quarta-feira, 8 de maio de 2019

ARTIGO - Caminhos de uma Vida Fértil (VM)

CAMINHOS DE
UMA VIDA FÉRTIL
(Artigo Inaugural da obra Notações de um Percurso Pessoal e Acadêmico)
Vianney Mesquita*



A Ciência é o cemitério das ideias mortas.
(MIGUEL DE UNAMUNO)


Antes de adentrar, com elevada satisfação, os escólios a respeito do autor deste livro, o cientista piauiense, militante das Ciências da Terra – Geologia e seus ramos disciplinares, internacionalmente conhecido e apreciado, intento preparar os solos, com seus horizontes texturais, a fim de melhor assentar meus motivos condutores das notas, procedendo a informações propedêuticas sobre minha inserção na mesma Casa de Saber onde opera o autor da obra sob comento, publicado pela Expressão Gráfica – o pesquisador Prof. Dr. Raimundo Mariano Gomes Castelo Branco.

Na qualidade de cearense, sob o prisma do conhecimento e da cultura – embora infinitamente abaixo do estatuto acadêmico do produtor desta obra – minha referência fundamental assenta na Universidade Federal do Ceará, conjunto acadêmico modelar fundado pelo extraordinário Prof. Antônio Martins Filho, no recuado ano de 1954, ao congregar algumas faculdades e escolas isoladas de Fortaleza, concedendo-lhes caráter universitário.

Universidade – não demora reiterar – conforma uma instituição de ensino e procura da informação ordenada, constituída por um conjunto dos mencionados institutos, destinados a promover a formação profissional e científica em nível superior, bem como efetivar demanda teórica e prática na maioria das vertentes da recepção do saber humanístico, artístico e tecnológico, bem como proceder à divulgação de seus resultados a uma vasta comunidade receptora.

Na minha família, de um contingente composto por 12 irmãos germanos (dez homens e duas mulheres), uma dezena recebeu diploma de formação superior na UFC e dois na Universidade Estadual do Ceará. Quatro deles – grupo no qual me inserto – fomos parte do seu quadro docente, e médico, três na qualidade de professores (Agronomia, Comunicação/Ciência da Informação e Estatística) e um como facultativo do Complexo Hospitalar Prof. Walter de Moura Cantídio – Campus de Porangabussu. 

Em tal contingência, bastante salutar, estive em atividade oficial no decurso de 20 anos (1977 a 1996) nos ambientes de ensino, pesquisa, extensão e administração acadêmica – e extraoficial, após a aposentadoria, até o momento, eis que jamais me desliguei da Instituição. Isto porque ali desenvolvo, ainda, atividades de revistador de trabalhos de Mestrado e Doutorado, livros e artigos para publicação em periódicos acadêmicos de acreditação dos órgãos de fomento das três linhas expressas pela Lei 5540/1968 (Reforma Universitária), e, até hoje, componente do Colegiado Curador da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura -UFC, cujo Presidente é o meu conterrâneo e co-árcade novo da Arcádia Nova Palmaciana, Prof. Francisco Antônio Guimarães, há muito tempo, um dos nomes paradigmáticos, de alevantado prestígio neste ambiente de instrução e sabedoria, onde Virtus Unita Fortior ( “A virtude, unida, é mais forte”).

Nesse entretempo relativamente extenso, ex-vi das circunstâncias, experimentei a ensancha de conviver, amistosa e academicialmente, com pessoas de alçado caráter individual e elevado potencial de inteligência, o que me orientou a acompanhar, sem dominar (é claro), o estado d’arte das matérias acadêmicas, conduzindo-me a editar alguns livros e muitos artigos com teor de instrução ordenada, recepcionados por magazines universitários brasileiros, tendo por objeto a informação sistematizada, literatura, história, religião et reliqua, felizmente, bem aceitos pelos juízos críticos expendidos no âmbito do Ceará.      

Por haver sido partícipe de uma Administração – a do Magnífico Reitor Prof. Dr. Hélio Leite – minhas relações universitárias foram plurais, de vinculação com áreas diversas da Instituição, sem particularizar nenhuma, motivo por que logrei alcançar e contrair amizade pessoal com nomes de peso da Ciência patrial, de influência além-Brasil, que têm por locus de atuação a UFC.

