terça-feira, 9 de março de 2021

NOTA ACADÊMICA - Sarau Virtual da ACLJ (08.03.2021)

 SARAU VIRTUAL DA ACLJ
(08.03.2021)

   

A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) promovia, nas noites de terça-feira, na casa de bebidas finas Embaixada da Cachaça, um poetry slam, consistente em um pequeno sarau de poesias, prosa poética e performances musicais acústicas ao vivo, segundo uma prática que começou nos EUA e se difundiu pelo Planeta.


   
Mas essa rotina cultural saudável foi interrompida pela pandemia de Covid-19, e então o grupo de habitués passou a se reunir virtualmente nas noites de segunda-feira, em que acadêmicos, artistas, intelectuais e poetas em geral, frequentadores daquele reduto boêmio e cultural, matam a saudade e mitigam a carência de convívio, mantendo em atividade a ACLJ, apesar do isolamento social obrigatório.




PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, 13 participantes. Compareceram ao grupo virtual  Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, Professor Doutor Rui Martinho Rodrigues, o Professor e Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Engenheiro, comerciante e Blogueiro Altino Farias, o Professor e Físico Wagner Coelho, o Engenheiro e antigo Oficial de Marinha Humberto Ellery. 
 
Compareceram também  o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, o Marchand Sávio Queiroz Costa, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, Juiz de Direito Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Bibliófilo José Augusto Bezerra, o Professor e Pesquisador em agronomia Luiz Rego de Morais Filho, e o Advogado e Professor Cândido Albuquerque, Magnífico Reitor da UFC.  

Justificou ausência  por compromissos profissionais; a Atriz, Psicoterapeuta, Escritora e Poetisa Karla Karenina, que se encontra em São Paulo



TEMA DE ABERTURA

O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos dizendo um poema do poeta romeno Mihai Eminescu,  traduzido para o português pelo nosso confrade Luciano Maia, que foi musicado e gravado pelo sambista brasileiro Martinho da Vila, intitulado "Dentre Centenas de Mastros".




Depois de receber as boas-vindas, após várias semanas em que não pode comparecer às reuniões virtuais da ACLJ, que suspendeu as sessões até que tivesse notícia da sua recuperação de Covid-19, o acadêmico Edmar Ribeiro recitou o poema "Leda Serenidade Deleitosa", de Luiz Vaz de Camões. 

ASSUNTOS ABORDADOS
 
Falou-se sobre cinema, notadamente a peça cinegráfica brasileira "A Cidade Invisível",  do produtor Carlos Saldanha,  que faz um contraponto entre a modernidade e a tradição, misturando folclore brasileiro com suspense. 

O assunto foi trazido pelo Acadêmico Luiz Rego, que reside no Estado do Rio, e quis saber sobre quem são as grandes autoridades atuais em folclore nordestino, no resgate das histórias infantis. 

José Augusto Bezerra lembrou que o confrade Lúcio Alcântara, atual presidente da Academia Cearense de Letras, nutre interesse por esse tema do folclore, e Arnaldo Santos informou que o Professor Gilmar de Carvalho é o maior experto local em literatura de cordel, xilogravura e reisados.   

A conversa derivou para o problema do politicamente correto exacerbado, com participação de Reginaldo Vasconcelos e Cândido Albuquerque, notadamente na tentativa de se censurar obra infantil do escritor Monteiro Lobato.

Ele foi inquinado de racismo há alguns anos, quando, em seu tempo, sua obra fabular, na verdade, era antirracista, pois quando o contexto cultural era adverso ele criou uma doméstica negra que era tratada de tia pelas crianças brancas da família, descrita como pessoa de elevada qualidade moral, xingada por uma boneca mau-caráter e doidivanas que ela mesma confeccionara com tecido.

Adriano Vasconcelos lembrou o absurdo do que se está denominando "capacitismo", um conceito novo para condenar quem procure ajudar deficientes, sem lhes consultar se querem ajuda. Wagner Coelho, por seu turno, pontuou sobre uma tese modernosa americana que tenta provar e conclui que a matemática é racista.

Finalmente falou-se no problema das bibliotecas e as viúvas, que muitas vezes vendem as obras literárias reunidas ao longo da vida pelos maridos intelectuais, logo após a sua morte, ou, pior ainda, relegam os livros a um quarto de despejo e permitem que eles se degradem, como aconteceu com o acervo precioso do Barão de Studart, salvado em parte pelo Prefeito Raimundo Girão e restaurado por iniciativa do confrade José Augusto Bezerra, quando presidiu o Instituto do Ceará.

Falou-se finalmente sobre a fidelidade que as peças dramatúrgicas guardam, notadamente as cinegráficas, em relação às obras literárias que pretendem reproduzir  abordando-se o caso específico da série Memorial de Maria Moura, realizada pela TV Globo, que não agradou a autora Rachel de Queiroz contrastando com o caso do Auto da Compadecida, cujo autor Ariano Suassuna apreciou. 

José Augusto Bezerra, que é o guardião oficial do acervo documental da Rachel de Queiroz, pontuou que ela elogiou o esforço que os atores desprenderam na execução do vídeo, mas pareceu-lhe ter fugido à ambiência regional que ela imprimiu à trama e aos personagens, vividos por atores sudestinos. 

Cândido Albuquerque pontuou com o fenômeno de que cada leitor constrói na mente à sua maneira o cenário e o clima que o autor delineou em sua obra, imaginação que nem sempre coincide com o quatro pictórico imaginário que o próprio escritor quer descrever, sendo portanto muito difícil que, ao transferir a trama para outra linguagem gráfica, as imagens vão coincidir perfeitamente.  

Ao final Sávio Queiroz apresentou documentos epistolares recebidos por sua saudosa mãe ao longo da vida, Dona Wanda Queiroz Costa (1928-2011), que foi braço direito do seu irmão Edson Queiroz na presidência do grupo empresarial que ele fundou, e foi grande incentivadora das artes no Ceará. 

Mensagens recebidas de personalidades do Estado  cartões, missivas, peças preciosas da memória familiar que Sávio guarda com desvelo, que muito oportunamente apresentou como homenagem às mulheres, no dia que lhes é internacionalmente consagrado.   

DEDICATÓRIA

A sessão virtual da ACLJ realizada nesta segunda-feira, dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, foi dedicada a duas grandes representantes da classe feminina cearense.

A essa classe pertencem as mães e as sogras de nós todos, as nossas filhas e esposas, as nossas confreiras e amigas, o heroico pelotão de médicas e enfermeiras que trabalham na linha de frente contra a Covid-19.

As homenageadas da vez são, in memoriam, a Executiva do Grupo Edson Queiroz, Dona Wanda Queiroz Costa, e a Jornalista e Escritora Rachel de Queiroz, ambas lembradas com admiração e carinho ao longo desse colóquio virtual.

 


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