quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ARTIGO

IRRIGANDO A ATMOSFERA
*Por Cássio Borges


O problema da alta evaporação no espelho d’água do Açude Castanhão está detalhadamente exposto no livro que escrevi em 1999, intitulado “A Face Oculta da Barragem do Castanhão – Em Defesa da Engenharia Nacional”. Na realidade, essa megabarragem foi construída em local errado, tendo em consideração que na seção do Rio Jaguaribe onde ela foi construída não havia um boqueirão – uma garganta cavada entre duas serras – adequado para comportar um açude com 6, 7 bilhões de m3 de acumulação d’água.   

Para que isto fosse possível, os engenheiros responsáveis por esse megaprojeto tiveram que “construir” artificialmente um boqueirão, para que tal obra comportasse o volume  de água pretendido. Um absurdo!  Em consequência,  o comprimento dessa barragem ficou em 10.500 metros formando, assim, um imenso espelho d’água   em sua bacia hidráulica, exposto à evaporação.  Ironicamente, era como se quisessem fazer irrigação na atmosfera...  Para vocês terem uma ideia, a barragem do Açude Orós tem 600 metros de comprimento, e a do Açude Banabuiú, 1.200 metros.   

O pretendido Açude Castanheiro, previsto pelo DNOCS no Rio Salgado,  em Lavras da Mangabeira, teria apenas 90 metros de comprimento e uma acumulação de até 2 bilhões  de m3. Mas esta importante  obra foi descartada pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado o Ceará  para não prejudicar  (reter) a água que seria destinada ao  Açude Castanhão. São erros de engenharia ou desconhecimento da Ciência Hidrológica? Incompetência ou outros interesses? Vocês tirem suas próprias conclusões.

*Cássio Borges
 Engenheiro Civil
  Especialista em 
 Recursos Hídricos
Membro Honorário
       da ACLJ  



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