Aproveito para exemplificar, no concerto de algumas searas, o Prof. Dr. Anchieta Barreto (Educação), Profs. Drs. Liberal de Castro e Neudson Braga (Arquitetura e Urbanismo), Ciro Nogueira Filho e João Lucas Marques Barbosa (Matemática), José Tarquínio Prisco (Bioquímica), José Maria de Salles Andrade Neto (Engenharia), Cândido Albuquerque (Direito), Antônio de Albuquerque Sousa Filho (Agronomia), Heliomar Abraão Maia (Física), Geraldo Jesuíno da Costa (Comunicação e Artes), Carlos Cavalcante Pereira Marques (Administração Universitária), Antônio Cláudio Lima Guimarães (Tecnologia de Alimentos) Ademar Gondim (Engenharia), Manassés Fonteles e Sulivan Mota (Medicina) e tantos e muitos de que esta faustosa instituição se encontra lotada, cuja relação gastaria diversas mãos de papel, razão por que não a posso nem devo completar.

Foi, portanto, nesse status quo, que logrei manter conhecimento e amizade com o produtor deste Notações de um Percurso Pessoal e Acadêmico, um dos teresinenses mais ilustre e ilustrado da história daquela Capital, que entendeu por bem vir despejar no Ceará e no resto do Mundo as benesses do seu conhecimento insuperável na senda por ele escolhida para atuar, haurido com superior responsabilidade e redobrado zelo em bancos universitários, demandas rurais (ou de campo), lugares de prova, bem como por intermédio das provetas e retortas dos laboratórios da existência humana em sociedade.

Por descabido e em respeito à sede do leitor em deparar os lances de tão luxuoso exercício científico perfilhado pelo Prof. Dr. Mariano, no largo espectro de seu ofício como operário diligente do saber parcialmente ordenado, como intenta Herbert Spencer, não pretendo adiantar manchetes de seu enredo (conforme exprimi em obra de 2016), tampouco

[...] narrar passagens ou extrair ilações ... porquanto, entendemos, o leitor tenciona mesmo é conhecer in situ, sob o patrocínio direto do autor, suas compreensões a respeito dos eventos contados, sem a interferência de um tertius genus, o qual é passível de lhe surripiar a vontade de leitura. (MESQUITA, Vianney. Esboços e Arquétipos. Fortaleza: Expressão Gráfica, pp.130-1).

Assim, vou deixar ao talante do público ledor deste volume o ato de enxergar, mediante a própria vontade, o perfil vencedor desse Escritor, em sua triunfante derrota* pelo mar nem sempre manso da atividade científica, constantemente acolitado pela sua família – sua consorte em Deus, Alzimeire, e os seus dois filhos.

Assim, não retiro do consulente, deste exemplar de livro e de vida, ohours d’ouvre, o aperitivo para o consumo do prato principal, configurado neste extraordinário registo de feitos e fatos de uma fertílima existência acadêmica e pessoal, onde se divisa o esforço inaudito do Autor de dessedentar a sequiosa garganta da Ciência (aqui a Geológica), sempre necessitada de se abeberar de algo ainda não sorvido pelo ânimo afortunadamente voraz de um investigador de ofício da crase do Prof. Dr. Mariano Gomes Castelo Branco.

Trabalho oriundo do seu texto de Memorial Descritivo para ascender ao estrato de docente-titular da nossa paradigmal UFC, seu escrito prima, também, pela qualidade técnica, gramatical e elocutório-descritiva da língua de Camões, conforme é exigível de unidades de ideias da ciência expressas em língua-prosa, dotado, pois, de acertos de gramática e estilo, fato denotativo, também, de seus aviamentos de Português, sorvidos em Teresina, durante seu período escolar no Patronato Dom Barreto, complementados no Colégio Diocesano, onde foi escolar do Padre Florêncio Lecchi.

Como remate, caro leitor, pelo fato de não ter adiantado quase nada deste presente que o autor se deu no clarear dos seus sessenta anos de vida – Primeiro de maio de 2019 – eis aí, incólume, virgíneo, intocado, pleno e esperançoso o livro que, tenho certeza, lhe vai deixar satisfeito com a leitura e fácil decodificação.

Mariano é excepcional pessoa! Insigne cientista! Eminente amigo!

Pegue esta carona literária e científica de supina qualidade!


NOTA DO EDITOR

A palavra derrota retrata um vocábulo náutico, significativo de rumo, caminho, utilizado estilisticamente.



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