LIÇÕES PROCEDENTES, CREDORAS DE CEM POR CENTO DE FÉ
Vianney Mesquita*
Sapiens incipit a fine, primo stultum finem. (George PÓLYA. Budapest, 13.12.1887; Palo Alto – Ca, 7.7..1985). **
Perspicazes, magnificamente
corretas, compostas com óculos professorais da mais cristalina visibilidade,
constituem no meu sentir as preleções do Professor Doutor Rui Martinho
Rodrigues, da Universidade Federal do Ceará, concernentes ao decoro espiritual
que deve presidir à atuação do operário em decurso de demanda científica.
Reporto-me, sem lhe tencionar
qualquer ideação crítica, tampouco imprimir adendas e fazer substituições –
porquanto inadmissíveis – ao texto intitulado Honestidade Intelectual,
editado neste medium no dia dois imediatamente transato. Ali, decerto se
transportando a muitas pesquisas denotantes de senões metodológicos e fugas dos
pressupostos da Filosofia da Ciência e de outros ramalhos que presidem o
assunto – por ele divisadas no seu mister como docente dessas matérias – o
Presidente Emérito deste Silogeu comenta a incumbência moral de quem depara o
múnus de investigar eventos novos, com vistas a – nisi hoc tantum quod (só e apenas isto) – fundear ao porto
da verdade. Se isto não obtiver, pois, que o resultado falseie, definitivamente,
a intenção de que o pretenso achado oriente conhecimento, o chamado saber
brocado, como, exempli gratia, a ideia popularesca e desacertada de
que o leite vacum é antídoto de poções químicas venenosas.
Infelizmente, seja isto
expresso, muitos resultados enganosos concedem extensões às buscas, de modo que
até certos operadores de ciências mais novas, nomeadamente algumas das
dispostas no rol de sociais – com não muito mais de cem anos de batismo – se
louvam em metodologias equívocas e técnicas avessas aos ditames das
configurações filosófico-metodológicas, afastando-se dos lineamentos esmerados
suscitados por seus genitores, abandonando, por conseguinte, as determinações
de honestidade espiritual exigíveis do operador de ciência, fazendo, assim,
prosperar a inverdade, mormente no hodierno estádio de emprego das vertentes
virtuais da rede mundial de computadores, nem sempre de boa procedência.
Menciono, verbi gratia, na
Linguística, Ferdinand de SAUSSURE (Genebra, 26.11.1857; Vufflens-le-Château,
22.2.1913) e Noam CHOMSKY (Est Oak Lane, 7.12.1928 – vivo, 91 anos); e,
na Antropologia, FRANZ Uri BOAS (Minden-Al., 9.7.1858; Colúmbia-EUA,
21.12.1942) e Bronislaw Kasper MALINOVSKY (Cracóvia, 7.4.1884; New Haven;
Conn-EUA, 16.5.1942), como patronos cujos modi operandi de procura
científica são desvirtuados, com recursividade, sob adendos e substitutivos metodológicos
desajustados em relação ao que por eles foi operado e dimanou ajustado, razão
por que os precitados cientistas continuam reconhecidos como paredros de seus
ramos disciplinares, havendo operado com a devida e exigível honestidade
intelectiva, neste passo, divisada e transferida aos leitores por via deste
extraordinário mass media da Academia Cearense de Literatura e
Jornalismo e pela destra e cérebro de seu renomeado produtor de experimentos,
ora sob anotação despresumida.
Os teóricos, escritores de
Metodologia Científica e Filosofia das Ciências, bem assim os pesquisadores – conforme ocorre com o intelectual sob escólio, o Prof. Dr. Rui Martinho
Rodrigues (autor, dentre muitos outros, de Pesquisa Acadêmica – como
facilitar o processo de preparação de suas etapas. São Paulo: Atlas, 2007) – desaconselham, ensinam, prescrevem, impõem, alfim, que abandonem o mau vezo de
operar com metodologias desarranjadas, ao empregarem procedimentos mais fáceis que
jamais transportarão a algo de proveitoso, trazendo, contrario sensu,
uma falsa existência de “fatos”, o que é conducente, cada vez mais, à tacha do
erro, o qual deflui da inexistência de obrigação moral do pesquisador de que
seja isento e honesto.
Forrado, então, de notáveis
informações e ilações pessoais – principalmente estas – na sua extensa e
batistinamente endireitada vereda de demanda científica, como escritor experto
nesta seara e docente de dotes invulgares – esse mestre polimático doutrina,
com profundidade e fastos de detalhes, a respeito do assunto honestidade
espiritual do operador de ciência. Ali, ele conforma uma lição irrepreensível,
que todos devem hospedar com carinho, sem qualquer tinta de reserva, e,
ocorrendo de o leitor-demodulador daquela mensagem ser trabalhador da busca do
fato novo, pode ele armazená-la como recheio de sua biblioteca – nos moldes
atuais, a guarda no computador – para uma oportuna aplicação no seu modus
faciendi de trabalhador do conhecimento constantemente diligenciado.
O artigo sob comentário é
uma estela de beleza científico-pedagógica, não apenas sob o ponto de vista da
preceituação no âmbito temático, mas, também, em decorrência de seu estilo
ameno e atraente, capaz de prender o bom ledor da prima à derradeira manifestação
vocabular, pois não é comum, pela rigidez e sequidão de termos e dicções
científicos, um observador estudar informações sob o trato do saber
parcialmente ordenado, provando, também, de uma como estesia literária de
ficção, ou qual se fora romance, conto, crônica, ode, sátira, narrativa
histórica, poesia et reliqua...
Obedeço na inteireza suas
observações, pois aficionado seu desde os primeiros escritos, de dois dos quais
tive o lance honroso e feliz de participar na qualidade de comentador nos próprios
volumes: Príncipe, Lobo e Homem Comum (UFC, 1997, com 38 notas de rodapé)
e Contratualismo, Política e Educação, em parceria com os, também,
professores da UFC doutores José Gerardo de Vasconcelos e Cândido Lustosa
Bittencourt de Albuquerque (Reitor atual), com o Estudo Introdutório, sob a
designação de Hobbes, Locke e Rousseau sob o Crivo de Três Notáveis (UECE,
2016, p. 8-23).
** O sábio começa no fim; o tolo termina no começo.
COMENTÁRIO
Caro amigo Vianney, agradeço comovido os generosos comentários que
você dedicou ao meu texto. Sinto me faltar engenho e arte, como diria Camões,
para retribuir, fazendo a apreciação da sua vasta e meritória produção
intelectual.
Rui Martinho Rodrigues
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