O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a
sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais
Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição
desta terça-feira, dia 02 de outubro, a ex-senadora acriana Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente no primeiro governo
Lula, e candidata à Presidência da República pelo Partido Verde, em 2010.
A ex-ministra começou respondendo a indagação de Alfredo
Marques, sobre se seria muito difícil fazer política séria no Brasil. Diz ela
que o grande problema é que a lógica dos partidos é “o poder, pelo poder”.
Indagada ainda sobre a reação do Governo Brasileiro,
surpreendido com o seu aparecimento nas Olimpíadas, demonstrando prestígio
internacional, Marina respondeu que ela apenas foi alvo de uma gentileza do
Comitê Olímpico, em virtude de sua condição de ativista ambiental.
Também foi perguntado a Marina sobre suas ligações com o Ceará, de onde seu pai saiu para a
Amazônia, incorporado ao chamado Exército da Borracha. Disse ela que ainda tem
parentes em Messejana e Paracuru, mas não mantém com eles um relacionamento
mais estreito. Diz ela que os pais criaram sete filhas e um filho no Acre, de
modo que a maior parte da família é acriana.
Freitas Júnior quis saber, na opinião da Marina, se o Código
Florestal aprovado no Congresso atendeu mais aos ruralistas, ou aos
ambientalistas. Ela declarou que, na verdade, a versão aprovada não atende ao
Brasil. Acrescentou que o grande problema é a visão retrógrada dos políticos e
empresários, que ainda estão presos aos métodos predatórios de desenvolvimento.
Freitas perguntou se as concessões que o novo código vez ao agronegócio seria mesmo um “mal necessário”, como defendem os ruralistas. Respondeu
Marina que não há necessidade de se conviver com mal necessário, quando se pode
procurar o “bem necessário”.
Segundo a entrevistada, os ruralistas preferem manter o padrão
de pecuária do Século XX, de baixa tecnologia e baixa eficiência, se louvando
das grandes extensões de terra, sistema que oferece um emprego para cada 80
hectares. Por isso a grande pressão sobre o cerrado, sobre a caatinga, sobre as
florestas.
Disse Marina que com a aprovação do novo Código Florestal essa
será a primeira vez que o país vai retroagir, anulando avanços ambientais
obtidos em governos anteriores. Em vez de querer passar nos testes ambientais,
para produzir de forma sustentável, se prefere mudar os testes, desprezando o
meio ambiente.
Alfredo Marques perguntou também porque só se fala no problema
da redução das matas ciliares, que têm que ser mantidas na margem dos rios.
Marina respondeu que a mídia elegeu esse tema porque é mais fácil de explicar e
de entender.
Para rios como o Amazonas era exigida a recuperação de uma faixa
de 500 metros de matas, e com a nova lei essa exigência foi reduzida para
apenas 100 metros. Porém, para além do problema das matas ciliares, há a
anistia concedida aos desmatadores – disse a ex-ministra.
Acrescentou que houve um verdadeiro “telequete” na Câmara
Federal, dos ambientalistas contra o deputado relator Aldo Rebelo, e, no
Senado, contra o Senador Luiz Henrique, donos da visão mais atrasada em matéria
ambiental que o País já conheceu.
Esse Senador Luiz Henrique fez inclusive uma lei para destruir a
legislação ambiental em seu Estado, Santa Catarina. Aliás, a maioria do atual Congresso
é até contra os índios. Regularização de novas terras indígenas será impossível
nessa legislatura – afirmou Marina Silva.
Acrescentou que hoje o ativismo não é mais dirigido – pela UNE,
pelo DCE, pelos sindicatos. Hoje as pessoas são autoras do seu próprio
ativismo. Acho bom estar sem partido porque eu faço da política um ato de amor.
Desse modo fico livre para escolher os melhores. E por isso estou apoiando o
Heitor Ferrer.
"Heitor teve um gesto de humildade, ao me procurar em Brasília
para me pedir orientação em matéria de política ambiental. Sequer me pediu
apoio político, mas eu resolvi apoia-lo", disse Marina. “Candidato que tem máquina, é a
máquina que ganha a eleição, não é o eleitor”. "Penso que quem ganha eleição
assim 'ganha perdendo'. Eu prefiro 'perder ganhando', embora o ideal seja 'ganhar
ganhando'”.
Freiras Júnior lembrou que a Presidente Dilma Rousseff não quis
se apropriar de seu legado ambiental e está apoiando a política contrária. Perguntou
então sobre o futuro político da ex-senadora, que ao responder já foi ao cerne
da pergunta: “Eu não sei se serei candidata à Presidência em 2014”.
Alfredo Marques pontuou que vinte milhões de votos certamente
lhe “cacifam” para ser a sucessora da Presidente Dilma – “talvez fundando um
novo partido” – considerou Freitas Júnior. “O movimento ambiental é maior do
que qualquer partido” – rematou Marina Silva. A lógica dos partidos costuma ser
o poder pelo poder.
Respondendo a Alfredo Marques sobre o julgamento do mensalão
pelo STF, Marina foi lacônica, mas precisa: “As instituições virtuosas nos
corrigem quando falhamos nas nossas virtudes. Embora eu seja contra a qualquer
forma de violência, quando eu estava no Ministério 725 pessoas foram presas
pela Polícia Federal, por crimes ambientais".
Freitas Júnior pediu que a entrevistada deixasse uma palavra
para o eleitor Fortalezense. “Os candidatos que prometem que vão fazer isso e
aquilo para as pessoas não são muito confiáveis. Prefiro aqueles que prometem
fazer as coisas, com as pessoas” – filosofou a ex-senadora.
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