CONSULTORES
PADRÃO-OURO
Por Vianney
Mesquita*
Desde iniciado nos misteres da escrita, quando
adentrei os estudos do hoje primeiro grau e, maiormente, na antiga Escola
Industrial de Fortaleza, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia – IFCE, cuidei de afiançar a veracidade dos conceitos a manifestar,
por intermédio, em especial, de obras de referência e de outras produções
obsequiosas à consulta.
Somente depois de validadas (numa folha de
periodicidade incerta, o jornalzinho Vencer),
as ideias prosperavam no texto, a fim de não conduzir os, então, frugais
leitores ao logro, os quais poderiam multiplicar a falácia e perpetuar a
inverdade.
À proporção do progresso na recepção dos curricula, no contato mais reiterado com
bons docentes (sempre os tive), usei de a eles apelar, não apenas para obtenção
de seus juízos a respeito dos temas por mim cuidados, senão, também, com vistas
a me indicarem fontes onde me pudesse satisfazer da curiosice e saciar o
apetite de conhecer, ultrapassando a mera opinião comum.
Na Universidade – ali, sim – experimentei o lanço
de deparar excepcionais professores, da dimensão, e.g., de J.C. Alencar Araripe, Wagner Turbay Barreira, Adísia Sá,
Hélio Melo, Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses, Cid Saboia de Carvalho, José
Alves Fernandes, Paulo Bonavides, Sânzio de Azevedo e tantos outros, com os
quais, bem mais com alguns, ainda agora estabeleço ligações amistosas, a maior
parte deles com nexos à Universidade Federal do Ceará, instituição
paradigmática, prima inter pares dos
institutos similares no Ceará.
Granjeei outras amizades, no decurso do tempo, das
quais me sirvo para proceder à similitude de antes, a esta altura, entretanto,
já bastante adiantado na vida, na qualidade de consulente deles, cada qual em
sua especialidade – e especialidades, porquanto para mim representam uns quase – pansofistas – pois não me deixam, nunca,
com a pretensão malograda.
Não demora, nem é ocioso repetir, a ideia de consultor, configurada, na consonância
de Antônio Houaiss e Mauro de Salles Villar: 1 que ou aquele que dá conselho 2 que ou aquele que tem a função de dar
parecer, fornecer subsídios, sugerir, aconselhar.
Afora a ideação esposada na Economia como
estalão-ouro, sistema monetário cujo valor da moeda do país se expressa sob o
prisma legal, feita quantidade fixa de ouro correspondente (esta noção foi
abandonada após a chamada Grande Depressão, quando do crack da Bolsa de Nova Yorque, em 1929), o conceito ora empregado
conforma-se às apropriações da Epidemiologia e da Bioestatística em estudos de
naturezas diversas no âmbito dessas disciplinas.
No léxico de tais ramos da Ciência Médica, padrão-ouro
significa o teste-modelo para a comprovação por parte de outras provas, com
vistas a mensurar a exatidão desses testes, em resultados assecuratórios de
maior quantidade de acertos para diagnosticar o caso com a máxima certeza.
Daí, pois, a alegoria do título desta nota,
conferindo-me a sorte de privar da aliança desses consultores e por eles ser
bem recepcionado, fato garante da vera informação aos leitores.
O primeiro deles, sem nenhuma ordem de
precedência, é o professor Myrson Melo Lima, hoje o maior nome do ensino de
Língua Portuguesa no Ceará, docente ainda no chão da sala de aula, autor de
vários trabalhos didáticos, aposentado da Universidade Estadual do Ceará e do
IFCE-CE, pertencente ao quadro de imortais da Academia Cearense da Língua
Portuguesa. Ele jamais deixou de me atender ao telefone e nunca solicitou para
me responder depois.
Acontece, assim, também, com Sânzio de Azevedo,
intelectual polivalente, de quem me valho continuamente. Rafael Sânzio de
Azevedo é escritor prolífico no terreno da Literatura em todos os seus gêneros,
autor de mais de duas dezenas de livros, inclusive na área de Ciências da
Terra, quando iniciou ainda jovem sua produção; comentarista atilado, crítico
literário sobejo, docente apreciado, detentor de todos os títulos
universitários de pós-graduação, além de pessoa de fino trato e autor de quem
já tive a satisfação de comentar trabalhos.
