INCIDÊNCIAS
EPISTEMOLÓGICAS NO ESTUDO DA “COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE DO BRASIL” UNIVERSIDADE DO
PORTO
Vianney Mesquita*
Vem
a lume, em ponderável ocasião, o segundo livro do causídico e administrador
acadêmico cearense, Antônio Colaço Martins Filho, na senda prolífica dos
estudos da Ciência Jurídica, então vinculada às compreensões desse latíssimo
ramo do saber, ora encadeadas com os conceitos radicados à Teoria do
Conhecimento.
Esta
confluência epistemológica logra infundir, pela profundez impressa ao estudo, maior
peso axiológico à publicação, haja vista a imbricação dos conceitos dessas
vertentes distintas, o Direito e a Filosofia, com a natural interveniência da
Ciência Política – pelo fato de o ensaio jungir-se a um estádio longo e muito
peculiar à vida brasileira - subdividido nos períodos correspondentes aos
regimes de força impostos pelas ditaduras de Getúlio Vargas (1937-1946) e do governo
castrense ferido no quarto ano da década de 1960, protraído até 1985, quando se
iniciou outra fase de redemocratização do País, até agora vigente.
O
texto é condensado da dissertação de mestrado em Ciências Jurídico-filosóficas,
sustentada pelo autor perante ilustrada Banca, na Universidade do Porto (1911),
na sua Faculdade de Direito (1994), sob a orientação científica da Professora
Doutora Maria Clara da Cunha Calheiros de Carvalho, laureada em Direito pela
Universidade de Santiago de Compostela, membra-docente associada da
Universidade do Minho e professora em colaboração da Faculdade de Direito – UP,
autora apreciada e comentada também no Brasil.
Importa
referir o fato de se haver subtraído da versão de origem (quando editado o
volume) as inserções particulares à instituição acadêmica, pois não concedem
qualquer valimento ao leitor, representando exigência interna para os órgãos
gestores de estudos e pesquisas científicas de Portugal.
De
efeito, o livro do Dr. Colaço Martins Filho – secundando o trabalho recente - Da Justiciabilidade dos Direitos
Fundamentais no Supremo Tribunal Federal - tem por escopo as primordiais
razões metodológicas da Comissão Nacional da Verdade do Brasil, no âmbito
global de grupos deste jaez, formados para restabelecer ou fundar em definitivo
aqueles fatos cuja veridicidade, em determinadas épocas, achava-se ininteligível
ou obscura, sob a umbela de versões refalsadas por quem detinha o poder,
contando com a mudez dos realmente culpados pelos ilícitos perpetrados.
Cuidou,
então, o escritor de examinar, por primeiro, a origem e as principais
características da Comissão brasileira à qual se reporta, assentado no exame da
“justiça de transição”, bem assim da realidade histórico-legal dos expedientes
legislativos dessa “justiça de passagem” dos processos de democratização após
os mencionados virium regimen
varguista e militar (1964-85).
Ex expositis, no que diz
respeito às superveniências epistêmicas da Comissão Nacional de Verdade, importou,
ademais, proceder ao exame dos sistemas modelares respeitantes às ideações de
verdade, do perfil epistemológico das CV e, como remate, das estritas ligações
entre os principais aspectos do predito perfil epistêmico e certos
determinantes das emanações tradicionais da verdade.
Assinante
de artigos doutrinários-jurídicos e autor do compêndio há instantes mencionado,
todos com liames interdisciplinares, o autor conduz a aptidão precisa,
emoldurada agora por esse título obtido na segunda maior academia de Portugal,
para refletir, ex-chatedra, com a requerida correção
linguística e propriedade elocutória ideal,
acerca de proposição científica de assinalada relevância para a doutrina
jurídica e filosófica, com serventia primária para a pesquisa e subsidiária ao
ensino de graduação e pós-láurea, no Brasil e nos Estados da Comunidade
Linguística Lusofônica.
Fortaleza,
março de 2014
Vianney Mesquita
docente da UFC;
acadêmico titular da Academia
Cearense da Língua Portuguesa
escritor e jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário