RÉQUIEM A BELCHIOR
Alana de Alencar*
Poema para um Antônio que me deixou marcas...
Apenas gostaria, em princípio, de acender as luzes.
Nessa noite, meus poemas são todos escuridão.
A morte, Antônio, me parece ser mais do que certeza...
Tem me chegado como a dor de ver, em tempo real,
a poesia se fundir ao tempo.
A verdade de não se ver cumprir o soberbo destino cantado,
exatamente, por estarmos fadados a ser filhos de Adão.
Então... volte para o Sol.
Eu estarei sangrando...
Sangrando a intensidade da tua obra
que agora parece atravessar meu peito...
E sinto, acredite, na pele, o teu punhal que corta...
a tua tão temida faca de ponta sobre a carne dos meus versos...
Talvez eu cante. Talvez eu só chore.
NOTA DO EDITOR
Este 30 de abril marca o aniversário de dois anos da morte do
compositor cearense Belchior (Antônio Carlos Belchior), que faleceu em 2017.
Alana de Alencar, como toda a juventude brasileira dos anos 70, 80 e 90 tem a
obra de Belchior na trilha musical da sua memória afetiva do período. Mas ela é
uma fã especial e tem maior afeto pelo saudoso artista sônico porque o conheceu
pessoalmente, amigo pessoal de seu pai e frequentador de sua casa, um ídolo que na sua
infância a punha do colo, sempre muito afetuoso.
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