quinta-feira, 12 de junho de 2014

CRÔNICA (AG)

É HOJE!
Aluisio Gurgel*

Acordei com a boca seca. As palavras adquiriram vontade própria: se recusam a sair. Andar também se revela exercício de dificílima execução. Saio trôpego em direção à cozinha e descubro algo impensável: não sei mais deglutir.

Não bastasse isto, o coração quer correr para longe do peito o tempo todo enquanto me dirijo ao trabalho. Pelo caminho o trânsito flui de forma diferente, elétrico... É impressão minha ou as pessoas estão mais parecidas umas com as outras?

Alguém falou comigo há pouco e, confesso, não ouvi. Meu chefe me chamou e sequer me dei conta de não o haver atendido – o mais impressionante é ninguém estranhar este meu comportamento, este meu agir esquisito.

Me surpreendo olhando ao longe pela janela do edifício e sinto me acalmar a placidez do profundo céu de azul anil, decorado em brancas nuvens. Desço a vista às ruas e caio em mim: está tudo verde e amarelo... É hoje!


*Aluisio Gurgel do Amaral Jr
Juiz de Direito – Professor – Escritor
Titular da Cadeira de nº 14 da ACLJ

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