O FIM DO BRASIL
Rui Martinho Rodrigues*
Felipe Miranda publicou um livro intitulado “O
fim do Brasil”. Previa uma recessão longa e profunda. Foi processado por quem o
acusava de tentar prejudicar a reeleição da presidente Dilma. Uma economista de
um banco disse algo assemelhado. Foi demitida por solicitação do ex-presidente
Lula. O desastre foi mais profundo e chegou mais cedo do que o anunciado.
A crise econômica se liga a um impasse
político cuja solução não está no horizonte. O nosso presidencialismo, havido
como imperial, revelou-se quase um parlamentarismo de fato. O Congresso só
pensa na Lava Jato. O presidente Temer é refém do Legislativo. A sociedade
tornou-se palco de movimentos corporativistas, aliados à cegueira ideológica e
ao projeto de poder desmascarado em Curitiba. A aliança assim formada ameaça
paralisar o Brasil.
A maioria silenciosa, cujo inércia foi
quebrada pelos escândalos que ruborizaram o Macunaíma, tem o mérito de não ser
organizada, porque organização significa dominação e manipulação. Mas o preço
desta liberdade e autenticidade é uma relativa impotência política, por
exclusão das instituições. Estas estão funcionando, mas sob o domínio de uma
maioria sem representatividade e preocupada em escapar da Lava Jato. A nova
oposição só pensa em reconquistar o poder a qualquer preço.
Esperava-se restabelecer a confiança dos
investidores, com alguma recuperação da economia. Tais expectativas não estão
se confirmando. A gravidade da crise não favorece a paciência. A pressa ameaça
a continuidade da racionalidade econômica adotada pela equipe do governo Temer,
que se encontra diante de um dilema: se vetar a legislação gestada no
Congresso, havida como contrária à Lava Jato, ficará sem base parlamentar. Caso
sancione a lei havida como “salva ladrão” terá de enfrentar a fúria da
sociedade, cujo sono foi desperto pelos exageros de um governo do qual o PMDB
fazia parte e, embora não governasse, tem responsabilidade pelo apoio a ele
dado.
Inobstante ser necessário impor limites ao
abuso de autoridade praticado por grande parte dos integrantes da magistratura
e do MP, neste momento o que está posto é a tentativa de salvar corruptos.
A parte do governo anterior que continua no
poder não tem credibilidade diante dos brasileiros e enfrenta o ódio daqueles
de quem eram sócios no Poder, que são peritos em vender ilusões, difamar,
causar tumultos, enquanto se apresentam como “do bem”, apontando quem deles
discorda como “do mal”.
Quem responsabilizava as dificuldades do seu
governo como consequência de uma herança maldita de décadas longínquas, agora
aponta todas as dificuldades como consequência de uns poucos meses de governo.
É fácil vender ilusões, afirmar que os males da falta de recursos são escolha voluntária
de gente “do mal”.
Pressionado pelo populismo demagógico; premido
por Congresso preocupado em escapar da cadeia, Temer poderá vir a ser
cognominado como “o breve”. Teríamos, então, eleição indireta no atual
Congresso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário