O ENGRAXATE E OUTROS SUICIDAS
Vianney Mesquita*
Os livros são os túmulos dos que não podem morrer. (Robert
William Chambers, novelista e contista ianque. *Brooklin-NY, 26.05.1865; + New York City,
16.12.1933).
Na contextura das letras de ficção, é notório o fato de o
gênero conto ser havido como casta bastante difícil de ser trabalhada pelo
escritor, máxime por se tratar de história relativamente curta e completa, com,
obrigatoriamente, exórdio, meio e fim. Esta grade composicional solicita de seu
criador bem mais engenho, em cotejo com outras espécies de manifestação
literoartística.
O exercício da prosa ficcional por intermédio desses gimmics requer aprimorada prontidão
intelectual, mais sutileza do autor, habilidade e talento.
Repele a intenção de escritores menos aparelhados
intelectivamente de se aventurarem pelos seus recintos e meandros, em razão do
balizamento imposto pelas instâncias requisitadas por tal espécie de entrecho,
pressuposto de inteligência e gênio inventivo, dotes não disponíveis aos
frequentadores da tão conhecida “vala comum”.

Mendes Junior, por conseguinte, cuidou de homenagear o
gênero conto, em seus espaços e comissuras, porquanto este, além de
relativamente breve e exato, admite somente um conflito, ação singular, sem os
desdobramentos acolhidos, exempli gratia,
pelos romances e novelas.

De tal sorte, diviso nos textos de Mendes Junior a
propriedade em relação ao gênero e a inventiva do escritor em decurso de
maturação no treino literário. Em tudo isso é assistido pela permanente
atualização fatual, sem, entretanto, descurar da informação já acumulada em
excepcionais leituras – comportamento que a ele confere, de plano, o perfil de
excelente autor, na expectação de mais e tão bem tramados argumentos, a fim de
granjear admiradores apostos no seu mesmo plano imaginativo e decodizante.
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