SÉTIMA
ASSEMBLEIA GERAL
ANIVERSÁRIA
DA ACLJ
Sete anos de pastor Jacob servia
A Labão, pai de Raquel, serrana bela;
A Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Pois só ela por prêmio pretendia.
(Luiz de Camões)
“Fazendo uma oportuna analogia, neste momento todos nós acadêmicos representamos Jacob. Labão, é a Academia que integramos. As letras cearenses, a que indiretamente servimos, são a Raquel da nossa paixão”. (Reginaldo Vasconcelos).
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Foi coroada de pleno êxito a 7ª Assembleia Aniversária da ACLJ, na noite desta sexta-feira, 04 de maio, no Palácio da Luz, que contou com a festejada presença de expressiva representação de seus membros, em todas as suas categorias, dentre os mais gratos e mais destacados acadêmicos – com as poucas e desprezíveis defecções de praxe.
Disseram presente, aqui por ordem alfabética, os acadêmicos Alana Girão de Alencar, Alfredo Marques, Arnaldo Santos, Cândido Albuquerque, Cid Carvalho, Djalma Pinto, Geraldo Gadelha, Geraldo Jesuino, Humberto Ellery, Inês Mapurunga, João Pedro Gurgel, José Augusto Bezerra, Karla Karenina, Luciara Aragão, Márcio Catunda, Maria Josefina, Nirez, Paulo César Norões, Paulo Ximenes, Reginaldo Vasconcelos, Rui Martinho Rodrigues, Ubiratan Aguiar, Ulisses Gaspar e Vicente Alencar.
Como diria a Ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, estavam “regimentalmente nus”, porque desvestidos de suas pelerines rituais, o Ministro Ubiratan Aguiar, o Senador Cid Carvalho e o Pesquisador e Museólogo Nirez, integrantes do nosso decanato, por alegado e compreensível esquecimento.
Virtualmente presentes, porque justificaram de maneira prévia e convincente a sua ausência física, os acadêmicos Adriano Vasconcelos, Beto Studart, Cássio Borges, Denise Sampaio, Dorian Sampaio Filho, Graça Dias Branco da Escóssia e Igor Queiroz Barroso, esses por motivo de viagem. Por motivo de saúde, Augusto Borges, Descartes Gadelha, Evaldo Gouveia, Luciano Maia, Roberto Martins Rodrigues e Vianney Mesquita – todos eles normalmente muito assíduos.
Da pauta da cerimônia constou:
a. uma homenagem póstuma ao Membro Benemérito Miguel Dias de Souza, seguida pela aclamação de seu primogênito Miguel Dias filho para a sua sucessão, que imediatamente tomou posse;
b. em seguida, a outorga do título “DESTAQUE CEARENSE” à poetisa e atriz Karla Karenina, pelo seu magnífico desempenho em recente novela da Rede Globo de Televisão, e ao poeta popular Bráulio Bessa, que, por seu turno, brilha na mesma Rede Globo, nas edições das sextas-feiras do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, declamando versos temáticos de sua autoria – ambos homenageando a cearensidade em sua atuação televisiva;
c. por fim – mas não menos importante – a posse do empresário de comunicação José Alberto Bardawil na dignidade de Membro Benemérito, proposto que fora pelo acadêmico Alfredo Marque Sobrinho, e eleito pela Decúria Diretiva da Entidade.
A Dra. Graça da Escóssia, seguindo a mesma conduta elegante de seu ilustre pai, o saudoso Ivens Dias Branco, a quem ela sucedeu na dignidade de Membro Benemérito – embora a sua casta acadêmica não a obrigue a comparecer às Assembleias Gerais da Instituição (que se obriga a convidá-la, como aos demais beneméritos) – sempre que não pode comparecer justifica a ausência por via telegráfica, saudando nominalmente os eventuais homenageados e empossandos, desta vez, in verbis:
“Agradeço o atencioso convite para a 7ª Assembleia Aniversária em que se fará homenagem póstuma a Miguel Dias de Souza, e outorga do título “Destaque Cearense” aos artistas Bráulio Bessa e Karla Karenina, ocasião em que tomará posse o empresário Alberto Bardawil. Por compromisso de viagem, lamento a minha ausência. Não obstante, parabenizo pelas justas homenagens e novos membros, desejando que a programação transcorra com muito êxito”.
