ANUVIOU
Edmar Santos*
Os números digitais
no relógio brilhavam no escuro: marcavam seis horas da manhã. O sol estava com
preguiça e a cortina de nuvens cinza grafite parecia estender a madrugada.
Estalinhos das
gotículas de água da chuva faziam seus batuques chiadores no telhado; a bica que
jorrava água fazia meu cérebro me lembrar de que tenho bexiga e de que essa
estava já cheia. Fui forçado a sair da cama e esvazia-la.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1L_gsmq76MAuTMXm9nkAuc2pmVVn5nGaMJwzF1DRBXIPrzU2oFn7wFgLFS11ZZlXcK1xogsBmrcuMJTjaO_T_ap2H22UnXCUhsBgpk10egJvO0L3YSZOWtZZlw3YLzqVgMhUWx_8EZYNk/s320/NUVENS.jpg)
Ouvi minha mulher, que
já estava na cozinha, que havia tido vontade de tomar um café quente. Também
fiquei com essa vontade, no entanto, preferi esperar que ela o fizesse – por
vezes sou eu quem o faz. Depois de sentir o aroma da cafeína tomando conta do
corredor que dá para meu quarto, levantei e fui apreciar aquela bebida matinal.
Segui a rotina do
dia. O céu continuava ainda com cara de zanga: resmungava por trovões, piscava
por relâmpagos e espirrava por chuva.
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