O Direto da
Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:10h da
manhã, apresentado pelos jornalistas e analistas sociais Alfredo Marques e
Freitas Júnior, membros da ACLJ, na edição desta quarta-feira, dia 26 de junho,
tratou, como sempre, dos temas mais
atuais e momentosos.
Alfredo Marques reclamou
do uso de munição letal pela Polícia Militar cearense na repressão às
manifestações populares, e apresentou um projétil não deflagrado, que teria
sido encontrado em um dos locais de conflito. Trata-se de um indício frágil, pois
o que as armas automáticas expelem, ao serem acionadas, são cartuchos vazios e “cascas”
de balas.
Mas Alfredo também
exibiu uma bomba de gás lacrimogêneo deflagrada, que lhe foi fornecida por um popular,
esta com o prazo recomendado para o uso vencido, segundo inscrição de fábrica
em seu cartucho plástico. O comentarista considerou o risco de que o artefato
com data vencida pudesse apresentar algum efeito deletério à saúde dos
manifestantes.
A preocupação do
comentarista é legítima, todavia avaliamos que os chamados efeitos indesejáveis
decorrentes do envelhecimento dos componentes somente se verificam nos medicamentos,
pela degradação de seus componentes
químicos. O uso de bombas de gás, bem como de qualquer munição, fora do prazo
recomendado, pode ocasionar apenas um “incidente de tiro” – ou seja, a sua
falha, a sua não deflagração.
Alguns explosivos
vencidos ou “resfriados” podem ainda se tornar perigosos “tijolos quentes”, no
jargão militar, que representam enorme risco. É o caso de bombas que não
explodem no momento em que são lançadas, mas podem fazê-lo depois, quando
alguém lhes passa perto, ou quando um incauto as manipula. Mas mesmo esse
efeito, em relação às bombas de gás, não periclitaria os organismos.
Freitas Júnior pontuou
ainda que a PM teria também atirado bombas com o uso do helicóptero – e de fato
bombardeio aéreo é absoluta novidade nas técnicas de controle de tumulto urbano.
Tropas de choque costumeiramente adotam cães policiais, pelo seu poder
intimidatório, bem como cavalaria, entre outros recursos não letais, de efeito
meramente moral. Helicóptero costuma ser usado tão-somente para a monitoração das
passeatas.
Na sequencia os
comentaristas abordaram a intenção inicial da Presidente Dilma de convocar uma
Assembleia Constituinte, para alterar a Carta Magna de forma pontual, em
específicas matérias. Essa medida foi contestada pelo mundo jurídico nacional,
inclusive pela Ordem dos Advogados do Brasil, bem como repelida por políticos
da oposição.
A propósito disso, o Programa
exibiu gravações com os deputados estaduais cearenses Heitor Ferrer e Fernando
Hugo, que abordaram os riscos de se conspurcar a Constituição da República,
mormente agora, quando temos um Parlamento de baixíssima qualidade, tanto
intelectual quanto moral, repleto de analfabetos funcionais, políticos
fisiológicos, e até de réus em processos criminais.
Calcula-se que trinta
por cento dos nossos parlamentares de hoje respondem a processos na Justiça.
Todos eles são considerados, tecnicamente, “fichas-limpas”, porque ainda não
têm condenação em juízo colegiado. Fora os que têm crimes prescritos pelo
tempo.
De fato, conforme tem
defendido o Senador Cristovam Buarque, para fazer uma Constituinte com vistas à
reforma política haver-se-ia de convocar uma plêiade de juristas de notório
saber jurídico e de idoneidade inquestionável, dotados de espírito humanista,
isentos de interesses políticos e partidários, para presidir os trabalhos, pois do contrario o resultado seria
desastroso, com a supressão de conquistas sociais já consagradas no País, pois os atuais
congressistas certamente sairiam em defesa dos seus privilégios, e dos interesses
escusos da politicagem, que o status quo
possibilita.
Por fim, o programa
entrevistou a respeito do tema o grande jurista cearense Djalma Pinto, que
pontificou com proficiência e segurança sobre o despropósito da pretensa
Assembleia Constituinte, bem como sobre a consulta popular que se pretende
fazer, seja plebiscito ou referendum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário