heróis
do Ceará
Wilson Ibiapina*
O cartunista cearense Hermínio Castelo Branco, o Mino, como ele
assina suas histórias, é o criador do primeiro super-herói cearense de revista
em quadrinhos. É o Capitão Rapadura, “O herói que tudo atura”.
Trata-se de um humilde cearense, com aspecto de camponês, que usa
um chapéu de couro igual ao que o sanfoneiro Dominguinhos carregava na cabeça.
Sua fonte de energia é a rapadura, feita de cana-de-açúcar.
Basta uma lambida num pedaço de rapadura que aquele cearense se
transforma num super-herói. Brincadeira à parte, o Ceará tem heróis de
verdade e seus nomes estão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O último a
ser incluído no livro, por iniciativa da deputada Luizianne Lins, é
Antônio Vicente Mendes Maciel.
O famoso Antônio Conselheiro, filho de Quixeramobim, conterrâneo de
Fausto Nilo, teve seu nome aprovado pelo plenário do Senado como símbolo
da liderança social na comunidade de Canudos, que ele implantou no interior da
Bahia.
Conselheiro incomodou os republicanos da época e foi morto dias
antes do fim da guerra dos Canudos, em 5 de outubro de 1897. Virou tema do
livro “Guerra do Fim do Mundo, do escritor peruano Mário Vargas Llosa. A
história dele está, também, no livro Os Sertões, que Euclides da Cunha escreveu
em 1902.
Outros cearenses estão com seus nomes no livro dos heróis: Dom
Helder Câmara, que o jornalista pernambucano Nelson Rodrigues chamava de “padre
de passeata”, por sua participação em movimentos de rua em favor do povo. Estão
lá, também, Miguel Arraes, que governou Pernambuco; o português Martim Soares
Moreno, considerado o fundador do Ceará, imortalizado no romance de José de
Alencar como o guerreiro branco que casou com Iracema. Francisco José do
Nascimento, o Chico da Matilde, aparece no livro como líder abolicionista, que
entrou para a História como Dragão do Mar.
Duas mulheres estão com seus nomes no livro: Antônia Alves Feitosa,
que ficou conhecida pelo apelido de Jovita. Foi a primeira mulher a entrar no
Exército. Em 1865 ela se engajou como Voluntária da Pátria, atendendo à
campanha de recrutamento para ir lutar na Guerra do Paraguai.
A outra é Bárbara Pereira de Alencar. Ela nasceu no município pernambucano
de Exu, mas foi criança para o Crato. Na revolução pernambucana de 1817, Bárbara
de Alencar foi presa e torturada numa das celas da Fortaleza de Nossa Senhora
de Assunção, em Fortaleza. É considerada a primeira prisioneira política da História
do Brasil.
A heroína republicana era mãe dos também revolucionários José Martiniano Pereira de Alencar e Tristão Gonçalves, e avó do escritor José de Alencar.
Brasileiros de outros estados estão também no chamado livro de aço. Ele pode ser consultado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
COMENTÁRIO
Sem querer polemizar,
e com o intuito único de restabelecer a verdade, gostaria de esclarecer que
Antonio Conselheiro não “foi morto dias antes do fim da guerra
dos Canudos”. Na realidade, Conselheiro morreu de uma prosaica infecção
intestinal. Como está escrito dá a impressão de que ele tombou em combate.
Doutra parte, comumente o episódio é chamado de “Guerra de Canudos”. Como está
dito, passa a ideia de que o combate era devido à disputa de “canudos”...
Canudos era o nome do local.
Antônio Mourão Cavalcante
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