LIBERDADE
Pierre Nadie*
Dizem existencialistas que a liberdade é a máxima escravidão. Traz, inexoravelmente, a angústia existencial. E, por conseguinte, licença para se ofender e se infernizar.
Ora, não se pode ver o “ser” humano sem ser humano, cujo “estar-no-mundo” é um constructo individualizado, com ressonâncias intercambiais do meio.
A liberdade mostra-nos a imperfeição, que motiva o ser a buscar uma aprendizagem contínua, o que se faz através de escolhas.
No entanto, escolhas implicam em conhecimento, em valores, em necessidades, diante de opções, as quais devem ser vistas com o “meu-ser-em-mim-e-no-mundo”.
No subjetivismo, há princípios e matrizes imanentes, as quais não podem ser vistas como “nada”, pois, dúvidas e inquietações são inquilinos de nossa “necessidade”. Não são um estorvo, porém estímulo à aprendizagem responsável.
A liberdade não pode ser exercida fora do contexto de nossa humanidade. Assim, o texto da vida precisa ser analisado no contexto de humanidade, ou seja, não somos ilimitados, nem absolutos.
Todavia, posso fazer de minha liberdade uma prisão, um cárcere, uma alienação ou qualquer coisa. Posso fazê-lo, sobretudo quando minha escolha é não fazer escolha, no emaranhado de ignorância, de opiniões, de ideias, que me falseiam a realidade contingente e que “nihilizam” minhas raízes existenciais e “desestruturam” minhas razões vivenciais.
O ser humano tem o livre arbítrio, tanto para o bem, quanto para o mal, tanto para cuidar(se), como para apenar(se). E não é difícil constatar-se que não é verdade que “sempre” escolhe o bem, a não ser que o mitiguemos com polissemias, que não suportam uma criticidade humana.
Viver é definir sua liberdade, sem se deixar escravizar pela própria miragem de infinitude. São essas limitações, que nos permitem crescer, fazer ajustes e desejar o Ilimitado, que se chamam Deus.
Liberdade
pode incomodar, mas, é o maior galardão que o ser humano se dá a si mesmo. Ela
não se consome, senão serpeja como águas que rolam para o mar do “estar-no-ser”.
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