domingo, 5 de agosto de 2012

O BRASIL DOS SÁBIOS E DOS TOLOS

Há muitos brasis, dentro uns dos outros. Há o Brasil dos bairros e o Brasil das favelas – ou dos condomínios e das comunidades.


Há o Brasil estagnado e tranquilo dos servidores públicos, e o agitado Brasil mercadológico da iniciativa privada e das atividades liberais.

Há o Brasil dos trabalhadores honestos e esforçados, socialmente sadio, e o Brasil dos sociopatas, que abrange desde os pichadores de muros aos políticos corruptos e empreiteiros antiéticos, passando pelos assaltantes de bancos e bandidos em geral.

Há o Brasil ideológico dos inconformados com o regime político e com o sistema de governo, a favor do trabalhismo e contrário ao capital, e os que não enxergam alternativa ideal ao capitalismo e à democracia de direita – ainda que geralmente lhe reconheçam os cacoetes.

O Brasil urbano e o Brasil rural ainda existem, mas do ponto de vista humano já não se distinguem muito, pois tanto em um quanto em outro se dividem as outras classes – a dos pobres e a dos ricos, funcionários e autônomos, fazendeiros esforçados e sem-terras preguiçosos, e vice-versa – camponeses idôneos e agroempresários desonestos.

Mas a divisão mais dramática do Brasil é entre os esclarecidos, que têm discernimento político, e a massa dos ignorantes, que votam irracionalmente pela propaganda eleitoral.  

O nosso grande problema é que no Brasil essa classe de néscios é muito mais numerosa que a dos eleitores lúcidos, que não se deixam levar por manobras políticas mentirosas.


Por essa razão a qualidade dos homens públicos brasileiros está cada vez mais degradada. Elegem-se aventureiros, palhaços, alienados, palavrosos, messiânicos que, quando chegam ao poder protegem os seus interesses e o dos seus financiadores, mantendo sua base eleitoral apenas jogando milho aos pombos.

Quase não se elegem mais os verdadeiros estadistas, os administradores preparados, os grandes parlamentares, os que usariam os cargos para exercer espírito público.

São eleitos facilmente os que têm espaço na TV, e que usam esse espaço para magnetizar os ignaros. Colocam-se na propaganda eletrônica como se fossem sabonetes, oferecidos às massas incultas que a mídia hipnotiza.  

Aliás, o mesmo processo ocorre com a pseudoarte, e com a arte de má qualidade, produzida por gente sem talento algum, mitificada e vendida às multidões de tolos por falsos produtores de arte, e por marqueteiros sem caráter.

A ACLJ acaba de receber do acadêmico Fernando César Mesquita um DVD produzido pelo Senado Federal que registra os grandes momentos do Parlamento brasileiro, nas últimas décadas.


Observando o nível dos parlamentares do passado se pode perceber que a qualidade do legislativo vem mesmo sofrendo uma grande decadência. A grande constatação é de que, no Brasil, não se fazem mais políticos como se faziam antigamente.   

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