IRRIGANDO A ATMOSFERA
*Por Cássio Borges
O problema da alta evaporação no espelho d’água do Açude
Castanhão está detalhadamente exposto no livro que escrevi em 1999, intitulado
“A Face Oculta da Barragem do Castanhão – Em Defesa da Engenharia Nacional”. Na
realidade, essa megabarragem foi construída em local errado, tendo em
consideração que na seção do Rio Jaguaribe onde ela foi construída não havia um
boqueirão – uma garganta cavada entre duas serras – adequado para
comportar um açude com 6, 7 bilhões de m3 de acumulação d’água.
Para que isto fosse possível, os engenheiros responsáveis
por esse megaprojeto tiveram que “construir” artificialmente um boqueirão, para
que tal obra comportasse o volume de água pretendido. Um absurdo!
Em consequência, o comprimento dessa barragem ficou em 10.500 metros
formando, assim, um imenso espelho d’água em sua bacia hidráulica,
exposto à evaporação. Ironicamente, era como se quisessem fazer irrigação
na atmosfera... Para vocês terem uma ideia, a barragem do Açude Orós tem 600
metros de comprimento, e a do Açude Banabuiú, 1.200 metros.
O pretendido Açude Castanheiro, previsto pelo DNOCS no Rio
Salgado, em Lavras da Mangabeira, teria apenas 90 metros de comprimento e
uma acumulação de até 2 bilhões de m3. Mas esta importante
obra foi descartada pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado o
Ceará para não prejudicar (reter) a água que seria destinada ao
Açude Castanhão. São erros de engenharia ou desconhecimento da Ciência
Hidrológica? Incompetência ou outros interesses? Vocês tirem suas próprias
conclusões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário