A CRISE DO POLITICAMENTE CORRETO
Houve a crise do comunismo, a partir da queda do muro de Berlim, do fim da União Soviética, do afrouxamento do regime socialista na
China e na ilha de Cuba. Esta, sem ajuda financeira da Rússia, é hoje um espectro daquilo que foi – um povo triste e empobrecido, comandado por um grupo de “walking deads”.
Além da pobre república insulada, resiste na senda da
ditadura marxista a Coreia do Norte, também constituída de um povo zumbi,
comandado por uma malta de malucos, liderados por um menino alienado.
Com a crise econômica que atingiu os países ricos, passou-se
a falar em crise do capitalismo, sem contudo ninguém apontar qual seria a terceira
via – uma alternativa à tirania estatal ideológica e à democracia plena com liberdade
de mercado.
Eclode agora no Brasil a crise aguda do “politicamente
correto”. O governo, nos seus três poderes e nas três esferas, assim como a
imprensa, que é o terceiro poder da República, assistem estupefatos à
degradação da tese da “liberdade de expressão”.
O povo tem direito de se reunir para se manifestar – essa é
a tese genérica. Mas, que povo? Manifestar-se sobre o quê? Cem mil pessoas perambulam
pelas ruas centrais de cada uma das grandes cidades brasileiras, cada manifestante
movido por meia dúzia de insatisfações pessoais.
O mote central nos centros maiores, a princípio, foi um comezinho aumento de 20 centavos nos preços das passagens de ônibus. Mas já há
quem queira tarifa zero, há quem brade por segurança pública, e por saúde, e
por educação.
Há ainda os que protestam contra os gastos com a copa e
contra a escalada da corrupção. E certamente cada um aproveita para externar
também suas frustrações individuais – a carência amorosa, o insucesso no
emprego, o bullying na escola, a reprovação nas provas...
E agora? Não há um “povo” específico protestando, nem uma
causa específica para protestar. Estudantes, punks, góticos, emos, militantes, vadios
– e até bandidos entre eles – por que não? Então, com quem negociar? E negociar
o quê? Isso o Poder Público não sabe.
E agora? Mandar bater e dar tiros de borracha, aderindo a
recursos politicamente incorretos e assumindo uma democracia falsa? Ou deixar que incendeiem as cidades, em nome
das mais amplas “liberdades democráticas”?
Por Reginaldo Vasconcelos
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