terça-feira, 15 de junho de 2021

ARTIGO - Segredo de Polichinelo (RV)

 SEGREDOS
DE POLICHINELO
Reginaldo Vasconcelos*


 

É possível enganar alguns durante todo o tempo e enganar todos durante algum tempo. Mas não se pode enganar todos, durante todo o tempo”. (Frase timbrada pelo pensador evangélico francês Jacques Abbadie – 1654-1727, popularizada pelo Presidente norte-americano Abraham Lincoln – 1809-1865).


Mundo afora não se sabe exatamente o que se passa no Brasil – até entre os que pensam que sabem – mas dentro das nossas fronteiras geográficas ninguém mais está enganado sobre a realidade nacional. 

Todos conhecemos hoje o caráter dos personagens da vida pública brasileira, seu passado, sua sanha, suas taras, porque as “redes sociais” eletrônicas rasgaram os véus ilusionistas. Nada escapa às gambiarras da Internet – câmaras e microfones por toda parte, escancarando a veracidade dos fatos e detonando as ficções facciosas.


A imprensa profissional ainda se agarra ao velho mito de que seja “formadora de opinião”, e os institutos de pesquisa seguem tentando manipular as estatísticas – melancolicamente – porque as evidências se impõem e as desmentem inteiramente. 

Aliás, caíram por terra aquela tese nazista de que a mentira repetida toma foros de verdade, e os métodos gramiscianos que adotam a prestidigitação psicológica. A mistificação não cola mais.      

Assim, tanto os da esquerda quanto os da direita, e mesmo os ditos “isentões”, todos sabemos de tudo, temos plena sabença dos fatos – os falsos juízes, os desmoralizados paladinos da moral, os concupiscentes políticos, os ladravazes da República. Porém, cada ala constrói ou elege a “narrativa” que prefere defender e propalar. 

Sim, o Presidente é disruptivo: conservador, militarista, falastrão, aloprado – e todo bolsonarista sabe disso. Abre o flanco, não engana. Fala o que vem à cabeça, faz aposta bíblica na verdade nua e crua. 

Lembra aquele personagem cômico do ator Luiz Fernando Guimarães, o qual vivia metido em conflitos pela compulsão de ser sincero, por não conseguir praticar a mentira delicada, elegante, caridosa, utilitária.

Mas Bolsonaro não é corrupto, não é ladrão, não é fascista, nem misógino, nem autoritário, muito menos racista, nem mesmo homofóbico – e todo esquerdista sabe disso, embora se mantenha propalando o contrário. Às favas com a verdade!

Ora, o homem foi vítima de um atentado tenebroso, e, eleito Presidente da República, não moveu uma palha para alcançar os covardes mandantes (que todos sabem quem são), ou trucidar o tresloucado executor.

O problema é que a verdade é invencível, inexpugnável, irresistível, inconfundível, soberana. Ela vem a furo, vem à tona, prevalece ao fim e ao cabo – principalmente nestes tempos devassados pelas mídias cibernéticas. Tudo está exposto nas vidraças do mundo. É ocioso mentir. É impossível enganar.



COMENTÁRIO

Aquela famosa afirmação de e Nietzsche, em um fragmento de 1887, de que “não existem fatos, apenas interpretações”, foi mote de releituras de “tanto faz” ou de “liberou geral” dos dias de hoje. No fim, é uma estratégia de desvalorização dos fatos em prol de interesses pessoais e por isso devemos nos perguntar criticamente quem são e como o fazem, estes que assumiram para si a tarefa de controlar a veracidade dos discursos dos outros, lembrando de Arendt, Derrida e Miles.

 Codorno


    

Um comentário:

  1. Concordo, Reginaldo, aquela famosa afirmação de e Nietzsche, em um fragmento de 1887, de que “não existem fatos, apenas interpretações”, foi mote de releituras de “tanto faz” ou de “liberou geral” dos dias de hoje. No fim, é uma estratégia de desvalorização dos fatos em prol de interesses pessoais e por isso devemos nos perguntar criticamente quem são e como o fazem, estes que assumiram para si a tarefa de controlar a veracidade dos discursos dos outros, lembrando de Arendt, Derrida e Miles.

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