quinta-feira, 11 de outubro de 2012

RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO





O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição desta quinta-feira, dia 11 de outubro, o jornalista e historiador Nilton Melo Almeida, atual Presidente da Associação Cearense de Imprensa – ACI.

Alfredo Marques iniciou o primeiro bloco do programa registrando que em seus 85 anos de existência a ACI é um símbolo da luta da imprensa no Ceará – a exemplo do que em âmbito nacional representa a ABI – a Associação Brasileira de Imprensa.

O entrevistado acrescenta que a entidade tem uma história de luta pela liberdade de imprensa e pelo direito de expressão, embora hoje esteja com apenas 400 associados.

Freitas Júnior indagou sobre a causa desse pequeno número de integrantes. Se as pessoas resistem a se associar à entidade.

Nilton Almeida explicou que a ACI foi uma instituição muito forte sob Perboyre e Silva, quando não havia os sindicatos. Nessa época a ACI centralizava todo esse conjunto de demandas. Com o surgimento de outras entidades de classe, a ACI foi perdendo força.

Além disso, outro fator que concorreu para esse enfraquecimento foi o gradual abandono do Centro da Cidade – segundo entende Nilton Almeida. Ele augura que o novo gestor público municipal que será eleito nesses dias volte os olhos para o bairro central da cidade, onde há um comércio pulsante, local por onde circulam 300.000 pessoas por dia, onde se localiza o Teatro José de Alencar, o Museu Histórico, e tantos prédios históricos da cidade.


Mas Nilton Almeida ainda referiu que a ACI é uma das  instituições de classe que reúne o maior patrimônio no Estado. Além do edifício Perboyre e Silva, conhecido como Palácio da Imprensa, em que funciona a sua sede, a ACI tem casas de veraneio em Paracuru e no Icaraí e terrenos no Centro, alugados a estacionamentos de automóveis.

A propósito da história da entidade, Alfredo Marques apresentou o Livro ACI - 85 Anos na Pauta do Ceará, da jornalista Ângela Barros Leal, recentemente lançado.

Nilton Almeida frisou que em sua gestão à frente da ACI ele procurará fazer com que os associados voltem a frequentá-la, bem como pretende que novos jornalistas se associem. “A ACI precisa voltar a ser um núcleo vital da sociedade”. Por exemplo, Nilton diz que o novo prefeito deveria resgatar a velha tradição, e fazer o seu primeiro pronunciamento no auditório da ACI.

Alfredo Marques então trouxe o fato de que há duas semanas o Deputado Guimarães do PT voltou a defender a criação de um conselho para controlar a imprensa – e indagou o que Nilton Almeida pensa disso.

“Qualquer movimento que vise amordaçar a imprensa deve ser repudiado” – foi a resposta do Presidente da ACI.

Freiras júnior acrescentou que, inclusive, a Presidente Dilma já se manifestou contrária à iniciativa.

“Mecanismos que visem disciplinar a imprensa traz sempre uma carga de perigo” – opina Nilton Almeida.

Alfredo Marques pontuou que estabelecer critérios subjetivos para tolher opiniões é uma prática fascista. "Me estranha que o Guimarães, que lotou pela democracia, pretenda a volta dos censores".

Nilton Almeida lembrou que não existe censura de estado no Brasil, mas que se corre o risco de uma censura de caráter econômico e político. A ideia do conselho de imprensa se inspira em entidades que existem no EUA e na Inglaterra, por exemplo, países que vivem uma realidade diferente. No Brasil, o Código Civil já cuida dos excessos dos meios de comunicação.

Alfredo acrescentou que embora o Código Civil já contemple a proteção aos direitos de eventuais ofendidos, o que o Guimarães pretende é mesmo impedir a liberdade, calando o que eles chamam de “Partido da Imprensa Golpista”, a fim de impedir que os jornalistas façam críticas ao Governo.

Nilton diz que não acredita que propostas desse tipo passem no Congresso. É preciso que haja antes muita discussão, envolvendo outras classes profissionais, e não somente a dos jornalistas.

Na sequencia, Freitas Júnior apresentou o livro “Rebeldes pelos Caminhos de Ferro”, de autoria do próprio Nilton Almeida.


Nilton explicou que a obra trata da luta dos ferroviários cearenses, que foram a primeira categoria profissional a se organizar e mobilizar no Estado, tendo sido inclusive os pioneiros na criação de um sistema de previdência social.
  
Acrescenta que como a função dos ferroviários era essencial no Brasil inteiro, eles organizaram as primeiras grandes entidades profissionais. E a organização dos ferroviários cearenses se destacava no cenário nacional.


Os ferroviários tinham representação por muitos bairros da Capital, se difundindo pela malha urbana. Fundaram muitas vilas, o Grêmio, o clube de futebol. Mas foram perdendo prestígio desde Juscelino Kubitschek, que priorizou o meio rodoviário. E foram muito reprimidos pelos governos militares.

Freitas Júnior indagou quais as fontes de pesquisa utilizadas por Nilton Almeida. Alem dos registros da imprensa, Nilton diz que a principal fonte foi a Comissão de Anistia Wanda Sideou, da qual particiou.

Alfredo indagou sobre a formação de Nilton Almeida, que é formado em comunicação social, com mestrado pela UFC e doutorado pela Universidade Nova de Lisboa, em Portuagal. Alfredo lembrou que Nilton foi Secretário da Cultura do Ceará, no primeiro governo Tasso Jereissati.


A Associação Cearense de Imprensa acolheu em seu edifício sede a Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, há pouco mais de um ano, a convite da saudosa acadêmica Ivonete Maia, que presidia a ACI. Em seu auditório foram realizadas todas as solenidades da ACLJ, o que já representa uma primeira iniciativa de retorno dos jornalistas cearenses ao seio de sua associação tradicional.


Nilton Almeida, que manterá o vínculo entre as duas entidades, foi objeto de proposta para compor a Academia, entre os seus membros honoríficos, com posse marcada para a solenidade do próximo dia 20 de dezembro, no auditório da ACI. 




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