FUMAÇA
E CINZAS
Reginaldo
Vasconcelos*
Se um brasileiro
ainda tivesse moral neste momento para pontificar sobre o football association, eu diria que os selecionados da Alemanha e da Holanda não
ganharam do Brasil nas semifinais e na disputa do terceiro lugar da Copa Mundi,
respectivamente, pois foi o Brasil que perdeu, em ambos os casos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYBuMFNF36nePuaUJyAM2AEWD7eYtYjixOYtes7pa2jUsYSL6JRG5-mURWX4iTLJH9aXB5ZtQ1V81vdddylih69nm6aOSt1sH0Lv4cc0tCUCAVbTJACK6HO0cLpt2lWicosJstR7FaV51Z/s1600/CINZAS.jpg)
A torcida empurrou o
time do Brasil para vencer, mal e porcamente, os primeiros jogos da Copa, com
muita dificuldade, aproveitando-se de falhas da arbitragem, contra as equipes menores de sua chave, para
em seguida revelar-se um time de várzea contra os portentos mundiais.
E não vigora aqui o
preceito basilar do espírito olímpico amadorístico, segundo o qual o que vale é
competir, e se possível vencer, o que presumiria perder um campeonato com
absoluto fair-play e altivez, com serenidade
e com modéstia.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6V-KUOL3lf9Dh9bduS1I-Sae9to3irVGF4Ff3IeCW9VXLWVlk3fFUWCaa3ch3khraJwgblhKryGRf-DDIN-ERDeiXv3v5ei4lpYU3szUfzCg61xsi_AT7SuaGohyphenhyphenq0RxKuEmqknXX99Rs/s1600/CINZAS+III.jpg)
Mas vale notar que
não foram os jogadores brasileiros que perderam a Copa de maneira vergonhosa.
Os rapazes se mostraram interessados, prontos a dar o próprio sangue,
necessário fosse, para vencer cada partida. E choraram lágrimas de sangue ao defrontar
o desafio. A culpa é toda ela da conjuntura em que eles se inserem.
A falta de
entrosamento, de treino, de inteligência tática aplicada, para somar o valor de
cada qual em prol do grupo, foi isso o que nos levou a quase perder tudo nos
primeiros jogos, e por fim perder o restinho que restava, de maneira fragorosa.
Não se tinha uma equipe em campo, mas um
grupo de talentos desconjuntados entre si.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPwT1y-FMbBDzSgou0k69NP_pd1spRriksuaNXbO_LwxAD9hLVjNoeiGEBf0AEb6oguygpp0VKV3yyCFGLJTY6UMSf58OmJoAedcEpAEJ2ZfMURR6vqsYQXdjO7r3PQRwgCkY_w1NIHrwU/s1600/CINZAS+II.jpg)
Qual nada, tinha razão o vulgo quando viu naquilo um pranto de fraqueza e insegurança, de quem sabia que não poderia com aquele piano que a Nação encomendara e lhes cobrava, até o fim da jornada desportiva. Intuíam os jogadores brasileiros que a equipe não estava à altura do desafio tenebroso de salvar a honra nacional com as chuteiras.
Porém, na ordem geral
das coisas, tudo começa pequeno e vai crescendo: a tragédia é a única exceção.
Esta sempre nasce gigante, e depois vai encolhendo, à medida que o tempo passa
e que os atingidos por ela vão absorvendo a realidade, vão superando a angústia,
vão aprendendo a viver com as consequências – até que tudo esteja convertido nas cinzas da história e na fumaça da lembrança.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
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