sábado, 16 de agosto de 2014

CRÔNICA (RV)

ATENTADO DEMONÍACO
Reginaldo Vasconcelos*


As circunstâncias estranhas em que morreu Eduardo Campos sugerem não ter sido casual, mas criminosa a sua torpe causação. Isso se considerarmos o momento eleitoral, a inexistência de um quadro de risco minimamente previsível para aquele desfecho, a absoluta desintegração dos corpos e de todos os demais meios de investigação do acidente, inclusive a misteriosa ausência do gravador de voz da caixa preta do avião.  

No início de uma campanha política à Presidência da República, envolvendo enormes interesses, exatamente quando ele crescia nas pesquisas de intenção de votos, tudo isso evidencia que alguém da pior qualidade, e com grande eficiência, pelas mais escusas motivações, tramou contra o ex-governador de Pernambuco o terrível atentado.



Claro que não se pode acusar nenhuma das demais candidaturas, pois todas elas estão compostas por pessoas de bem, acima de quaisquer suspeitas, sem qualquer indicação de intuitos criminosos. Porém, as paixões políticas que a campanha desperta podem ter levado um eleitor de maus bofes a tramar contra o jovem e belo político que ameaçava de derrota eleitoral o seu candidato, e o seu partido do coração.

Pessoalmente, sei de um óbvio suspeito de haver sabotado o voo, com a pretensão de eliminar de uma só vez a chapa toda, mas que por interferência divina falhou em parte, já que a candidata a vice, Marina Silva, por um feliz acaso, naquele dia não estava no avião. 

Posso apontar o culpado sem receito de cometer contra ele qualquer injustiça, nem crime de calúnia, já que há provas evidentes de sua decisiva participação no atentado, tanto como idealizador quanto como executor – e a minha constatação certamente será para ele motivo de orgulho e de regalo.

Porém não sei ainda para qual partido político trabalhou o terrorista, e de qual candidatura ele é adepto, porque não se pode atinar ainda sobre qual eventual futuro presidente eleito, dentre os candidatos remanescentes, tem potencial para afundar o País nas mais odientas e infernais conjunturas políticas e econômicas que já se prenunciam no horizonte, que cada um promete combater – mas que certamente são do interesse e estão nos planos dantescos do assassino.

Sim, porque o suspeito que estou a indiciar aqui é o próprio demônio, o único ser capaz de atrocidade tamanha, que marcou esse tento tenebroso contra o inditoso candidato e seis colaboradores, mas que foi contido pelos espíritos bonançosos da floresta que protegem a frágil Marina, e que certamente esbarrará a sua sanha malsã nas forças cósmicas que têm protegido esta nação dos destinos políticos mais cruéis – embora historicamente não a poupe de expiar suas culpas civis com sofrimentos sociais. Afinal, como se sabe, Deus é brasileiro.  


 *Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ 

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