quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FIM DA GREVE FEDERAL


Lúcido e corajoso parecer do Professor Rui Martinho Rodrigues, da Universidade Federal do Ceará, Presidente desta ACLJ, prestado aos seus colegas, a respeito da greve da categoria profissional a que pertencem.



“Caros colegas,

Devo sopesar alguns aspectos pertinentes ao presente debate sobre o movimento paredista da nossa catogoria:

1) Estamos discutindo uma modalidade muito especial de greve, que ocorre em serviço público. Diferente da greve numa empresa privada, o nosso tipo de greve não atinge a figura do "patrão". O prejudiciado é a sociedade.

2) O serviço público presume-se essencial, ou não seria público. Por isso, não pode haver solução de continuidade em serviços desta natureza, exigindo-se que uma parcela do serviço seja mantida.


Nós, professores, nunca seguimos este preceito, sendo difícil imaginar como seria isso. Quantas aulas seriam ministradas como parte a ser mantida? Qual a parcela do programa a ser ministrada? A porcentagem seria numa mesma turma? Ou seriam mantidas as aulas em uma porcentagem das turmas?

3) O "patrão", no caso do serviço público, nem sempre se mostra sensível ao interesse da sociedade, não se sentindo pressionado pelo movimento paredista. 

Manter uma greve que prejudica os interesses da sociedade, na esperança de que o "patrão" irá recuar, por condoer-se pela sociedade, pode ser uma percepção muito equivocada para professores. Pensar que o desgaste político será do governo é outra esperança que se pode classificar, minimamente, como duvidosa.

A sociedade poderá voltar-se contra nós, até por saber que em meio aos interesses da categoria profissional e do ensino, insinuam-se interesses de ordem político-partidária.

4) Do exposto, parece-nos que o instrumento greve, quando se trate de serviço público, especialmente na área do ensino, deva ser usado com grande parcimônia.

E o que seria ser parcimonioso neste momento, relativamente à nossa greve? Certamente não seria uso parcimonioso da greve continuá-la, a despeito da intransigência do governo, da fragilização da categoria resultante da competição interna pelo controle do sindicato e da posição adversa dos meios de comunição.

Pouco importa - para a sociedade e para a categoria - as pendengas menores entre os grupos político-partidários”.

Rui Martinho Rodrigues



                   

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