EU, NÓS, ELES
Do ponto de vista da legitimidade dos atos que estão
ocorrendo no meio das ruas no Brasil atual, não há mais muita coisa a se
discutir.
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Em meio à hipocrisia da imprensa, ao
extremismo da classe A, defensora do fim do “vandalismo” dos manifestantes, e
do silêncio quase absoluto das autoridades,
algumas coisas me chamaram mais atenção do que as notícias para analfabetos que
se veiculam nos meios de comunicação. O que me chama a atenção é a utilização dos pronomes pessoais. O
brasileiro adora o “eles” ao invés do “nós”.
Onde estão os corruptos do Brasil, aqueles
(os eles) que fazem mal ao país? Quem são? Políticos? Juízes? Quem são os
algozes do povo, que nada merece de ruim e é sofrido e feliz?
Gostei de ouvir na rádio Assembléia
os discursos apoiando as manifestações do “povo”, que está cansado dessas
pessoas (eles) que não utilizam bem o dinheiro público e estão com os dias
contados, em face do cansaço do povo. Um político criticando os outros, o
eterno “eles”, sem usar o “nós”.
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Lembro-me do que ocorreu após o
lançamento do filme “Tropa de Elite”, que institucionalizou o inimigo nacional:
o sistema. Essa pessoa, que não tem rosto e que é culpada dos erros do Brasil,
é formada por quem? Antropomorfizar um ente que não podemos enfrentar ao vivo,
pois ele é sórdido e inteligente (o sistema), é uma forma curiosa de ver as
coisas.
De minha parte, não acredito no
sistema, nem n’eles. Acredito em nós, para começo de conversa. O brasileiro
inventará outro demônio para assolar sua vida, tal como as Igrejas Cristãs
criaram, em tempos de medievo e Idade Moderna? Sim: o sistema, eles, os culpados
sem rosto. Nós! Que pronome bonito! Nós somos parte de tudo que há de ruim.
A mea culpa do brasileiro seria um ato muito bonito de se ver, pois a
polícia não recebe dez reais de propina para deixar passar uma multa, senão do
homem direito e reto, o brasileiro honesto, que sempre é achacado por eles. “Eles”
existem inicialmente por causa de um conjunto de “nós” que existimos por aqui. Nós
fazemos parte disso tudo.
Pobre povo, tão consciente de tudo e
não percebe que a troca de um pronome vai deixar a coisa mais correta. Quem
quer melhorar os problemas do mundo, pode iniciar limpando sua calçada e não
corrompendo agentes públicos.
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Sem o “nós” fica complicado para
mim. Finalizo esse raciocínio para falar da evolução pronominal que devemos fazer. Sair do “eles” e entrar no “nós” é algo fundamental para as coisas terem
um pouco mais de sentido. Só assim a evolução iria para o “eu”, palavra que não
se usa quando é detectado um erro grande. A culpa do mundo, do país, do estado,
do município ou do trânsito caótico, é minha também. Eu sou brasileiro e tenho
culpa! É isso. Vou mudar minhas atitudes.
Por Danilo Celedonio
Por Danilo Celedonio
Rui Martinho Rodrigues Presidente da ACLJ |
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