NÓS NÃO
MERECEMOS
O BRASIL
Reginaldo Vasconcelos*
Nós
quem, cara pálida? Todos nós, das cinco atuais gerações, e desde os colonizadores,
nossos ascendentes portugueses.
Desde
quando maltratamos os índios, que não foram bem civilizados – inclusive para
assumir o novel mercado de trabalho que o descobrimento lhes abria, pois antes
foram tratados como reles gentios – catequizados, vilipendiados, estuprados, desaldeados,
espoliados, escravizados, relegados à marginalidade cultural e à indigência absoluta.
E
de quando resolvemos traficar africanos infelizes, para serem ainda mais
infelizes entre nós, sob a submissão do cativeiro e da chibata – e depois lhes brindarmos
com a liberdade civil, sem qualquer respaldo da estrutura social,
abandonando-os à miséria e empurrando-os para a marginalidade.
E
depois, de quando deixamos de ser uma das potências do mundo da época,
pertencente ao seleto e glorioso clube das monarquias parlamentaristas, que até
hoje subsistem e prosperam, para, de forma quixotesca, proclamarmos a
república, e depois confirmarmos a nossa desgraça no plebiscito de 1993.
Em
1889, tornamo-nos um arremedo de democracia e uma caricatura mal desenhada dos
exitosos irmãos do Norte, constituindo-nos numa “republiqueta de bananas”, que vem
de déu em déu entre golpes de estado, escândalos financeiros e falências
públicas, elegendo um sujeito qualquer para brincar de rei com o povo
brasileiro, por um variável período de, em média, meia dúzia de anos.
Nós,
que votamos em um sandeu como Jânio Quadros, e que fomos repetir a dose com
Fernando Collor, não sem antes construirmos uma “ilha da fantasia” no centro do
território, abandonando a bela Capital Federal de então, que era a Cidade
Maravilhosa de fato, e hoje é o epicentro nacional da criminalidade, da corrupção
e da vergonha.
Na
sequência, entregamos o País a outros falsos “salvadores da pátria”, os quais
deixaram a Nação em frangalhos, e que continuam representados no Poder, em
pleno exercício da demagogia, dando show de ineficiência, a promover a
desmoralização do povo e o desmantelamento do Estado Nacional.
Enfim,
sob Juscelino Kubistchek desativamos a malha ferroviária, que merecia ser mantida, zelada e ampliada pela nossa superfície continental, e, sob Lula da
Silva e caterva, nós quebramos a Petrobrás – e agora não sabemos o que fazer
para transportar a nossa vida pelo caríssimo modal rodoviário. E agora, José?
Contristado,
encerro o artigo de forma melancólica, com uma sentença shakespeariana: “A culpa não está nas estrelas, mas ela está dentro de nós”.
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