O HOMEM E
A LAGARTIXA
J. Gusmão Bastos*
Há alguns dias, em
alegre bate-papo entremeado de “umas e outras” geladinhas, um companheiro da
velha guarda (cujo nome é preservado a seu pedido) contou-me um causo com ele recentemente acontecido.
Objetivando servir
de exemplo e evitar que venha a ocorrer com amigos, parentes, ou quaisquer
pessoas, causando-lhes graves consequências, como dores intermitentes na coluna
vertebral, ter de usar colete e tomar remédios, vamos tentar reconstituir a
luta de um homem e uma lagartixa.
Após o breve sono
seguido ao almoço, por volta das 15:00h, ele
visualizou, no alto da parede do quarto, um pequeno réptil com a língua
de fora, como se estivesse a sorrir, parecendo-lhe um filhote de víbora, mais
tarde reconhecido como uma lagartixa. O abestado “aceitou” o combate, tirou a
blusa do pijama (ainda bem que não foi a calça) e jogou-a contra o inimigo, na
tentativa de derrubá-lo e assim evitar que uma praga viesse a se instalar em
sua residência.
O embate prosseguiu por alguns minutos, que
lhe pareceram horas, com o inteligente sáurio indo até o fim da parede e
voltando, e o nosso herói tentando sem êxito prostrá-lo ao chão, ao final
caindo e gritando com as dores, sem mais poder levantar-se e dar prosseguimento
à batalha. Felizmente, o filho que estava em casa gozando férias, com uma
certeira chinelada pôs no chão o pequenino ser, que não estava a fazer mal a
ninguém.
Esta, e as demais croniquetas
foram redigidas na velha, mas útil máquina Remington, presenteada pelo irmão
mais velho, Nereu Gusmão Bastos, ao término do curso da Faculdade de Direito,
em 08 de dezembro de 1958. Nela também escritas as primeiras petições
endereçadas aos órgãos judiciais de Fortaleza, seguindo-se os trabalhos na
comarca de Pacoti (1961) e nas demais onde exerci o múnus da acusação pública.
Relembro-me, como se
hoje fosse, que a luz elétrica, proveniente de um motor movido a óleo Diesel,
só funcionava das 18:00hs às 21:00hs. Foi uma festa, a chegada da luz oriunda
de Paulo Afonso, em fins de 1964 à serra de Baturité, graças ao governador
Virgílio Távora.
... E a vida
continua, chegando à aposentadoria o cronista e a máquina de datilografia (foto). Permanecem, contudo, os bons momentos de seminarista, jornalista e
membro do Ministério Público, bem como a indagação anotada em Toca-Funda: “Por que
não nascemos velhos e morremos crianças, para deixar a vida sorrindo?”
Amando
verdadeiramente o próximo, teremos sempre Natais e Anos Novos felizes, e
estaremos seguindo as leis de Deus.
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