RIDÍCULO
Reginaldo Vasconcelos*
Posso esvaziar a mente
de todo pensamento, e é isso o que faço.
Não compensa pensar.
Não é viável
esperar que os circunstantes sejam todos bem-pensantes.
Calo. Sento. Sorvo
um pouco de alimento e ouço os passarinhos.
Morrer talvez fosse ridículo, mas
não tanto quanto a vida.
A vida é tão ridícula quanto as cartas de amor, mas
não tanto quanto esse verso de Pessoa.
Não quero rir, nem quero chorar.
Não quero ouvir
sobre meus erros.
Não quero o medo. Prefiro a morte. Não quero ser o que não
sou.
Nem o que sou eu quero ser.
Eu quereria não ser nada.
Não sou nada.
A presunção, a
cupidez, a vaidade, a ufania... tudo ridículo sentimento.
Quero a companhia,
quero o olhar, quero o silêncio.
Querer bem sem interesse é tudo o que eu quero.
Estou farto do que é
fátuo, do que é ridículo, do que é vicioso, do que é ocioso.
Quero deitar e
morrer. Dormir e descansar.
Não quero mais nada.
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