domingo, 14 de fevereiro de 2021

CRÔNICA DE CARNAVAL - O Passado Não Passa (RV)

 O PASSADO NÃO PASSA
Reginaldo Vasconcelos*

  

Trabalhei no Detran há coisa de 30 anos, e há 20 eu caí numa blitz de trânsito, conduzindo automóvel nas imediações de Ideal Clube, no meio da noite, em pleno carnaval. 

Ainda não vigoravam os rigores da “lei seca” atual, mas eu tinha bebido bem, e já havia restrições ao consumo excessivo de álcool pelos condutores de veículos. 

Mas o fiscal que me abordou me reconheceu, e acrescentou que fora ao lançamento de um de meus livros, e que tinha um exemplar devidamente autografado. 

Dei um beijo de agradecimento em sua testa e ele me deu passagem, dispensando-me da reprimenda merecida, que substituiu pela recomendação de que fosse logo para casa. Não fui, mas sobrevivi.

Hoje resolvi ir à praia do Porto das Dunas com a família – as mesmas companhias daquele remoto carnaval – e na volta fui parado por uma grande barreira de trânsito, próximo ao Beach Park, que visava impor isolamento social aos transeuntes.

Todos de máscaras, o agente iniciou a sua peroração sobre o inconveniente de estar eu circulando, em desobediência aos decretos sanitários, quando eu então lhe disse que trabalhara no Detran havia anos, e lhe citei os nomes de colegas daquela época longínqua. 

Ele então, para minha surpresa, me perguntou se no período eu conhecera o Reginaldo. Eu dei uma arriada na máscara para responder à sua pergunta: “O Reginaldo sou eu...”.

Felicitamo-nos, e desta vez eu não bebera – e já estava mesmo de volta para casa, a fim de reverenciar Momo com uma tradicional dose de gim inglês, em absoluta  segurança. 

E viva o Zé Pereira!

Nenhum comentário:

Postar um comentário