domingo, 1 de dezembro de 2013

METÁFORA MEDIEVAL



Uma visão Sprokiana
      Por Fernando Dantas*




Em uma terra distante, e em época longínqua, no reino de Sproke havia a união do povo. Sem distinção de casses, raças, religiões nem de ideologias. Nessa terra que terra, que servia de exemplo para outros reinos, havia ordem e respeito às funções sociais exercidas por cada sprokiano, que trabalhava feliz, em prol do bem comum.


Esse bem-estar comum a todos em Sproke gerava inveja nos governantes de outros reinos que sempre buscavam imitar os mesmos padrões. Mesmo assim não conseguiam. Isso gerava insatisfação nos reinos vizinhos devido ao bem-estar do povo de Sproke, que refletia na insubordinação dos demais povos.

Logo chegou a revolta, com as guerras. Com isto os Crokins, guerreiros de Sproke, começaram a ser treinados para defesa de seu reino. Este treinamento levou sempre a êxitos nos objetivos de defesa.  Sempre que chamados à batalha, todas as equipes de gladiadores estavam a tempo em seus postos de combate. Mas as contínuas defesas geraram nos Crokins excesso de autoconfiança, o que veio com o tempo a provocar acomodação.


Sheradin, chefe dos arqueiros da muralha, sempre se esmerou em comandar com complacência e humanismo seus subordinados, que além de eficientes eram pontuais no início. Mas em algumas situações, alguns começaram a chegar atrasados às posições de defesa da entrada de Sproke. Isto, para Sheradin, era inconcebível dentro da moral e da ética sprokiana.

Em uma tarde chuvosa do inverno do primeiro quarto do século 345, os Hasheniakes partiram para invadir Sproke e buscar seu segredo de harmonia. O percussor aquilino Eaglen, logo comunicou a Sheradin, que de pronto ordenou o toque de trombetas invocando todos seus arqueiros.

As horas passaram, a noite chegou com o brilho da lua, com apenas a companhia dos uivos do vento frio soprado do setentrião. Mas nem arqueiro chegava ao seu posto de defesa. Isto incomodou a guerreira chefe, que sempre solicitava ao seu subcomandante que avisasse sinais de possíveis ataques. O flanco de entrada, área mais vulnerável,  estava desprotegido pela ausência dos ases do arco e flecha.

A irritação foi grande para Sheradin, que, sem ouvir o som de cavalos ou guerreiros, logo adormeceu em um monte de feno. A noite passou em segundos. E logo o primeiro raio de sol aqueceu a face rosada de Sheradin. Ela acordou atordoada com um som de passos, que logo imaginou ser o inimigo.

Em posição de combate se pôs em pé e, ao invés de um inimigo, se deparou com Chooegra, seu subcomandante. Por muito pouco ele não teve a garganta cortada. Passada a tensão inicial, Chooegra foi questionado energicamente por Sheradin, porque todos os arqueiros haviam sumido, e não haviam avisado de sua ausência na entrada de Sproke.

O subcomandante, já mais calmo, explicou a Sheradin o que ocorrera. Tudo realmente estava mais calmo. Mas, após o sono da comandante dos arqueiros, a chuva voltara mais forte ainda, chegando a enxurrada a destruir a muralha sul do reino.

Com isto, em vez dos arqueiros seguirem para a entrada de Sproke, seguiram à cavalo para Demotron onde, ao se depararem com parte da muralha ao chão, notaram  que os Hasheniakes mudaram a estratégias e chegaram a pé, silenciosamente. Mas não esperaram ser dizimados pelos arqueiros que foram guiados por Eaglen, o qual estava na tropa.

Diante desse quadro, Sheradin baixou a vista, em sinal de que, reconhecia, estivera equivocada, julgando unilateralmente seus comandados, que agiram legitimamente para salvar a sua própria vida.

Isto veio a ocorrer porque Sheradin estivera a julgar todos de forma generalizada. Dentro de sua visão, ela havia distorcido os verdadeiros fatos que concorreram para o atraso da tropa de arqueiros.

*Fernando Dantas
  Jornalista e Advogado
Titular da Cadeira nº 19 da ACLJ

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