ANUVIOU
Edmar Santos*
Os números digitais
no relógio brilhavam no escuro: marcavam seis horas da manhã. O sol estava com
preguiça e a cortina de nuvens cinza grafite parecia estender a madrugada.
Estalinhos das
gotículas de água da chuva faziam seus batuques chiadores no telhado; a bica que
jorrava água fazia meu cérebro me lembrar de que tenho bexiga e de que essa
estava já cheia. Fui forçado a sair da cama e esvazia-la.
Abri a porta que dá
para o pequeno quintal; o cheiro de tudo molhado me fez espirrar. Olhei para o
céu e ele era aquela tela dark úmida, esperando ser borrado de outras
cores, luzes. Voltei para a cama porque estava em dia de folga e, aquele visual
de filme dramático me incentivou a apreciar um pouco mais de preguiça no
colchão.
Ouvi minha mulher, que
já estava na cozinha, que havia tido vontade de tomar um café quente. Também
fiquei com essa vontade, no entanto, preferi esperar que ela o fizesse – por
vezes sou eu quem o faz. Depois de sentir o aroma da cafeína tomando conta do
corredor que dá para meu quarto, levantei e fui apreciar aquela bebida matinal.
Segui a rotina do
dia. O céu continuava ainda com cara de zanga: resmungava por trovões, piscava
por relâmpagos e espirrava por chuva.
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