quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

ARTIGO - O Fim do Brasil (RMR)


O FIM DO BRASIL
Rui Martinho Rodrigues*


Felipe Miranda publicou um livro intitulado “O fim do Brasil”. Previa uma recessão longa e profunda. Foi processado por quem o acusava de tentar prejudicar a reeleição da presidente Dilma. Uma economista de um banco disse algo assemelhado. Foi demitida por solicitação do ex-presidente Lula. O desastre foi mais profundo e chegou mais cedo do que o anunciado.

A crise econômica se liga a um impasse político cuja solução não está no horizonte. O nosso presidencialismo, havido como imperial, revelou-se quase um parlamentarismo de fato. O Congresso só pensa na Lava Jato. O presidente Temer é refém do Legislativo. A sociedade tornou-se palco de movimentos corporativistas, aliados à cegueira ideológica e ao projeto de poder desmascarado em Curitiba. A aliança assim formada ameaça paralisar o Brasil.

A maioria silenciosa, cujo inércia foi quebrada pelos escândalos que ruborizaram o Macunaíma, tem o mérito de não ser organizada, porque organização significa dominação e manipulação. Mas o preço desta liberdade e autenticidade é uma relativa impotência política, por exclusão das instituições. Estas estão funcionando, mas sob o domínio de uma maioria sem representatividade e preocupada em escapar da Lava Jato. A nova oposição só pensa em reconquistar o poder a qualquer preço.

Esperava-se restabelecer a confiança dos investidores, com alguma recuperação da economia. Tais expectativas não estão se confirmando. A gravidade da crise não favorece a paciência. A pressa ameaça a continuidade da racionalidade econômica adotada pela equipe do governo Temer, que se encontra diante de um dilema: se vetar a legislação gestada no Congresso, havida como contrária à Lava Jato, ficará sem base parlamentar. Caso sancione a lei havida como “salva ladrão” terá de enfrentar a fúria da sociedade, cujo sono foi desperto pelos exageros de um governo do qual o PMDB fazia parte e, embora não governasse, tem responsabilidade pelo apoio a ele dado.

Inobstante ser necessário impor limites ao abuso de autoridade praticado por grande parte dos integrantes da magistratura e do MP, neste momento o que está posto é a tentativa de salvar corruptos.

A parte do governo anterior que continua no poder não tem credibilidade diante dos brasileiros e enfrenta o ódio daqueles de quem eram sócios no Poder, que são peritos em vender ilusões, difamar, causar tumultos, enquanto se apresentam como “do bem”, apontando quem deles discorda como “do mal”.

Quem responsabilizava as dificuldades do seu governo como consequência de uma herança maldita de décadas longínquas, agora aponta todas as dificuldades como consequência de uns poucos meses de governo. É fácil vender ilusões, afirmar que os males da falta de recursos são escolha voluntária de gente “do mal”.

Pressionado pelo populismo demagógico; premido por Congresso preocupado em escapar da cadeia, Temer poderá vir a ser cognominado como “o breve”. Teríamos, então, eleição indireta no atual Congresso.

Felipe Mirando, ao descrever o fim do Brasil, estaria certo? A tempestade é perfeita.


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