de Vianney Mesquita
Dimas Macedo*
O
gozo do signo é, talvez, o lugar mais alto para o qual aponta a ordem do
discurso. Os caminhos da linguagem são intricados e, por qualquer atalho,
terminamos sempre em um labirinto. O símbolo não liberta a linguagem do seu
absoluto, pois, antes, ele a transforma em prisioneiro do mistério.
Dois
planos de compreensão do mundo e do homem existem no campo da crítica
literária: o prazer da leitura e sua reconstituição e utilidade, tendo-se na
intuição e na sensibilidade do crítico seus elementos de maior alcance.
A
crítica é o gênero mais elevado de todas as formas de criação. É poética no
sentido aristotélico e nos usos que lhe foram dados pela invenção do ensaio e
pela dialética com que os códigos literários foram reabertos na Idade Moderna.
O
Poema, forma literária mais retrabalhada ou reconstituída no decurso da
história, somente chegou até nós, acredito, porque intuiu a perspectiva de sua
morfologia e da sua semântica, deixando para a Linguística seus elementos de
ordem sociológica.
O
exercício da crítica literária exige erudição e domínio do conhecimento de quem
se aventura pela sua seara, por sua sedução prazerosa e pluralidade de
sentidos. É defeso comparar-se a crítica aos comentários apressados e resenhas
corriqueiras de jornais e revistas.
A
produção da crítica exige do autor seu fervor analítico, a perspectiva
socioliterária, sua visão de conjuntura e formação no campo da cultura
artística, associada ao rigor do método.
Vianney
Mesquita, o autor de Nuntia Morata,
Fermento na Massa do Texto, O Termômetro de McLuhan e outros 12 trabalhos
editoriais em livro - sem contabilizar dezenas de artigos em revistas
científicas nacionais - é um dos melhores críticos literários que conheço.
Arquiteto a posteriori (aliás, título inteligente de
um dos seus volumes) da criação literária e mestre nos domínios da correção da
Língua e da Gramática, no Ceará, poucos a ele se igualam em erudição e
humildade diante das estruturas do texto.
Hermeneuta
da Literatura por imperativo da sua formação, o escritor palmaciano de Resgate de Ideias é um decifrador humorado
do texto literário e do escrito científico que desvela, pois lhe não faltam argúcia
e preparo para enfrentar os diversos códigos da Linguagem.
Postado
como escritor, Vianney Mesquita prima pela correção gramatical, mas é sagaz com
os recursos do seu golpe de vista, restaurando a precisão do método e a
analogia filosófica e científica da escritura por ele examinada, na qualidade
de copydesk experto de peças
acadêmicas, demandado que é por consulentes de várias instituições
universitárias do Brasil, Argentina, Paraguai e Portugal.
A
sobreleitura do escrito literário, sociológico ou científico, por ele
empreendida, está permeada de um fino lavor artesanal, revestida da melhor
recepção e rematada pela estética da síntese e da claridade, e tanto mais escandida
pelo gozo do signo e da pontuação.
De
tal modo, Nuntia Morata (2014), sua
nova coroa de ensaios, é a escansão melódica de seu estro, porque de música e
de estilo primoroso são costuradas suas intenções e remarcadas suas
entrelinhas.
Professor, Jurista, Jornalista, Poeta, Escritor
Da Academia Cearense de Letras
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