quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CRÔNICA

CONSULTORES PADRÃO-OURO
Por Vianney Mesquita*

Desde iniciado nos misteres da escrita, quando adentrei os estudos do hoje primeiro grau e, maiormente, na antiga Escola Industrial de Fortaleza, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, cuidei de afiançar a veracidade dos conceitos a manifestar, por intermédio, em especial, de obras de referência e de outras produções obsequiosas à consulta.

Somente depois de validadas (numa folha de periodicidade incerta, o jornalzinho Vencer), as ideias prosperavam no texto, a fim de não conduzir os, então, frugais leitores ao logro, os quais poderiam multiplicar a falácia e perpetuar a inverdade.

À proporção do progresso na recepção dos curricula, no contato mais reiterado com bons docentes (sempre os tive), usei de a eles apelar, não apenas para obtenção de seus juízos a respeito dos temas por mim cuidados, senão, também, com vistas a me indicarem fontes onde me pudesse satisfazer da curiosice e saciar o apetite de conhecer, ultrapassando a mera opinião comum.

Na Universidade – ali, sim – experimentei o lanço de deparar excepcionais professores, da dimensão, e.g., de J.C. Alencar Araripe, Wagner Turbay Barreira, Adísia Sá, Hélio Melo, Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses, Cid Saboia de Carvalho, José Alves Fernandes, Paulo Bonavides, Sânzio de Azevedo e tantos outros, com os quais, bem mais com alguns, ainda agora estabeleço ligações amistosas, a maior parte deles com nexos à Universidade Federal do Ceará, instituição paradigmática, prima inter pares dos institutos similares no Ceará.

Granjeei outras amizades, no decurso do tempo, das quais me sirvo para proceder à similitude de antes, a esta altura, entretanto, já bastante adiantado na vida, na qualidade de consulente deles, cada qual em sua especialidade – e especialidades, porquanto para mim representam uns quase  pansofistas – pois não me deixam, nunca, com a pretensão malograda.

Não demora, nem é ocioso repetir, a ideia de consultor, configurada, na consonância de Antônio Houaiss e Mauro de Salles Villar: 1 que ou aquele que dá conselho 2 que ou aquele que tem a função de dar parecer, fornecer subsídios, sugerir, aconselhar.
 
Afora a ideação esposada na Economia como estalão-ouro, sistema monetário cujo valor da moeda do país se expressa sob o prisma legal, feita quantidade fixa de ouro correspondente (esta noção foi abandonada após a chamada Grande Depressão, quando do crack da Bolsa de Nova Yorque, em 1929), o conceito ora empregado conforma-se às apropriações da Epidemiologia e da Bioestatística em estudos de naturezas diversas no âmbito dessas disciplinas.

No léxico de tais ramos da Ciência Médica, padrão-ouro significa o teste-modelo para a comprovação por parte de outras provas, com vistas a mensurar a exatidão desses testes, em resultados assecuratórios de maior quantidade de acertos para diagnosticar o caso com a máxima certeza.

Daí, pois, a alegoria do título desta nota, conferindo-me a sorte de privar da aliança desses consultores e por eles ser bem recepcionado, fato garante da vera informação aos leitores.

O primeiro deles, sem nenhuma ordem de precedência, é o professor Myrson Melo Lima, hoje o maior nome do ensino de Língua Portuguesa no Ceará, docente ainda no chão da sala de aula, autor de vários trabalhos didáticos, aposentado da Universidade Estadual do Ceará e do IFCE-CE, pertencente ao quadro de imortais da Academia Cearense da Língua Portuguesa. Ele jamais deixou de me atender ao telefone e nunca solicitou para me responder depois. 

Acontece, assim, também, com Sânzio de Azevedo, intelectual polivalente, de quem me valho continuamente. Rafael Sânzio de Azevedo é escritor prolífico no terreno da Literatura em todos os seus gêneros, autor de mais de duas dezenas de livros, inclusive na área de Ciências da Terra, quando iniciou ainda jovem sua produção; comentarista atilado, crítico literário sobejo, docente apreciado, detentor de todos os títulos universitários de pós-graduação, além de pessoa de fino trato e autor de quem já tive a satisfação de comentar trabalhos.

Outro mestre é Rui Verlaine Oliveira Moreira, para quem apelo quando a dúvida diz respeito a temas de Latim e Filosofia. Como os demais, o dr. Rui Verlaine porta todos os títulos universitários e é autor conhecido no Brasil e fora dele com seus trabalhos de Filosofia, em vários dos sub-ramos, principalmente em coautoria com o prof. dr. José Anchieta Esmeraldo Barreto, outro eminente autor de nossas letras acadêmicas, a me socorrer, também, nos meus apuros epistemológicos, e na parceria de quem tenho no ativo fixo dois livros publicados: A Escrita Acadêmica – acertos e desacertos e Para além das Colunas de Hércules.

Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses
O prof. dr. Eduardo Diatahy Bezerra de Meneses dispensa comentários no ecúmeno científico e cultural da Cidade (como, doutro modo, estão isentos os demais), em razão de sua assinalada presença nesse ambiente da nossa Terra. Intelectual de escol, extraordinário docente, escritor eloquente e fecundo, também depositário da totalidade de láureas acadêmicas, não só no Brasil, mas em França, também, e nos Estados Unidos. A ele indago acerca de tudo, até de curiosidades de modo geral e ele jamais me deixa sem um resultado. Devo-lhe, como exemplo de instrutor, muito da minha formação, a qual, sem inculpá-lo (é claro), traz muitos defeitos.

Vem agora, nosso Presidente, o prof. dr. Rui Martinho Rodrigues, dispensado de apresentações. Polivalente, esférico no saber das ciências, leitor não somente de livros, revistas e afins... Com três cursos de graduação e todos os programas de pós-láurea, ele é protótipo de professor, e, além de tudo, de pessoa humana insuperável no caráter, retidão e honorabilidade, particularidades também dos consultores de luxo aqui inventariados. Mais dele não expresso porque todos os do Sodalício o conhecemos sobejamente.

Por fim, vem o arquiteto prof. dr. José Liberal de Castro, com quem mantenho contato praticamente diário, a igual dos demais, com invejáveis haveres de saber, um pouco mais entrado na idade, porém de jovialidade impressionante na retentiva e no pensamento expresso. 

Não mais lhe  pergunto, para ele me deixar trabalhar, pois suas aulas por telefone são passíveis de demorar mais de uma hora, tanta informação suplementar contêm suas faustosas preleções. De tudo ao prof. dr. Liberal indago e tenho, incontinenti, os necessários esclarecimentos. Mais não refiro por conta da nossa amizade, pois podem a ela debitar exagero de fala.

É feliz, por conseguinte, o escrevinhador cujas fontes para afastar dúvidas e extirpar ignorâncias estão configuradas em pessoas tão regaladas pelo esclarecimento, eruditamente atiladas no saber.

Sou agradecido a Deus pelo fato de haver sabido procurar os bons, no tentame de me aproximar da benignidade por eles detida, na contingência das ensanchas acadêmicas e amistosas insertas nos espaços de conhecimento.

Não tarda evidenciar, por fim, o fato de ter outros consultores, muitos, entretanto, sem a recorrência dos pedidos de parecer dirigidos aos mencionados intelectuais acerca dos quais discorri.


*Vianney Mesquita
(Docente da UFC, jornalista e escritor.
Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa e da

Academia Cearense de Literatura e Jornalismo).


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