Alfredo, Duque de Edimburgo, seu
segundo rebento, convolou núpcias com a princesa Maria Alexandrovna Romanov (filha
única do czar Alexandre II, da Rússia, e Maria de Hesse Darmstadt), os quais
deixaram cinco herdeiros em primeiro grau, descendência que se desdobrou,
conforme ocorreu com outros pósteros da família em vários Estados europeus.
Vejamos, pois, essa nova produção de Maria José Botelho, a
acrescer e honrar sempre mais a bibliografia brasileira, procedente de nosso
Ceará, por parte de uma rondonense que, em vez de penetrar o sertão à cata de
riquezas – como fez seu ascendente próximo, o Marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon – adentra, repetidamente, a literatura de qualidade, oferecendo-nos
agora um mimo configurado na releitura e revisão da emblemática personalidade
de Vitória, Rainha do Reino Unido da Inglaterra, Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte.
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