REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(24.06.2021)
O grupo virtualmente reunido abordou as dificuldades da administração das entidades culturais, razão pela qual muitas delas duram pouco – a propósito do que José Augusto Bezerra relatou os esforços que empreendeu à frente do Instituto do Ceará e da Academia Cearense de Letras, ambos já presididos por ele, as mais longevas casas de letras do Estado.
José Augusto relembrou do apoio financeiro que essas instituições, sob sua gestão, receberam de grandes empresários cearenses – notadamente Seu Ivens Dias Branco e Chanceler Airton Queiroz, saudosos mecenas das letras cearenses, ambos Membros Beneméritos da ACLJ.
Comentou-se depois e se lamentou a redução drásticas dos clubes sociais de Fortaleza, dos quais, antes dezenas, restam o Náutico Atlético Cearense, o Ideal Clube e o Iate Clube – tidos desde sempre como os mais "elegantes" da Cidade.
Também se comentou com tristeza não mais existir em Fortaleza nenhuma das suas tradicionais "Peixadas", que eram situadas na Av. Beira Mar, e que eram um grande atrativo turístico e gastronômico da Cidade – a última delas a mais antiga, a Peixada do Alfredo, que fechou recentemente, sucumbindo à pandemia.
Eram restaurantes especializados em frutos do mar, da velha culinária dos pescadores do Mucuripe, tendo como carro chefe as caldeiradas de postas de peixe e opcionalmente camarões, acompanhadas de arroz e pirão, prato que no Ceará adquiriu o nome de "peixada", palavra que também deu nome aos restaurantes.
PERFORMANCES LITERÁRIAS
A propósito do tema das Peixadas da Av. Beira Mar, Reginaldo Vasconcelos leu uma pequena crônica de sua autoria, intitulada "Rebentação", que fez publicar em seu livro "O Passado Não Passa", em 2005, abaixo reproduzida.
REBENTAÇÃO
Outro dia, fim de tarde, vou ao restaurante à Beira Mar e tomo um caldo fumegante, identificando em cada nota de sabor uma cor marinha, um trecho de praia virgem, um bloco de coral das profundezas, uma abrolho de arrecifes. Nos olhos da mulher que me acompanha, amor eterno.
Da sopa evola-se quente maresia, a cada colherada, marulhando a colher por sobre ondas de sabor, entre sargaços de temperos, rebentação deliciosa e salgadia.
Tudo contrasta com o leve dulçor de um chope bock: sutil linha de doçura entre amargores, acre buquê, textura negra, morena espuma. Brindamos ao peixe que foi imolado para aquele ritual. Depois, um bom charuto, para incensar a lua que desponta.
Que vida dura!
Apresentou também José Augusto o belo colar com que ele mesmo foi distinguido pela Academia Portuguesa da História, cuja sede fica no Palácio dos Lilases, Alameda das Linhas de Torres, em Lisboa. Essa honraria lhe foi prestada em reconhecimento de sua grande importância nas letras do idioma luso, como fundador e presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos.
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