quarta-feira, 4 de junho de 2014

ARTIGO (VM)

“JUS ESPERNIANDI” 
A DESORAS
Vianney Mesquita*

Em todos os tempos, os prudentes sempre venceram os audazes. (Pierre Jules Theophile Gauthier.*Tarbes, 31.08.1811; +Paris, 23.10.1872).


À boca pequena, têm curso no concerto dos diversos círculos sociais, bem assim nos veículos de propagação coletiva – máxime na rede mundial internet – rumores de que, no decorrer da Copa do Mundo, sucederão manifestações coletivas, tendo por leitmotiv reivindicações de grupos de várias bandeiras, insatisfeitos com o estado de coisas ora experimentado no País, relativamente à negação de certos direitos constitucionalmente garantidos, exigências não satisfeitas (conquanto prometidas) e insatisfações de natureza vária.

Alguns importantes motos paredistas, com profundos rebatimentos na normalidade vital da nossa Nação, incluindo a reverberação nas famílias e o desdobramento nas pessoas, já foram feridos em pontos nevrálgicos, como as capitais. Este constitui, sem dúvida, fato a transferir insegurança, até em tempo ordinário, jamais numa quadra em que a vigia do Mundo converge para nosso mapa, cuidadosa em todos os sentidos, esperando que o certame suceda consoante o figurino da paz e da concórdia, somente emoldurado por vibração e regozijo.

O ideal, como consentâneo, lógico e civilizado, assenta em os nacionais, mormente neste mês de exceção, ajustarmos fugazmente os procederes reivindicativos, no abrandamento do transporte patriótico e na redução do arrebatamento cidadão dirigido às instâncias por direitos negados, a despeito de insertos no Grande Documento, a fim de nos voltar, por enquanto, apenas para a conquista do hexacampeonato.

Tal se justifica até pelo fato de, conforme a experiência indica, resultarem impossíveis manifestações sob flâmulas brancas, sem que os depredadores bárbaros interfiram criminosamente e comprometam a cidadania e, ainda por cima, tragam chances de assestar as autoridades constituídas na direção do povo, como se seus inimigos sejam.

Ao nosso sentir, revela-se absolutamente indispensável conceder esse entreato na decisão de ir às ágoras – no que não se incluem as expressões silentes e engenhosas – o que significa proteger ajuntamentos ordeiros, famílias e pessoas do possível (muito provável) confronto com os responsáveis pela ordem, bem como asserir e defender o prestígio mundial do Brasil, ora como paredro de um megaevento internacional, bem assim na qualidade de Nação com emergência notória na contextura universal dos Estados modernos.

Decerto, ainda, e tal é excessivamente temerário, as autoridades nacionais têm em conta a máxima maquiavelista – Si vis pacem para bellum – e, com a máxima certeza, exercitarão suas obrigações de obstar os excessos e, assim, poderá suceder de também os cometer, possibilidade sobejamente inquietante.
        
Modus concludendi, parece diafanamente expressa, neste trintídio a se iniciar, efetivamente, no dia 13 de junho – cujas preliminares já ocorrem agora com a chegada das delegações – a necessidade de que se acalmem os brasileiros, pacientem-se por enquanto os ativistas, torçam os aficionados do futebol pelo conjunto pentacampeão – e os selvagens bárbaros ponham defensões na cabeça, pois se quiserem, não temos a menor dúvida, irão receber.

Modus omnibus in rebus!


*Vianney Mesquita 
 Docente da UFC 
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa  
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo 
Escritor e Jornalista

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