Graça Dias Branco da Escóssia.
Tendo como Mestre de Cerimônia o acadêmico Vicente Alencar, antes de tudo fez-se um minuto de silêncio pelo falecimento de Dona Maria José, aos 90 anos, mãe do acadêmico Alfredo Marques, no dia 02, e de Dona Liquinha, de 101 anos, genitora do Ministro Ubiratan Aguiar, no dia 03.
Como de hábito, a solenidade foi precedida do toque do Trompete Triunfal pelo arauto oficial da ACLJ, Jean Carlos, ao qual se seguiu a formação da Mesa Diretiva e da Tribuna de Honra, e na sequência a execução do Hino Nacional pela Banda de Música do Exército, que também tocou a Ode Alencarina – hino da ACLJ.
Como de hábito, a solenidade foi precedida do toque do Trompete Triunfal pelo arauto oficial da ACLJ, Jean Carlos, ao qual se seguiu a formação da Mesa Diretiva e da Tribuna de Honra, e na sequência a execução do Hino Nacional pela Banda de Música do Exército, que também tocou a Ode Alencarina – hino da ACLJ.
Aliás, obedecendo a um carinhoso decreto da Benemérita Paula Queiroz Frota, no sentido de que a letra do hino da Academia seja conhecida e cantada por todos, a acadêmica Inês Mapurunga, coautora daquela obra musical, assomou à tribuna e a entoou à capela, antes da magistral execução instrumental de sua versão militar pela Banda do Exército.
Na mesma direção, um grupo de alunos da Academia de Leitura e Escrita da Escola Maria Ester recitou a letra do “Cântico Cearense”, obra que o Benemérito Evaldo Gouveia compôs para ser a “Canção da Academia”, sendo a música solada em seguida, ao trompete flugelhorn, pelo músico Jean Carlos – repetindo-se aquilo que o Presidente Reginaldo Vasconcelos qualificou como “sanduíches abertos musicais” – letras recitadas e músicas tocadas.
Após a solenidade, o tradicional brinde com vinho do Porto, aperitivo de um lauto bufê em serviço americano, no Salão Nobre do Palácio da Luz.
Do cardápio constavam duas opções – arroz de carneiro e arroz de camarão – uma delas representando as praias e a outra os sertões do Ceará. As culinaristas responsáveis, Jô Nogueira e Graça Leandro, foram alvo de aplausos e louvores.
CONVIDADOS ESPECIAIS
DISCURSO DO PRESIDENTE
REGINALDO VASCONCELOS
Ministro Ubiratan Aguiar, Presidente da Academia Cearense de Letras, Membro Benemérito desta ACLJ, na pessoa de quem saúdo todos os componentes da Mesa Diretiva; meus demais confrades, repórteres, cinegrafistas e fotógrafos, minha mãe aqui presente, minhas senhoras e meus senhores.
A nossa ACLJ está comemorando o sétimo aniversário de existência. A célebre Padaria Espiritual alcançou os cinco anos, tão-somente. Aliás, sete anos é um período considerado a primeira prova de fogo para a vida em sociedade.
Os novos casais, por exemplo, segundo os psicólogos, precisam se munir de muito amor e tolerância para superar o que eles chamam “a comichão dos sete anos”. Nós chegamos até aqui, e vamos superar essa marca cabalística rumo ao infinito temporal, como tem feito a veneranda Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil, que já atingiu 124 anos.
Mas neste momento de efeméride acadêmica, cabe nos perguntarmos o que nos anima a pertencer a um silogeu. Por que ingressar na arcádia? Qual o desiderato de quem adentra e permanece entre as colunas de uma irmandade literária? Eu sei a resposta: Uma porta aberta, uma luz acesa, um voz que chama, um amplexo de cem braços fraternos, estreme de mundanas injunções e interesses.
