A FRAGILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
Rui Martinho Rodrigues*
O desaparecimento de Teori Zavascki ressaltou a fragilidade das
nossas instituições. Na ausência do ilustre ministro a Nação se sente perdida.
Não basta que os processos tramitem no Pretório Excelso; que a Constituição, os
códigos, as leis e Regulamento do STF definam os passos do rito processual e a
escolha de sucessor do relator. É preciso improvisarmos uma solução. Não basta
que o trabalho do relator passe pelo crivo do revisor e a decisão caiba ao
colegiado.
Vozes prestigiosas pedem que a presidente do STF assuma, ao arrepio
do ordenamento jurídico, a relatoria dos processos da Lava Jato; que ela
indique monocraticamente o sucessor do relator desaparecido; que o pleno
redistribua os processos; que a segunda turma o faça; ou que a redistribuição
se faça por sorteio.
Ninguém, inclusive os ministros do STF, aceita que o sucessor seja
o novo ministro a ser indicado pelo presidente da República e ratificado pelo
Senado Federal.
Proliferam soluções. Só não se aceita o rito institucional. Os
motivos são óbvios: o Presidente da República e o Senado inteiro estão sob
fundada suspeita. Os ministros da Suprema Corte, que foram indicados segundo o
rito institucional, confessam que quem chega ao STF por este caminho fica
comprometido. O próximo ministro a ser nomeado, logicamente, não seria o
primeiro a sofrer tal influência, ou perigo não existiria.
O jogo institucional está desacreditado. O que estamos fazendo,
diante do problema? Voltamo-nos para salvadores individuais. Será Carmen Lúcia
ou Celso de Mello? Gilmar Mendes, Lewandowski, Toffoli, Barroso, Fachin e Marco
Aurélio Mello são havidos como militantes de movimentos ideológicos e,
portanto, assumidamente parciais. Rosa Weber seria fraca. O próximo a ser
nomeado chegaria irremediavelmente comprometido.
O quadro é muito grave. Quando as instituições falecem não há
salvação, pois se não podemos confiar na formalidade das leis, menos ainda
poderemos depositar nossas esperanças na falibilidade dos homens.
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