sábado, 19 de maio de 2018

ARTIGO - Cadê a Coragem? (HE)



CADÊ CORAGEM?
Humberto Ellery*



No início de 2017, Rodrigo Janot começou a “mexer os pauzinhos” para ser re-re-conduzido ao cargo de Procurador Geral do Ministério Público Federal.

O Presidente Temer então o chamou ao Palácio do Planalto (dentro da agenda oficial – viu, Andréia Sadi?) e, educadamente, de forma clara e direta, lhe disse que ele não teria o terceiro mandato. Era hora de renovação. Foi o segundo grande erro do Presidente Temer: ser franco, jogar limpo e honestamente com um canalha, mestre da dissimulação, traição e jogo sujo.

O primeiro erro foi cometido ao derrubar da Presidência da Republica uma “mulher honrada” (segundo FHC), que “não cometeu crime algum” (segundo a Gleisi Hoffman) e eleita com mais de 54 milhões de votos (segundo atestou o TSE, na mais fraudada eleição da História).

Por conta desse “golpe democrático institucional”, Temer levantou contra si a gigantesca “máquina petista de assassinar reputações” (segundo Romeu Tuma Jr.), que começou a mover suas enormes e sujas engrenagens para destruí-lo.

Para isso contam com o apoio diário da imprensa lulista, da Universidade marxista, dos artistas  petistas (que não perdoam o Temer por ter implantado uma gestão honesta na Lei Rouanet, acabando com as mamatas – não é, Chico Buarque?). E, principalmente, com a concordância bovina dos abestados que acreditam em tudo que veem e ouvem na Rede Globo, que assumiu a liderança do processo.

Como o Governo Temer já começara, a duras penas, a tirar o Brasil do buraco onde o PT nos colocara, o Janot decidiu que tinha pouco tempo, era hora de agir, precisava iniciar logo a feitiçaria.

Então, na véspera da primeira votação da Reforma da Previdência, que seria a base da sustentabilidade do crescimento (ainda lento) mais consistente do País, o Janot, por intermédio do Lauro Jardim, da Rede Globo, jogou uma mentira no ventilador e lançou o Brasil na mais terrível crise política dos últimos tempos, adiando sine die a indispensável e inadiável reforma. Ao Jannot ele não importou o prejuízo que estamos sofrendo por conta dessa bruxaria, pois seu projeto pessoal de poder é mais importante. Canalha!

O roteiro da bruxaria hoje está muito claro, confirmado pela gravação acidental do Joesley Batista, que “entregou” todo o serviço sem perceber que o gravador estava ligado. Começou o Janot avocando para si a negociação do Acordo de Leniênca da J&F, que regularmente deveria se dar com o MP de 1ª Instância.

Depois Janot “nomeou” o Fachin para relator, que aceitou de bom grado essa total inversão de hierarquia, inclusive atropelando o princípio do juiz natural, que deveria ser sorteado, tudo com a devida aprovação da “prima Carminha” (que está a cara do personagem do Chico Anysio, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro).

Em seguida, com o Marcelo Miller (braço direito do Janot) atuando dos dois lados do balcão, executaram toda a feitiçaria, e ofereceram a liberdade total ao Joesley, em troca de atrair o Temer para a armadilha adrede preparada.

O Ministro Barroso talvez tenha dado uma assessoria informal, não diretamente, mas sem esquecer que ele é meio-irmão da Fernanda Tórtima, advogada do grupo J&F, e portanto sabia de tudo. E foi o que se viu.

Tentaram acuar o Presidente Temer no corner do Ring, na intenção de bater até derrubá-lo. Só não contavam com a pertinaz resiliência do Temer, e com a sua insuperável capacidade de dialogar com o Congresso Nacional – não por acaso, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, líder e presidente do maior partido do Brasil, o PMDB.

Depois que a casa caiu, que as mentiras se revelaram em toda sua asquerosa extensão, só restou ao Janot pedir ao Fachin a anulação do Acordo de Leniência do Joesley e a prisão do Miller. Só que o Miller também tem mestrado em feitiçaria e pronunciou sete palavrinhas mágicas que o blindaram contra a prisão.

A feitiçaria do Miller foi mais forte que um Habeas Corpus Preventivo do Gilmar Mendes, um verdadeiro salvo-conduto. As palavras mágicas não foram abracadabra, nem Hocus Pocus, nem sim salabin. Ele não recorreu ao poderoso quadro de Sator, nem à poderosa fórmula selagadula mexicabula babidi bobidibu. Nada disso. Ele apenas sussurrou: “Se me prenderem, eu abro a boca...”.

Agora, cadê coragem ao Fachin para cancelar o Acordo de Delação e mandar prender o Miller?




COMENTÁRIO

Parece-me muito claro que o PT e o PMDB foram os principais parceiros no assalto ao erário ocorrido durante os últimos mandatos presidenciais, quando as grandes estatais foram assaltadas, principalmente a Petrobras.

Embora houvesse outros atores e beneficiários partidários nas federais “maracutais” (ironicamente, um neologismo popularizados pelo Lula – quase ninguém se lembra disso), o PMDB, que, para se disfarçar, após os delitos tirou a barba e voltou a ser MDB, tentando resgatar a honradez da sigla, de fato era ele o irmão-siamês do partido do Governo, ocupando, inclusive, a vice-presidência.

Defender Michel Temer, diante desse quadro, é muito temerário – embora não seja verdade que o impeachment da Dilma tenha sido promovido por ele, ao contrário do que afirmam os ressentidos do PT, seus atuais opositores.

Mas as ligações íntimas de Temer com os peemedebistas desonestos, dos quais era líder, torna muito difícil a sua defesa, embora, contra ele mesmo, por mais que os persecutores penais se tenham contorcido, nada se tenha conseguido comprovar até agora.

Aliás, como acontece com todos os líderes, que delínquem por mãos de terceiros e se cercam de cuidados para não deixar nas armas dos crimes coletivamente cometidos as suas próprias digitais.

Mas também é verdade que não seria sensato promover a quebra institucional – aí sim, um grave Golpe de Estado – retirando o Temer da Presidência da República, quando neste mandato-tampão ele se esforça de fato para reduzir os malefícios provocados ao País pelos Governos de que ele próprio foi partícipe.

Mais grave ainda ficar tentando fazer todo o possível para atrapalhar a restauração da ordem, em nome progresso, torcendo pelo “quanto pior, melhor”, apenas para prejudicar o Presidente, sem considerar os malefícios que isso traz para o País.

Porém, é bonito assistir a determinação épica de Humberto Ellery em defender incondicionalmente o seu ex-correligionário Michel Temer, como um guerreiro solitário, lançando os mais brilhantes e convincentes argumentos, em textos sempre muito bem urdidos e bem-humorados (naquilo que escapa ao austero copidesque do editor), dotando este Blog da verrina irreverente, mas inteligente e simpática, de um Millor Fernandes ou de um Aparício Torelly, o Barão de Itararé.     

Reginaldo Vasconcelos
    




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