“DISRUPTIVO”
A PALAVRA DO ANO
2018
NO BRASIL
A “PALAVRA DO ANO” NA INTERNET
Grandes dicionários ingleses, com repercussão na imprensa do mundo
todo, costumam eleger a “palavra do ano”, pesquisando em milhares de sítios da
internet os termos mais aplicados no período. Às vezes a indicação recai sobre
um neologismo, mas geralmente se indica um vocábulo antigo a que se esteja dando
uma nova acepção.
Em 2016, o dicionário inglês Oxford, editado pela universidade de
mesmo nome, elegeu o termo “pós-verdade” como a palavra do ano. O termo refere
o vezo moderno em que crenças pessoais, ou interesses ideológicos, ou
compulsões identitárias, ou veleidades “politicamente corretas” ganham mais
peso na sociedade do que a realidade, fática ou biológica.
Em 2017, o mesmo dicionário indicou um neologismo do idioma inglês
– “youthquake” – uma junção das palavras “jovem” e “terremoto”, para significar
a influência que a juventude passou a exercer sobre a sociedade moderna, pelo
domínio da tecnologia, que ela detém, notadamente a informática.
Como 2018 foi um ano corrosivo, com grande número de denúncias de
assédio contra mulheres no mundo todo, e com o descrédito de grandes líderes
mundiais, o dicionário Oxford definiu o termo “tóxico” como a palavra o ano.
Em inglês, a palavra toxic tem mais amplo significado, incluindo
“venenoso”. Esse vocábulo foi amplamente aplicado em função da discussão sobre
os prejuízos trazidos pelas matérias plásticas ao Planeta, deflagrada no Dia
Mundial do Meio-Ambiente, organizado pela Onu. Mas, além disso, a palavra
“tóxico” atingiu sentido metafórico, inclusive em português, para designar
pessoas (geralmente políticos), locais e assuntos que seja conveniente
evitar.
Para o famoso dicionário online Dictionary.com, a palavra do ano de
2018 é “misinformation” (informação errada), fazendo referência ao ano das fake
News. Já o Collins Dictionary escolheu “single-use” (uso único), lembrando a
utilização de produtos descartáveis, feitos para serem usados uma só vez e em
seguida dispensados.
A PALAVRA DO ANO NO BRASIL
Iniciando a tradição entre nós, a Academia Cearense de Literatura e Jornalismo indicou o neologismo “disruptivo”
como a palavra do ano para o Brasil em 2018, embora ainda muito
discretamente aplicada pela imprensa nacional. No nosso caso, o critério não é a maior
presença do vocábulo nas redes sociais, mas aquele termo que melhor define, nos
últimos 12 meses, a realidade do País.
“Disruptivo” é um neologismo em português, adaptado do idioma
britânico (disruption), que significa
“rompimento”, termo usado nas duas línguas no sentido figurado da quebra
abrupta e geral de antigos paradigmas, palavra sem correspondente no idioma lusitano, com essa exata
acepção de semântica mais complexa.
O Brasil experimentou neste ano a ruptura de expectativas em relação à prisão de um ex-presidente da República de grande popularidade, e
sobre a subsequente tentativa de assassinato de um candidato de direita, que
apesar disso, ou até por isso, se elegeu à Presidência. Isso é absolutamente
disruptivo.
Para tanto o candidato independente afrontou poderosos e empedernidos
setores da grande imprensa, e a oposição de esquerdistas, entre artistas famosos
e intelectuais prestigiosos, e o fez sem o tão cobiçado tempo gratuito de
televisão, comunicando-se diretamente com o eleitorado pelas redes sociais, evitando
as costumeiras promessas mirabolantes de campanha para a prática já naturalizada
de estelionato eleitoral, mas garantindo apenas “sangue, suor e lágrimas” para
a correção de rumos. Isso é absolutamente disruptivo.
Políticos tradicionais, cientistas políticos, jornalistas da
crônica especializada – enfim, todos os estamentos da academia e da imprensa
estarrecidos, com dificuldade de acreditar, de entender, de processar psiquicamente
a nova realidade que despreza todas as fórmulas corriqueiras e aparentemente
essenciais de se fazer política e de pretender administrar a coisa pública, sem
mistificação, sem loteamento de cargos, e sem fazer coalizões entre partidos.
Isso é absolutamente disruptivo.
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