A BOTINA E A ROSA
Paulo Ximenes*
No inolvidável mês de julho de 1978, tudo, de repente,
transfigurou-se em minha vida.
Uma viagem de férias, objeto do mais apurado desejo, e um encontro
casual com uma guria de cabelo louro e de olhos de esmeralda me fizeram
enxergar que existem mulheres especiais e únicas, tão especiais e únicas que
transformariam um elemento como eu – um atirado Dom Juan nordestino – em um
romântico de quatro costados.
Foi só a conta: um amor judiado pela distância e pelo fulgor da juventude logo ali se estabeleceu alto e invencível, sem se dar conta de que o tempo e o destino por vezes são como botina tosca a pisar numa rosa delicada...
Foi só a conta: um amor judiado pela distância e pelo fulgor da juventude logo ali se estabeleceu alto e invencível, sem se dar conta de que o tempo e o destino por vezes são como botina tosca a pisar numa rosa delicada...
Tempo rodado, destino cumprido, rosa estraçalhada, eis-me aqui no
cinza enorme da saudade, procurando um canto que seja, qualquer cantinho de
onde brote uma gota de alegria. Mas a alegria partiu dentro de um olhar que não
me olha mais.
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