O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a
sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais
Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição
desta sexta-feira, dia 05 de outubro, o cientista político Arnaldo Santos,
jornalista e sociólogo, com especialização em economia.
Os comentaristas iniciaram o primeiro bloco do programa
registrando e lamentando a morte do advogado, escritor, poeta, professor e jornalista
veterano cearense Lustosa da Costa, ocorrido em Brasília, neste último dia 3 de
outubro, vítima de um câncer de pulmão.
Em seguida, Freitas Júnior indagou a Arnaldo Santos sua opinião
sobre o toque de recolher, a partir das 22:00h, de terça-feira última, dia 3,
até o final das eleições, decretado pelo juiz da Comarca do município cearense
de Croatá, para prevenir violência entre as duas principais correntes políticas que disputam a prefeitura local.
Arnaldo avalia que esse evento é irrelevante, e que não
configura arbitrariedade institucional, já que, tradicionalmente, nas 184
cidades do interior do Estado, as pessoas tomam-se de desmedida paixão eleitoral
e os ânimos ficam muito acirrados realmente.
Alfredo Marques, com ironia e acerto, remata que a ordem
judicial não terá nenhuma consequência maior, pois de fato não deve haver nada
de importante para se fazer pelas ruas da pequena Croatá, depois das dez horas
da noite – ao que Arnaldo acrescenta que se trata apenas de uma medida
preventiva, adotada pelo juiz, que não representa nenhum grave atentado às
liberdades democráticas.
Freitas indaga a seguir ao entrevistado o que ele acha que
aconteceu com o candidato Moroni Torgan, que, segundo as pesquisas de intenção
de votos, entrou numa descendente irreversível.
Segundo Arnaldo Santos, o cidadão, para além de sua mera
condição de eleitor, desenvolveu uma cultura política apurada. A memória daquilo
que determinado político representou no passado, que tecnicamente chamados “recol”,
tem efeito de saída, mas vai perdendo força com o desenrolar da campanha, à
medida que o eleitor não encontra nele as respostas esperadas. “A mim não me
surpreende que os chamados candidatos da máquina tenham atingindo a posição
atual nas pesquisas eleitorais”.
Alfredo Marques indaga se as pesquisas não seriam apenas um
instrumento de marketing. Arnaldo diz que elas são um instrumento de marketing,
mas são mais do que isso. Elas fazem uma projeção das tendências, com razoável
grau de acerto. Os números refletem o sentimento da população no momento em que
é consultada.
Freitas quer saber o que pensa o entrevistado sobre o efeito da
mudança do símbolo e da cor característica do PC do B, no mau desempenho do
candidato Inácio Arruda nestas eleições.
Arnaldo entende que candidatos não se fazem somente com nomes
conhecidos e com símbolos de partidos. Seria preciso analisar muitas outras
circunstâncias.
Alfredo Marques então pergunta se Inácio Arruda não deveria ter
analisado melhor as suas condições eleitorais. Arnaldo entende que além da
questão pessoal, uma candidatura também envolve uma missão partidária. Mesmo
não se elegendo, Inácio e o seu partido tirarão proveitos políticos da
campanha.
Na sequencia, Freiras Júnior refere ao sacrifício de Marcos
Cals, a quem Tasso Jereissati apoiaria, mas que não entrou de maneira nenhuma
na sua campanha.
“Eu isolaria para análise o candidato do Governador, como
exemplo. Ambos são jovens, que despontam para formar uma nova liderança. E também
concorre para o bom resultado a capacidade que têm os Ferreira Gomes de se
articularem. Fizeram a maior coligação desta campanha” – opina o jornalista
Arnaldo Santos.
Mas muita gente subestimou a capacidade política da Prefeita.
Aliás, o candidato dela também representa o novo, no cenário político cearense –
pontuou Alfredo Marques.
“E em caso de 2º turno, quais seriam as perspectivas para esses
dois candidatos que estão à frente nas pesquisas” – indaga Freitas Júnior ao
entrevistado.
“Será um resultado muito parelho” – responde Arnaldo Santos. “A
menos que aconteça uma hecatombe”. “A última eleição no Ceará, disputada voto a
voto, foi em 1998, entre Edson Silva e Ciro Gomes” – ele acrescenta.
Mas não é estranho que numa semana uma pesquisa apresente um
resultado, e na outra semana outra pesquisa inverta os números! – reclama Alfredo
Marques.
Arnaldo lembra que no 2º turno o tempo dos candidatos na
televisão será igual, todas as atenções serão para eles, de modo que se daqui
para lá não aparecer nenhum escândalo, Roberto Claudio terá melhores chances,
pois o mandato do Governador, que o apoia, ainda tem dois anos, enquanto o
mandato da Prefeita, que apoia Elmano, está terminando. Por outro lado, Elmano certamente
trará Lula a Fortaleza. A sua eleição é importante para o partido, até com
vistas a reeleição da Presidente Dilma, em 2014.
Freitas sonda ainda para qual candidato deverão migrar os votos
de Moroni Torgan.
Acho mais fácil que os votos de Heitor Ferrer migrem para
Roberto Cláudio. Se Moroni não estabeleceu uma relação mais orgânica com a
cidade, não terá liderança sobre o seu eleitorado. Foi a resposta de Arnaldo.
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