Outro mestre é Rui Verlaine Oliveira Moreira, para
quem apelo quando a dúvida diz respeito a temas de Latim e Filosofia. Como os
demais, o dr. Rui Verlaine porta todos os títulos universitários e é autor
conhecido no Brasil e fora dele com seus trabalhos de Filosofia, em vários dos
sub-ramos, principalmente em coautoria com o prof. dr. José Anchieta Esmeraldo
Barreto, outro eminente autor de nossas letras acadêmicas, a me socorrer,
também, nos meus apuros epistemológicos, e na parceria de quem tenho no ativo
fixo dois livros publicados: A Escrita
Acadêmica – acertos e desacertos e Para
além das Colunas de Hércules.
O prof. dr. Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses
dispensa comentários no ecúmeno científico e cultural da Cidade (como, doutro
modo, estão isentos os demais), em razão de sua assinalada presença nesse
ambiente da nossa Terra. Intelectual de escol, extraordinário docente, escritor
eloquente e fecundo, também depositário da totalidade de láureas acadêmicas,
não só no Brasil, mas em França, também, e nos Estados Unidos. A ele indago
acerca de tudo, até de curiosidades de modo geral e ele jamais me deixa sem um
resultado. Devo-lhe, como exemplo de instrutor, muito da minha formação, a
qual, sem inculpá-lo (é claro), traz muitos defeitos.
Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses |
Vem agora, nosso Presidente, o prof. dr. Rui
Martinho Rodrigues, dispensado de apresentações. Polivalente, esférico no saber
das ciências, leitor não somente de livros, revistas e afins... Com três cursos
de graduação e todos os programas de pós-láurea, ele é protótipo de professor,
e, além de tudo, de pessoa humana insuperável no caráter, retidão e
honorabilidade, particularidades também dos consultores de luxo aqui
inventariados. Mais dele não expresso porque todos os do Sodalício o conhecemos
sobejamente.
Por fim, vem o arquiteto prof. dr. José Liberal de
Castro, com quem mantenho contato praticamente diário, a igual dos demais, com
invejáveis haveres de saber, um pouco mais entrado na idade, porém de
jovialidade impressionante na retentiva e no pensamento expresso.
Não mais lhe pergunto, para ele me deixar trabalhar, pois suas aulas por telefone são passíveis de demorar mais de uma hora, tanta informação suplementar contêm suas faustosas preleções. De tudo ao prof. dr. Liberal indago e tenho, incontinenti, os necessários esclarecimentos. Mais não refiro por conta da nossa amizade, pois podem a ela debitar exagero de fala.
Não mais lhe pergunto, para ele me deixar trabalhar, pois suas aulas por telefone são passíveis de demorar mais de uma hora, tanta informação suplementar contêm suas faustosas preleções. De tudo ao prof. dr. Liberal indago e tenho, incontinenti, os necessários esclarecimentos. Mais não refiro por conta da nossa amizade, pois podem a ela debitar exagero de fala.
É feliz, por conseguinte, o escrevinhador cujas
fontes para afastar dúvidas e extirpar ignorâncias estão configuradas em
pessoas tão regaladas pelo esclarecimento, eruditamente atiladas no saber.
Sou agradecido a Deus pelo fato de haver sabido
procurar os bons, no tentame de me aproximar da benignidade por eles detida, na
contingência das ensanchas acadêmicas e amistosas insertas nos espaços de
conhecimento.
Não tarda evidenciar, por fim, o fato de ter
outros consultores, muitos, entretanto, sem a recorrência dos pedidos de
parecer dirigidos aos mencionados intelectuais acerca dos quais discorri.
*Vianney Mesquita
(Docente da UFC, jornalista e escritor.
Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa e da
Academia Cearense de Literatura e Jornalismo).
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