Uma visão Sprokiana
Por Fernando Dantas*
Em uma terra distante, e em época longínqua, no reino de Sproke havia a união do povo. Sem distinção de casses, raças, religiões nem de ideologias. Nessa terra que terra, que servia de exemplo para outros reinos, havia ordem e respeito às funções sociais exercidas por cada sprokiano, que trabalhava feliz, em prol do bem comum.
Esse bem-estar comum a todos em Sproke gerava inveja nos governantes de outros reinos que sempre buscavam imitar os mesmos padrões. Mesmo assim não conseguiam. Isso gerava insatisfação nos reinos vizinhos devido ao bem-estar do povo de Sproke, que refletia na insubordinação dos demais povos.
Logo chegou a revolta, com as
guerras. Com isto os Crokins, guerreiros de Sproke, começaram a ser treinados
para defesa de seu reino. Este treinamento levou sempre a êxitos nos objetivos
de defesa. Sempre que chamados à
batalha, todas as equipes de gladiadores estavam a tempo em seus postos de combate.
Mas as contínuas defesas geraram nos Crokins excesso de autoconfiança, o que
veio com o tempo a provocar acomodação.
Sheradin, chefe dos arqueiros da
muralha, sempre se esmerou em comandar com complacência e humanismo seus
subordinados, que além de eficientes eram pontuais no início. Mas em algumas
situações, alguns começaram a chegar atrasados às posições de defesa da entrada
de Sproke. Isto, para Sheradin, era inconcebível dentro da moral e da ética
sprokiana.
Em uma tarde chuvosa do inverno do
primeiro quarto do século 345, os Hasheniakes partiram para invadir Sproke e
buscar seu segredo de harmonia. O percussor aquilino Eaglen, logo comunicou a
Sheradin, que de pronto ordenou o toque de trombetas invocando todos seus
arqueiros.
As horas passaram, a noite chegou
com o brilho da lua, com apenas a companhia dos uivos do vento frio soprado do
setentrião. Mas nem arqueiro chegava ao seu posto de defesa. Isto incomodou a
guerreira chefe, que sempre solicitava ao seu subcomandante que avisasse sinais
de possíveis ataques. O flanco de entrada, área mais vulnerável, estava desprotegido pela ausência dos ases do
arco e flecha.
A irritação foi grande para
Sheradin, que, sem ouvir o som de cavalos ou guerreiros, logo adormeceu em um
monte de feno. A noite passou em segundos. E logo o primeiro raio de sol
aqueceu a face rosada de Sheradin. Ela acordou atordoada com um som de passos,
que logo imaginou ser o inimigo.
Em posição de combate se pôs em pé
e, ao invés de um inimigo, se deparou com Chooegra, seu subcomandante. Por muito
pouco ele não teve a garganta cortada. Passada a tensão inicial, Chooegra foi
questionado energicamente por Sheradin, porque todos os arqueiros haviam
sumido, e não haviam avisado de sua ausência na entrada de Sproke.
O subcomandante, já mais calmo,
explicou a Sheradin o que ocorrera. Tudo realmente estava mais calmo. Mas, após
o sono da comandante dos arqueiros, a chuva voltara mais forte ainda, chegando
a enxurrada a destruir a muralha sul do reino.
Com isto, em vez dos arqueiros
seguirem para a entrada de Sproke, seguiram à cavalo para Demotron onde, ao se
depararem com parte da muralha ao chão, notaram
que os Hasheniakes mudaram a estratégias e chegaram a pé, silenciosamente.
Mas não esperaram ser dizimados pelos arqueiros que foram guiados por Eaglen, o
qual estava na tropa.
Diante desse quadro, Sheradin baixou
a vista, em sinal de que, reconhecia, estivera equivocada, julgando
unilateralmente seus comandados, que agiram legitimamente para salvar a sua própria
vida.
Isto veio a ocorrer porque Sheradin
estivera a julgar todos de forma generalizada. Dentro de sua visão, ela havia
distorcido os verdadeiros fatos que concorreram para o atraso da tropa de
arqueiros.
*Fernando Dantas
Jornalista e Advogado
Titular da Cadeira nº 19 da ACLJ
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