SAI
DE BAIXO!
Humberto
Ellery*
Desde Aristóteles se sabe que “...o Homem é um
animal naturalmente político”, e a atividade política foi magnificamente
definida por Platão quando escreveu, 380 anos aC, sua magnum opus politeía,
(traduzida para A República) como a arte e a ciência de organizar,
administrar e relacionar de forma ética o Homem com a Polis (cidade).
Por definição, portanto, e até
etimologicamente falando, a Política é a mais nobre e destacada atividade do
Homem em seus relacionamentos entre si e com a cidade. Quem nos dá as Leis que
regem o relacionamento civilizado entre nós são os políticos do Poder
Legislativo; quem administra os recursos, que recolhem de nós através dos
impostos, e proveem o capital social básico de transportes, escolas e saúde
públicas, segurança, e todo o funcionamento harmônico do Estado, são os
políticos do Poder Executivo. O Judiciário nem é Poder, pois “todo poder emana
do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos”, e os juízes não
são eleitos (o que seria uma boa ideia).
Não estou inventando nada, uma vez que
Montesquieu, no Espírito da Leis, também não considerava o Judiciário um Poder.
Imagine se ele visse o furor legiferante do nosso STF. Certamente ficaria
estarrecido, como estarrecido está nosso preclaro amigo Cândido Albuquerque
(recomendo a leitura de “Se adotarmos essa saída...” no blog da Academia
Cearense de Literatura e Jornalismo).
Portanto não consigo aceitar, sem reclamar,
que pessoas, instituições, autoridades constituídas, a imprensa, enfim toda a
sociedade esteja contaminada por uma campanha ininterrupta de desqualificar e
condenar toda a classe política, em nome de uma depuração, de um combate à
corrupção, que pretende matar o rebanho para combater uma praga de carrapatos.
Quer jogar fora a criança junto com a água suja da bacia.
Quando me deparo com alguém que, apenas
iniciada uma conversa sobre política, já repete o bordão estúpido “todo
político é ladrão”, geralmente arranjo uma desculpa qualquer para me escafeder,
pois não convivo bem com a imbecilidade.
Às vezes, no entanto, me dou ao trabalho de
perguntar: “Amigo, você conhece seis políticos?” E completo, “conhecer
significa ter convivência próxima e continuada por um longo tempo, ‘comer um
quilo de sal com ele’, de modo a ter conhecimento de seus princípios éticos e
morais; se já participou com eles de situações limites, quando o caráter do
homem aflora, e então poder afirmar com o conhecimento nascido da convivência,
que o cidadão é honesto, digno, ou trata-se de um pilantra? A resposta
geralmente é: “Com esse grau de intimidade, não conheço nenhum”.
Pois é: o indivíduo não conhece sequer seis
políticos (1 % dos políticos do Congresso Nacional: 513 deputados e 81
senadores, 594 parlamentares), e se dá o direito de qualificar como ladrões todo
o universo referido. Os 100 %!
Eu tive a oportunidade de conviver com os
seguintes políticos que são meus parentes bem próximos, portanto os conheço e
sei que são honrados. Meu pai Humberto Ellery, mesmo não sendo um político tradicional, foi
Vice-Governador do Ceará (1966/71), meu irmão Humberto Henrique foi prefeito de
Camaçari (BA).
Sua esposa, Simara, foi Deputada Federal
pelo PMDB da Bahia, o Paulo Lustosa, casado com minha irmã Angélica, foi Deputado Federal pelo PMDB/CE, e o filho deles Paulo Henrique
Ellery Lustosa da Costa, meu sobrinho, também Deputado Federal pelo PMDB/CE. Só
aí são cinco políticos que conheço bem, e afirmo que são absolutamente dignos e
não fizeram fortuna com a política.
Por conta desse parentesco com tantos
políticos, conheço e convivo desde a adolescência com dezenas de deputados,
senadores, prefeitos, governadores, e conheci dentre eles pessoas da maior
qualidade, dignidade e espírito público, que entraram na política por um ideal
(e muita vaidade também, é óbvio).
Quando morei em Brasília, nos anos oitenta,
como Técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA, frequentei o Clube do
Congresso, onde fiz churrasco, bebi cerveja, joguei futebol e conversei muito
com dezenas de políticos de todos os Estados da Federação. Conheci gente boa e
gente não tanto, mas sempre soube distinguir uns dos outros, o que não é
difícil.
Entre 2005 e 2011 fui Assessor Técnico da
Liderança do PMDB, único partido ao qual fui filiado, e lá mesmo, na Câmara dos
Deputados, conheci praticamente todos os Deputados do meu partido, para quem
elaborei discursos, preparei entrevistas, orientei elaboração de leis e toda
uma variedade de trabalhos que competem a um Assessor Parlamentar. Foram mais
de seis anos de convivência diária com políticos dos diversos partidos,
assessores, jornalistas, e demais profissionais que orbitam o Congresso
Nacional. Conheço a Política por dentro, como poucos.
Não aceito que “comentaristas”, “cientistas
políticos”, “especialistas em generalidades” continuem na TV a dizer bobagens
em tom solene. Muitos desses tais, se fossem meus alunos, seriam reprovados por
falta. Falta de caráter. Mentem, distorcem notícias, omitem informações, “chutam”
dados estatísticos (que ninguém confere, mas eu confiro), tudo em prol do
Grande Projeto de Extinção da Classe Política. Não esqueçamos que são, em sua
grande maioria esquerdistas, petistas, viúvas do Lula, e pretendem, já que não
dá para “lustrar” a imagem do seu demiurgo, emporcalhar a imagem dos outros.
Simples assim!
Fazer uma enorme lista de políticos que
merecem o meu respeito seria enfadonho, despropositado e perigoso (vai que
esqueço um amigo!), mas apenas para demonstrar que não tenho má vontade com
esquerdistas em geral, e petistas em particular, posso citar Aldo Rebelo,
Eduardo Suplicy, Rubens Bueno, Roberto Freire, Paulo Paim, os irmãos Viana do
Acre, e, em nível local, Arthur Bruno, Nelson Martins, Acrísio Sena, Mário
Mamede.
Concluo com uma frase do Jurista Nilo Batista,
que foi governador do Rio de Janeiro, e foi vítima de uma campanha suja, como a
que matou o Reitor Cancellier da UFSC, como a que destruiu a carreira política
do Ibsen Pinheiro, ou a que destroçou a vida do casal Shimada, da Escola
Base de São Paulo, e a que está em pleno andamento contra o Presidente Temer:
“A Imprensa tem o formidável poder de apagar
da Constituição o Princípio da Inocência, ou, o que é pior, de invertê-lo”.
Quando então a imprensa fica mancomunada com o Ministério Público Federal e o
STF (majoritariamente petista), aí... Sai de baixo!
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