O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a
sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais
Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição
desta quinta-feira, dia 11 de outubro, o jornalista e historiador Nilton Melo
Almeida, atual Presidente da Associação Cearense de Imprensa – ACI.
Alfredo Marques iniciou o primeiro bloco do programa registrando
que em seus 85 anos de existência a ACI é um símbolo da luta da imprensa no
Ceará – a exemplo do que em âmbito nacional representa a ABI – a Associação
Brasileira de Imprensa.
O entrevistado acrescenta que a entidade tem uma história de
luta pela liberdade de imprensa e pelo direito de expressão, embora hoje esteja
com apenas 400 associados.
Freitas Júnior indagou sobre a causa desse pequeno número de
integrantes. Se as pessoas resistem a se associar à entidade.
Nilton Almeida explicou que a ACI foi uma instituição muito
forte sob Perboyre e Silva, quando não havia os sindicatos. Nessa época a ACI centralizava
todo esse conjunto de demandas. Com o surgimento de outras entidades de classe,
a ACI foi perdendo força.
Além disso, outro fator que concorreu para esse enfraquecimento
foi o gradual abandono do Centro da Cidade – segundo entende Nilton Almeida. Ele
augura que o novo gestor público municipal que será eleito nesses dias volte os
olhos para o bairro central da cidade, onde há um comércio pulsante, local por
onde circulam 300.000 pessoas por dia, onde se localiza o Teatro José de
Alencar, o Museu Histórico, e tantos prédios históricos da cidade.
Mas Nilton Almeida ainda referiu que a ACI é uma das instituições de classe que reúne o maior
patrimônio no Estado. Além do edifício Perboyre e Silva, conhecido como Palácio
da Imprensa, em que funciona a sua sede, a ACI tem casas de veraneio em
Paracuru e no Icaraí e terrenos no Centro, alugados a estacionamentos de
automóveis.
A propósito da história da entidade, Alfredo Marques apresentou
o Livro ACI - 85 Anos na Pauta do Ceará, da jornalista Ângela Barros Leal,
recentemente lançado.
Nilton Almeida frisou que em sua gestão à frente da ACI ele
procurará fazer com que os associados voltem a frequentá-la, bem como pretende
que novos jornalistas se associem. “A ACI precisa voltar a ser um núcleo vital
da sociedade”. Por exemplo, Nilton diz que o novo prefeito deveria resgatar a
velha tradição, e fazer o seu primeiro pronunciamento no auditório da ACI.
Alfredo Marques então trouxe o fato de que há duas semanas o
Deputado Guimarães do PT voltou a defender a criação de um conselho para
controlar a imprensa – e indagou o que Nilton Almeida pensa disso.
“Qualquer movimento que vise amordaçar a imprensa deve ser
repudiado” – foi a resposta do Presidente da ACI.
Freiras júnior acrescentou que, inclusive, a Presidente Dilma já
se manifestou contrária à iniciativa.
“Mecanismos que visem disciplinar a imprensa traz sempre uma
carga de perigo” – opina Nilton Almeida.
Alfredo Marques pontuou que estabelecer critérios subjetivos
para tolher opiniões é uma prática fascista. "Me estranha que o Guimarães, que
lotou pela democracia, pretenda a volta dos censores".
Nilton Almeida lembrou que não existe censura de estado no
Brasil, mas que se corre o risco de uma censura de caráter econômico e político.
A ideia do conselho de imprensa se inspira em entidades que existem no EUA e na
Inglaterra, por exemplo, países que vivem uma realidade diferente. No Brasil, o
Código Civil já cuida dos excessos dos meios de comunicação.
Alfredo acrescentou que embora o Código Civil já contemple a
proteção aos direitos de eventuais ofendidos, o que o Guimarães pretende é
mesmo impedir a liberdade, calando o que eles chamam de “Partido da Imprensa
Golpista”, a fim de impedir que os jornalistas façam críticas ao Governo.
Nilton diz que não acredita que propostas desse tipo passem no
Congresso. É preciso que haja antes muita discussão, envolvendo outras classes
profissionais, e não somente a dos jornalistas.
Na sequencia, Freitas Júnior apresentou o livro “Rebeldes pelos
Caminhos de Ferro”, de autoria do próprio Nilton Almeida.
Nilton explicou que a obra trata da luta dos ferroviários cearenses,
que foram a primeira categoria profissional a se organizar e mobilizar no
Estado, tendo sido inclusive os pioneiros na criação de um sistema de
previdência social.
Acrescenta que como a função dos ferroviários era essencial no
Brasil inteiro, eles organizaram as primeiras grandes entidades profissionais.
E a organização dos ferroviários cearenses se destacava no cenário nacional.
Os ferroviários tinham representação por muitos bairros da
Capital, se difundindo pela malha urbana. Fundaram muitas vilas, o Grêmio, o
clube de futebol. Mas foram perdendo prestígio desde Juscelino Kubitschek, que priorizou o meio rodoviário. E foram muito reprimidos pelos governos militares.
Freitas Júnior indagou quais as fontes de pesquisa utilizadas
por Nilton Almeida. Alem dos registros da imprensa, Nilton diz que a principal
fonte foi a Comissão de Anistia Wanda Sideou, da qual particiou.
Alfredo indagou sobre a formação de Nilton Almeida, que é
formado em comunicação social, com mestrado pela UFC e doutorado pela
Universidade Nova de Lisboa, em Portuagal. Alfredo lembrou que Nilton foi
Secretário da Cultura do Ceará, no primeiro governo Tasso Jereissati.
A Associação Cearense de Imprensa acolheu em seu edifício sede a
Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, há pouco mais de um ano, a
convite da saudosa acadêmica Ivonete Maia, que presidia a ACI. Em seu auditório
foram realizadas todas as solenidades da ACLJ, o que já representa uma primeira
iniciativa de retorno dos jornalistas cearenses ao seio de sua associação
tradicional.
Nilton Almeida, que manterá o vínculo entre as duas entidades,
foi objeto de proposta para compor a Academia, entre os seus membros honoríficos,
com posse marcada para a solenidade do próximo dia 20 de dezembro, no auditório
da ACI.
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