sexta-feira, 20 de junho de 2014

ARTIGO (RV) - LETRAS DE HINOS

Hinos de instituições e de países têm sempre letras ufanistas, com expressões de exagerada devoção, como um roteiro de videoclipe, com recortes sobre a história e o ambiente físico da entidade exaltada, bem como a valentia do universo humano que ela contém.

Esse esforço de colocar em alguns minutos de fala cantada todo o espírito de um determinado grupo humano, ou de determinada latitude do Planeta,  não raro produz uma espécie de “samba do crioulo doido”.

O hino da ACLJ, por exemplo, refere inicialmente à Grécia Antiga, berço da cultura clássica ocidental, de onde advém a palavra “academia” e o espírito acadêmico (Platão - 387 a.C.).
Em seguida o nosso hino alude ao iluminismo europeu, mais centralizado na França do Século XVIII, onde nasceram as primeiras confrarias literárias, e já faz um link para a Academia Cearense de Letras – a primeira do Brasil, concluindo o roteiro com o advento da ACLJ.
 

Os hinos nacionais, recorrentemente, falam em “inimigos”, muitos deles aludem à morte, ao sangue, ao medo, à vitória, à liberdade, cada um deles empenhado em destacar a valentia e as glórias do povo e as belezas do território, com inspiração nos conflitos da colonização, e no espírito da Revolução Francesa.

 

E a letra do hino brasileiro, composto pelo escritor e poeta fluminense Joaquim Osório Duque-Estrada, não foge a esse padrão. Vai abaixo a essência do que expressa o autor, desfeitas as inversões e gongorismos, exame oportuno nesse tempo de campeonato mundial no Brasil, em que a plateia nacional resolveu cantar à capela, até o fim, o nosso panegírico oficial.


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As mansas margens do Riacho Ipiranga ouviram o grito vibrante do nosso povo heroico (O grito “Independência ou Morte”, de D. Pedro I). E, naquele momento, o sol do Brasil brilhou no céu, simbolizando a liberdade. 

Se o Brasil conseguiu essa conquista, se igualando a Portugal, os brasileiros desafiam a própria morte, em defesa da liberdade do País. Um raio de amor e de esperança desceu à terra naquele instante, enquanto brilhava no céu a constelação do Cruzeiro do Sul. O futuro do Brasil será tão grande quanto o seu território (em oposição ao pequeno Portugal).

 A amada pátria Brasileira é uma boa mãe, e por isso ela é adorada pelos seus nacionais, mais que todas as outras nações do mundo. O Brasil brilha no centro da América, com sua bela natureza, seu mar e seu céu, iluminado pelo sol do novo continente americano. 

A natureza do Brasil é mais bonita do que a das outras nações, e a vida no Brasil desperta mais amor nas pessoas. A bandeira do Brasil, cheia de estrelas, é símbolo de amor eterno, e o seu verde-amarelo lembra as vitórias do passado, e indica paz para o futuro.

Mas se houver necessidade de fazer a guerra, os brasileiros não terão medo do inimigo, e lutarão. 




*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
  

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