quinta-feira, 27 de junho de 2013

ENSAIO

AS 10 PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR


1. Por que o ex-presidente Lula, ao concluir o segundo mandato, legalmente impedido de se recandidatar, resolveu indicar Dilma Rousseff para a sua sucessão, quando ele dispunha de tantos outros nomes do PT histórico, nacionalmente conhecidos, mais habilidosos politicamente, como, por exemplo, Aluísio Mercadante e Marta Suplicy?

2. Quem foi que disse que os dois pós-adolescentes do Movimento Passe Livre foram responsáveis pela grande mobilização de milhares de pessoas Brasil a fora, com uma pauta tão difusa? Será que dois jovens teriam de como mobilizar sozinhos tanta gente nas redes sociais da Internet? Quem os elegeu porta-vozes do movimento?

3. Por que essa mobilização gigantesca eclodiu exatamente agora, no início de uma campanha eleitoral para a Presidência da República, quando a Presidente Dilma gozava de boa popularidade, e a inflação está voltando a ameaçar?

4. Por que o ex-presidente Lula, que se  considera o grande líder popular do Brasil, não apareceu para falar às massas, em defesa do Governo do PT?

5. Por que logo no início apareceram nomes de quatro jovens petistas servidores da Presidência da República entre os  mentores da mobilização? E por que não se falou mais neles?

6. Por que a Presidente Dilma Rousseff entendeu que propor uma Assembleia Constituinte seria a solução ideal para todas as demandas das manifestações de protesto, cujas bandeiras são mobilidade urbana, fim da corrupção, melhoras na saúde e na educação públicas, gastos com a Copa pelo erário, rejeição da PEC 37, etc.?

7. Como imaginar que um plebiscito, que demora e custa caro, poderia consultar o povo sobre todos os detalhes que envolveriam uma reforma política, algo tão complicado e tão cheio de detalhes jurídicos, quando a grande maioria do povo, inclusive os eleitores simples que não estão nas passeatas, sequer sabe o que é isso?

8. Por que razão os dois pós-adolescentes que a mídia elegeu como porta-vozes de todas as mobilizações nacionais resolveram abandonar o movimento, por terem conseguido baixar centavos nas passagens de ônibus? Será que eles consideram que todo o problema nacional era só esse?

9.  Por que os vândalos que se infiltram nas passeatas resolveram atacar o patrimônio privado das empresas, apenas para depredá-las, diferentemente dos grupelhos de bandidos, que agem interessados em praticar saques?

10. Por que os pretensos líderes do Movimento Passe Livre disseram que vão passar a se mobilizar contra “o latifúndio urbano”? O que tem a ver passe de ônibus com o patrimônio imobiliário das pessoas?

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Por trás de cada uma dessas indagações há muitas ilações subliminares.

Por exemplo, segundo a jornalista Cristiana Lôbo, da Globo News, o ex-presidente Lula teria dito a interlocutores, entre irônico e queixoso, sobre a intenção da Presidente Dilma de se recandidatar: “A bichinha tomou gosto!”.

Isso faz supor que Lula elegeu a Dilma sob regime de “obsolescência programada”, ou seja, considerando que ela só teria fôlego político para cumprir um mandato tampão, devolvendo-lhe o poder em quatro anos. Malgrado, ela conquistara altíssima popularidade.

Uma segunda ilação possível é sobre a súbita difusão viral da convocação para as manifestações de protesto, em todo o Brasil, com tamanha eficiência.

É pacífico que o campo era fértil, pois que as demandas sociais existiam no espírito das pessoas da classe média-média urbana. Contudo, um único grito não tem alcance para deflagrar o estouro de uma boiada nervosa; é necessário um grande trovão.

Tudo indica, pois, que um corpo de especialistas em Internet arquitetou essa multiplicação geométrica de mensagens pelas redes sociais, o que nos leva aos nomes de profissionais ligados ao serviço de comunicação eletrônica da Presidência da República – que entraram em cena e sumiram de repente.

Parece que recorrer ao método plebiscitário para interferir na Constituição, na melhor linha bolivariana, era o segundo ato já esperado de uma grande ópera bufa. Certamente foi essa a solução saída do bolso do colete de Lula, quando a Dilma foi se aconselhar com ele no início dos protestos.

Vale lembrar que a verdadeira democracia somente funciona de forma institucional e republicana, por meio de representantes eleitos pelo povo para as funções legislativa e executiva, ficando a última palavra com o Poder Judiciário, que é contramajoritário. O vício de fazer consultas públicas diretas sobre tudo leva ao “democratismo”, irmão do populismo, que degenera para o caudilhismo.

Conclusão: Pode  haver algo de podre nesse reino político, muito mais do que sonha a nossa vã e cidadã filosofia. 

Por Reginaldo Vasconcelos 

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