A propósito, nos anos 60 do Século Passado fez grande sucesso em todo o Planeta uma película de cinema italiana intitulada Mondo Cane. Aquela peça cinematográfica era um documentário que tratava das agruras da vida, das iniquidades do mundo, das pequenezas da alma, ensejando a criação da palavra neológica “mundocanismo”, tão utilizada deste então.
Pois bem. A vida se divide de fato em Mundo Cão e Mundo São, que coexistem e se polarizam sem se anular mutuamente. Como o fio vermelho da corrente positiva e o fio azul da vertente negativa, que fazem acender a lâmpada elétrica, o Mundo Cão, como tese, e o Mundo São, como antítese, fazem esplender a síntese do universo.
Mas a academia literária é o reino absoluto do Mundo São, onde o beletrismo é cultuado, onde se reverencia a tradição, se homenageia a família, se preserva a memória histórica, se enaltece a amizade. Onde a convivência saudável não faz nenhuma concessão às intrigas comezinhas, às divergências estéticas, às emulações ideológicas, às vaidades alvares, aos banais ressentimentos, que até vez por outra se insinuam, mas que são imediatamente superados.
Aqui entre nós há pessoas com as cerebrações mais variadas, com as mais diversas experiências de vida, com as mais distintas concepções de mundo, mas todas sempre bem intencionadas, todas justas e irenistas – nenhum perverso – todos cultores do mais genuíno Mundo São. Compadecemo-nos apenas com aquilo que realmente interessa à beleza peregrina da alma humana, e o que de mais sublime ela produz, que é a palavra.
Somente entre as coluna de uma arcádia de letras podemos compartilhar com os confrades os códigos líricos que nos conectam à eternidade, que fazem de um jovem poeta um velho sábio, e devolvem ao bardo ancião todo o frescor da juventude. A verve criativa é intemporal, por isso faz um liame entre as idades, entre todas as épocas, entre todas as eras, produzindo o acervo estético de que somos guardiões.
Na data de hoje vamos marcar o aniversário da nossa entidade, prestando merecidas homenagens. O reconhecimento do valor artístico de Karla Karenina e Bráulio Bessa, o abraço espiritual e coletivo ao nosso Membro Benemérito Miguel Dias de Souza, que no último dia 19 de março ingressou na imortalidade acadêmica, e que será sucedido na sua dignidade arcadiana por seu filho e homônimo aqui presente.
Também marcará esta data a posse de José Alberto Bardawil, um dia consagrado como o mais belo cearense, agora distinguido entre os empresários cearenses dedicados à comunicação, à cultura local, ao jornalismo autêntico, o que é uma forma ainda mais nobre de beleza pessoal.
O título de Membro Benemérito, que o Dr. Miguel Dias recebeu e que historicamente ostentará na eternidade, o mesmo que o Bardawil está a receber na data de hoje, é uma láurea de reconhecimento pelo que o agraciado já fez, mas também uma exortação pelos benefícios que ele ainda fará pela cultura, pelas letras, pelas artes, pela imprensa cearenses. Portanto, a um só tempo, é um preito de confiança e um compromisso de consciência daquilo que sempre pode ser feito pelas causas mais sãs da humanidade.
Enfim, damos parabéns à nossa ACLJ pelo transcurso do sétimo aniversário, augurando que seus aniversários se projetem pelo tempo, enquanto fazemos os merecidos louvores à memória do insigne Miguel Dias de Souza, que no Reino da Glória certamente foi recebido em festa pelos demais confrades que já estão imortalizados – Ivonete Maia, José Alves Fernandes, Edilmar Norões, Paulo Maria de Aragão, Dona Yolanda Queiroz, Seu Ivens Dias Branco, Dra. Wanda Palhano e Chanceler Airton Queiroz.
Antecipo congratulações aos dois artistas que serão hoje laureados, a nossa Karlinha e o grande Bráulio Bessa, e muito boas-vindas aos novos Membros Beneméritos, os jovens empresários Miguel Filho e Alberto Bardawil. Estou certo de que saberão honrar a confraria.
Obrigado.
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