AS
10 PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR
1. Por que o ex-presidente Lula, ao concluir o segundo mandato, legalmente
impedido de se recandidatar, resolveu indicar Dilma Rousseff para a sua
sucessão, quando ele dispunha de tantos outros nomes do PT histórico,
nacionalmente conhecidos, mais habilidosos politicamente, como, por exemplo,
Aluísio Mercadante e Marta Suplicy?
2. Quem foi que disse que os dois pós-adolescentes do Movimento
Passe Livre foram responsáveis pela grande mobilização de milhares de pessoas
Brasil a fora, com uma pauta tão difusa? Será que dois jovens teriam de como
mobilizar sozinhos tanta gente nas redes sociais da Internet? Quem os elegeu
porta-vozes do movimento?
3. Por que essa mobilização gigantesca eclodiu exatamente agora,
no início de uma campanha eleitoral para a Presidência da República, quando a
Presidente Dilma gozava de boa popularidade, e a inflação está voltando a ameaçar?
4. Por que o ex-presidente Lula, que se considera o grande líder popular do Brasil,
não apareceu para falar às massas, em defesa do Governo do PT?
5. Por que logo no início apareceram nomes de quatro jovens petistas servidores
da Presidência da República entre os
mentores da mobilização? E por que não se falou mais neles?
6. Por que a Presidente Dilma Rousseff entendeu que propor uma Assembleia
Constituinte seria a solução ideal para todas as demandas das manifestações de
protesto, cujas bandeiras são mobilidade urbana, fim da corrupção, melhoras na
saúde e na educação públicas, gastos com a Copa pelo erário, rejeição da PEC 37,
etc.?
7. Como imaginar que um plebiscito, que demora e custa caro,
poderia consultar o povo sobre todos os detalhes que envolveriam uma reforma
política, algo tão complicado e tão cheio de detalhes jurídicos, quando a
grande maioria do povo, inclusive os eleitores simples que não estão nas
passeatas, sequer sabe o que é isso?
8. Por que razão os dois pós-adolescentes que a mídia elegeu
como porta-vozes de todas as mobilizações nacionais resolveram abandonar o
movimento, por terem conseguido baixar centavos nas passagens de ônibus? Será
que eles consideram que todo o problema nacional era só esse?
10. Por que os pretensos líderes do Movimento Passe Livre
disseram que vão passar a se mobilizar contra “o latifúndio urbano”? O que tem
a ver passe de ônibus com o patrimônio imobiliário das pessoas?
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Por trás de cada uma dessas indagações há muitas ilações
subliminares.
Por exemplo, segundo a jornalista Cristiana Lôbo, da Globo News,
o ex-presidente Lula teria dito a interlocutores, entre irônico e queixoso,
sobre a intenção da Presidente Dilma de se recandidatar: “A bichinha tomou gosto!”.
Isso faz supor que Lula elegeu a Dilma sob regime de “obsolescência
programada”, ou seja, considerando que ela só teria fôlego político para
cumprir um mandato tampão, devolvendo-lhe o poder em quatro anos. Malgrado, ela
conquistara altíssima popularidade.
Uma segunda ilação possível é sobre a súbita difusão viral da
convocação para as manifestações de protesto, em todo o Brasil, com tamanha
eficiência.
É pacífico que o campo era fértil, pois que as demandas sociais existiam
no espírito das pessoas da classe média-média urbana. Contudo, um único grito
não tem alcance para deflagrar o estouro de uma boiada nervosa; é necessário um
grande trovão.
Tudo indica, pois, que um corpo de especialistas em Internet arquitetou
essa multiplicação geométrica de mensagens pelas redes sociais, o que nos leva
aos nomes de profissionais ligados ao serviço de comunicação eletrônica da Presidência da República – que entraram em cena e sumiram de repente.
Parece que recorrer ao método plebiscitário para interferir na
Constituição, na melhor linha bolivariana, era o segundo ato já esperado de uma
grande ópera bufa. Certamente foi essa a solução saída do bolso do colete de
Lula, quando a Dilma foi se aconselhar com ele no início dos protestos.
Vale lembrar que a verdadeira democracia somente funciona de
forma institucional e republicana, por meio de representantes eleitos pelo povo para as funções legislativa e executiva, ficando a última palavra com o Poder Judiciário, que é contramajoritário. O vício de fazer consultas públicas diretas sobre tudo leva ao “democratismo”, irmão do populismo, que degenera para o caudilhismo.
Conclusão: Pode haver algo de podre nesse
reino político, muito mais do que sonha a nossa vã e cidadã filosofia.
Por Reginaldo Vasconcelos
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