sexta-feira, 25 de julho de 2014

ARTIGO (VM)

Metodologia da Ciência
O PROCEDIMENTO DA INDUÇÃO
Vianney Mesquita*



                                            Só sei que nada sei. (Sócrates)

Dos métodos da razão ou discursivos inventariados pela Metodologia Científica e recorrentemente empregados no decurso de uma investigação, o expediente da INDUÇÃO exprime considerável quantitativo de fatos procedentes de um problema bem maior. Descansa este em se saber se é válido, sob o espectro da Teoria do Conhecimento, estabelecer verdades universais ou proposituras globais com arrimo num total variável de indicadores particulares ou de proposições menos gerais.

Ao passo que na DEDUÇÃO as premissas verídicas conduzem a ilações também verdadeiras, na INDUÇÃO as conclusões se expressam questionáveis no concernente a sua veridicidade.

No âmbito do labor investigativo da Ciência, constantemente se registam** problemas, nomeadamente no tangente à escolha e adequação do método, o que é permanente e vigorosamente debatido pelos pensadores desta seara, desde a madrugada do saber sistematizado.

No que respeita à INDUÇÃO, algumas soluções restaram propostas por filósofos de notoriedade, é claro, no entanto, sem unanimidade de entendimentos. Assim ocorreu com Francis Bacon, verbi gratia, acolitado por uma classificada aleia de bons pensadores, que aportou à indução amplificante, também denominada científica e baconiana, afirmação com estribo na descoberta de relações permanentes entre dois ou mais fenômenos, de um vínculo necessário e universal entre eles.

Temas de tal natureza, de indescartável importância para a descoberta da verdade fenomênica pelo mais curto e rápido caminho, são analisados pelos professores doutores Rui Verlaine Oliveira Moreira e José Anchieta Esmeraldo Barreto, no livro O Problema da Indução – O Cisne Negro Existe, editado pela Imprensa Universitária da U.F.C.

Reporto-me a um compêndio de insuperável rigor metodológico e professoral estruturação didática, qualidades representativas da estatura intelectual e da prontidão acadêmica de ambos, diuturnamente reciclados ao curso de muito tempo.

A discussão é aberta e simples, assentada no que há de superior em fontes bibliográficas. A linguagem é direta e concisa, dando azo a leituras correntes. É fácil e digna, também, do ponto de vista da Língua Portuguesa, sem quaisquer neologismos nem vícios, hoje muito comuns – e isto é reprovável – no repertório acadêmico, consoante sempre evoco nas páginas desta Folha informática.

Além do debate a respeito de entraves e soluções múltiplos da INDUÇÃO, os autores incluem uma seção suficientemente elucidativa acerca dos binômios particular-universal, sujeito-objeto e o problema da indução, exatamente com vistas a prontificar o leitor a descodificar a contento o texto principal relativo ao método indutivo.

Oferecem, alfim, os necessários elementos de probabilidade, objetivando, também, subsidiar o consulente no entendimento dos problemas e soluções indigitadas para maior eficiência e mais eficácia, quando do emprego dessa relevante metodologia racional.

O Problema da Indução - o Cisne Negro Existe é labor de inusitada aplicação intelectiva e, pelos elementos que reúne e explica, ensejará ao investigador, ao docente e estudante de pós-graduação – e até mesmo da graduação – das diversas áreas envolvidas com Metodologia, Filosofia das Ciências e matérias afins, o lance de compreenderem os óbices até hoje expressos pela INDUÇÃO, já que as soluções estão no livro diafanamente expostas.

Constitui o trabalho sob comento material indispensável a qualquer programa de pós-graduação que cuida do estudo da Ciência, bem assim ao investigador tendente a se utilizar deste método racional de descoberta do conhecimento.


** Utilizei o verbo assim mesmo – registar – igual a registrar, pois estão dicionarizadas ambas as formas.

*Vianney Mesquita 
 Docente da UFC 
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa  
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo 
Escritor e Jornalista

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