CADÊ
CORAGEM?
Humberto
Ellery*
No início de 2017, Rodrigo Janot
começou a “mexer os pauzinhos” para ser re-re-conduzido ao cargo de Procurador
Geral do Ministério Público Federal.
O Presidente Temer então o chamou ao Palácio
do Planalto (dentro da agenda oficial – viu, Andréia Sadi?) e, educadamente, de forma
clara e direta, lhe disse que ele não teria o terceiro mandato. Era hora de
renovação. Foi o segundo grande erro do Presidente Temer: ser franco, jogar
limpo e honestamente com um canalha, mestre da dissimulação, traição e jogo
sujo.
O primeiro erro foi cometido ao derrubar da
Presidência da Republica uma “mulher honrada” (segundo FHC), que “não cometeu
crime algum” (segundo a Gleisi Hoffman) e eleita com mais de 54 milhões de
votos (segundo atestou o TSE, na mais fraudada eleição da História).
Por conta desse “golpe democrático
institucional”, Temer levantou contra si a gigantesca “máquina petista de
assassinar reputações” (segundo Romeu Tuma Jr.), que começou a mover suas
enormes e sujas engrenagens para destruí-lo.
Para isso contam com o apoio diário da
imprensa lulista, da Universidade marxista, dos artistas petistas (que
não perdoam o Temer por ter implantado uma gestão honesta na Lei Rouanet,
acabando com as mamatas – não é, Chico Buarque?). E, principalmente, com a
concordância bovina dos abestados que acreditam em tudo que veem e ouvem na
Rede Globo, que assumiu a liderança do processo.
Como o Governo Temer já começara, a duras
penas, a tirar o Brasil do buraco onde o PT nos colocara, o Janot decidiu que
tinha pouco tempo, era hora de agir, precisava iniciar logo a feitiçaria.
Então, na véspera da primeira votação da
Reforma da Previdência, que seria a base da sustentabilidade do crescimento (ainda
lento) mais consistente do País, o Janot, por intermédio do Lauro Jardim, da
Rede Globo, jogou uma mentira no ventilador e lançou o Brasil na mais terrível
crise política dos últimos tempos, adiando sine die a indispensável e
inadiável reforma. Ao Jannot ele não importou o prejuízo que estamos sofrendo
por conta dessa bruxaria, pois seu projeto pessoal de poder é mais importante.
Canalha!
O roteiro da bruxaria hoje está muito claro,
confirmado pela gravação acidental do Joesley Batista, que “entregou” todo o
serviço sem perceber que o gravador estava ligado. Começou o Janot avocando
para si a negociação do Acordo de Leniênca da J&F, que regularmente deveria
se dar com o MP de 1ª Instância.
Depois Janot “nomeou” o Fachin para relator,
que aceitou de bom grado essa total inversão de hierarquia, inclusive
atropelando o princípio do juiz natural, que deveria ser sorteado, tudo com a
devida aprovação da “prima Carminha” (que está a cara do personagem do Chico
Anysio, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro).
Em seguida, com o Marcelo Miller (braço
direito do Janot) atuando dos dois lados do balcão, executaram toda a
feitiçaria, e ofereceram a liberdade total ao Joesley, em troca de atrair o
Temer para a armadilha adrede preparada.
O Ministro Barroso talvez tenha dado uma
assessoria informal, não diretamente, mas sem esquecer que ele é meio-irmão da
Fernanda Tórtima, advogada do grupo J&F, e portanto sabia de tudo. E foi o
que se viu.
Tentaram acuar o Presidente Temer no corner
do Ring, na intenção de
bater até derrubá-lo. Só não contavam com a pertinaz resiliência do
Temer, e com a sua insuperável capacidade de dialogar com o Congresso Nacional –
não por acaso, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, líder e
presidente do maior partido do Brasil, o PMDB.
Depois que a casa caiu, que as mentiras se
revelaram em toda sua asquerosa extensão, só restou ao Janot pedir ao Fachin a
anulação do Acordo de Leniência do Joesley e a prisão do Miller. Só que o
Miller também tem mestrado em feitiçaria e pronunciou sete palavrinhas mágicas
que o blindaram contra a prisão.
A feitiçaria do Miller foi mais forte que um
Habeas Corpus Preventivo do Gilmar Mendes, um verdadeiro salvo-conduto. As
palavras mágicas não foram abracadabra, nem Hocus Pocus, nem sim
salabin. Ele não recorreu ao poderoso quadro de Sator, nem à poderosa
fórmula selagadula mexicabula babidi bobidibu. Nada disso. Ele apenas
sussurrou: “Se me prenderem, eu abro a
boca...”.
Agora, cadê coragem ao Fachin para cancelar o
Acordo de Delação e mandar prender o Miller?
COMENTÁRIO
Parece-me
muito claro que o PT e o PMDB foram os principais parceiros no assalto ao erário
ocorrido durante os últimos mandatos presidenciais, quando as grandes estatais
foram assaltadas, principalmente a Petrobras.
Embora
houvesse outros atores e beneficiários partidários nas federais “maracutais” (ironicamente,
um neologismo popularizados pelo Lula – quase ninguém se lembra disso), o PMDB,
que, para se disfarçar, após os delitos tirou a barba e voltou a ser MDB,
tentando resgatar a honradez da sigla, de fato era ele o irmão-siamês do partido do
Governo, ocupando, inclusive, a vice-presidência.
Defender
Michel Temer, diante desse quadro, é muito temerário – embora não seja verdade
que o impeachment da Dilma tenha sido
promovido por ele, ao contrário do que afirmam os ressentidos do PT, seus atuais
opositores.
Mas as
ligações íntimas de Temer com os peemedebistas desonestos, dos quais era
líder, torna muito difícil a sua defesa, embora, contra ele mesmo, por mais que
os persecutores penais se tenham contorcido, nada se tenha conseguido comprovar
até agora.
Aliás,
como acontece com todos os líderes, que delínquem por mãos de terceiros e se
cercam de cuidados para não deixar nas armas dos crimes coletivamente cometidos
as suas próprias digitais.
Mas
também é verdade que não seria sensato promover a quebra institucional – aí
sim, um grave Golpe de Estado – retirando o Temer da Presidência da República,
quando neste mandato-tampão ele se esforça de fato para reduzir os malefícios provocados ao País
pelos Governos de que ele próprio foi partícipe.
Mais
grave ainda ficar tentando fazer todo o possível para atrapalhar a restauração
da ordem, em nome progresso, torcendo pelo “quanto pior, melhor”, apenas para
prejudicar o Presidente, sem considerar os malefícios que isso traz para o País.
Porém,
é bonito assistir a determinação épica de Humberto Ellery em defender
incondicionalmente o seu ex-correligionário Michel Temer, como um guerreiro solitário,
lançando os mais brilhantes e convincentes argumentos, em textos sempre muito
bem urdidos e bem-humorados (naquilo que escapa ao austero copidesque do editor),
dotando este Blog da verrina irreverente, mas inteligente e simpática, de um
Millor Fernandes ou de um Aparício Torelly, o Barão de Itararé.
Reginaldo
Vasconcelos
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